Ibovespa: dia promete ser de cautela devido às eleições dos EUA e Copom (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 10h47.
Todas as atenções se voltam nesta terça-feira, 5, para a eleição nos Estados Unidos, marcada por uma grande incerteza sobre quem levará a cadeira presidencial à Casa Branca: Kamala Harris ou Donald Trump. Em meio a um clima agitado, o mercado mostra cautela. Por aqui, tanto Ibovespa como dólar operam próximo à estabilidade.
Soma-se ao clima de atenção, a questão fiscal no Brasil, além da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). "Está tudo meio no zero a zero para saber o que vem de proposta sobre os corte de gastos pelo governo brasileiro e o qual vai ser o resultado nos EUA", Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo.
Com isso, a bolsa deve operar de lado, com investidores realizando um pouco de lucros - mas tudo pode mudar caso o governo anuncie o pacote de medidas.
Praticamente todas as pesquisas e projeções mais recentes mostram um empate técnico entre os candidatos. Segundo o agregador de pesquisa, Real Clear Politics, Kamala aparece com 48,7%, enquanto Trump com 48,6% (às 10h30).
Já o agregador de pesquisas 538 mostrou Kamala com 48% dos votos e Trump, 46,9%, ao considerar os eleitores do país todo (dados de segunda-feira, 4, às 15h). Essa diferença, ao redor de 2%, tem se mantido desde o começo de agosto, quando a democrata assumiu a candidatura, mas tem encolhido nas últimas semanas.
E como peças-chaves que podem ditar o rumo das eleições, todas as atenções se voltam para os swing states (estados-decisivos) onde o resultado ainda é indefinido e pode ditar quem ocupará a cadeira na Casa Branca.
Nos últimos dias, a EXAME divulgou pesquisas exclusivas, feitas pelo instituto Ideia, sobre a disputa nos estados-chave.
Entretanto, é quase certeza que o novo presidente (ou presidenta) não será conhecido hoje, devido a demora do sistema de contagem de votos por lá.
Por aqui, começa hoje a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado aguarda que o Banco Central (BC) opte por acelerar o ritmo de ajuste para 0,50 pontos percentuais (p.p.), de 0,25 p.p. na reunião anterior, levando a taxa Selic para 11,25% a.a.
Para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), uma combinação de fatores como a atividade econômica resiliente, o mercado de trabalho robusto, a inflação de 12 meses acima do limite superior, as expectativas de inflação desancoradas e um ambiente externo adverso devem levar o BC a tomar essa decisão.
Outro foco dos investidores é o - ainda - risco fiscal. O mercado se preocupa com a demora do governo em anunciar um pacote de corte de gastos. Ontem, o cancelamento da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), à Europa colaborou para o dia mais “bem-humorado”, com a bolsa recuperando os 130 mil pontos e o dólar recuando 1,48% para R$ 5,783.
O político desmarcou sua ida a pedido do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a piora do sentimento do mercado em relação ao risco fiscal do Brasil.
Durante a tarde, Haddad e os ministros Esther Dweck (Gestão), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho) e Camilo Santana (Educação) participaram de uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Lula, que durou pouco mais de três horas.
Rondava no mercado a informação que o pacote poderia ser anunciado ontem mesmo. Entretanto, a reunião terminou sem anúncios. O Ministério da Fazenda informou, em nota, que “o quadro fiscal do país foi apresentado e compreendido, assim como as propostas em discussão”. A pasta, entretanto, não detalhou medidas ou quando o pacote de corte de gastos será apresentado.
Segundo a Fazenda, outros ministérios serão chamados pela Casa Civil nesta terça-feira, 5, para que também possam opinar e contribuir com o debate sobre a necessidade de um ajuste fiscal para cortar despesas. As incertezas em relação ao fiscal do Brasil podem gerar volatilidade na sessão de hoje.
O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.
Até o dia 1º de novembro (sexta-feira), o horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, e o after market entre 17h30 e 18h. As negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.
Já a partir do dia 4 de novembro (segunda-feira), o fechamento da bolsa ocorrerá uma hora mais tarde. As negociações serão das 10h às 18h, seguindo o horário de verão dos Estados Unidos, com o after market operando das 18h25 às 18h45. O horário da pré-abertura e do início seguem iguais.