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Emissões de debêntures somam R$ 205 bi até setembro e batem recorde

Houve avanço de 26,5% na comparação com o acumulado no mesmo período de 2021

Debêntures: Emissões somam R$ 205 bilhões de janeiro a setembro, mais da metade do total (Divulgação/Shutterstock)

Debêntures: Emissões somam R$ 205 bilhões de janeiro a setembro, mais da metade do total (Divulgação/Shutterstock)

As emissões de debêntures seguem em ritmo de crescimento acelerado neste ano e bateram recorde histórico para o período até o terceiro trimestre. O volume de emissões de debêntures nesse período somou R$ 205 bilhões, um avanço de 26,5% na comparação com o acumulado no mesmo período de 2021.  Os dados foram divulgados nesta manhã pela Anbima.

No total, foram 351 emissões de debêntures - número que deve seguir crescendo ao longo de 2022. Somente nas últimas duas semanas empresas como CSN, Americanas, Guararapes (dona da Riachuelo) e Smartfit aprovaram novas emissões, numa soma que supera R$ 3 bilhões.  

O volume total no mercado de capitais doméstico ficou em R$ 402 bilhões, com as debêntures respondendo por mais da metade desse valor. Em variação, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) foram os produtos de maior ascensão no ano, com altas de 112,6% e 50,1%, respectivamente.

Como observa o vice-presidente da Anbima e presidente do Fórum de Mercado de Capitais, José Eduardo Laloni, é natural que as emissões de renda fixa se destaquem no ambiente de juros mais altos. O mercado de renda variável, por exemplo, está em ritmo mais lento devido ao ambiente macroeconômico. Os IPOs (ofertas públicas inicias) sumiram e o volume de emissão de ações caiu 58%.

Por que as empresas estão emitindo debêntures? 

Com o mercado de renda variável mais pressionado, a renda fixa entrou mais no radar dos investidores.

"Continuamos a ver profundidade do mercado e com prazo. Mesmo num ambiente de Selic momentaneamente num patamar alto, o prazo ficou acima de 6 anos", observa Laloni. "Mercado de debêntures funcionou muito bem com esse patamar de juros. Spread de juros abriu muito pouco", acrescenta.

Mas para além do apetite dos investidores, há também o interesse das empresas em melhorar seu balanço financeiro. Das 351 emissões de debêntures, 75 foram a partir de R$ 1 bilhão e 41,4% afirmaram que os recursos serão destinados ao aumento de capital de giro.

"As trocas de dívidas ficaram mais frequentes porque muitas empresas emitiram debêntures para aproveitar a queda dos juros, com a Selic caindo 2% ao ano em 2020. Os juros estavam muito baixos e era fácil captar. As condições pioraram, e conforme a dívida vai vencendo, as companhias precisam renovar suas dívidas", observa Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

Segundo Lucas Muraguchi, diretor de Administração Fiduciária na Ouro Preto Investimentos, os bancos também estão mais rigorosos na concessão de crédito devido ao aumento dos juros básicos. Assim, as empresas vêm buscando formas alternativas de se financiar. "Com as debêntures, estas empresas detêm o poder de estabelecer as próprias condições de sua captação de capital."

E entre as razões para a emissão, não está apenas refinanciamento de dívida. "Não dá para colocar tudo no mesmo saco", diz Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos. Segundo ele, empresas com situação financeira mais delicada e emitindo debêntures para reestruturação de capital. Outras empresas veem oportunidade de aproveitar boas taxas. Algumas companhias estão emitindo para fazer investimentos.

Ricardo Carvalho, diretor de finanças corporativas da agência de classificação de risco Fitch Ratings no Brasil, diz que a maioria das empresas da carteira da Fitch entrará 2023 com adequada estrutura de capital, apoiada por alavancagem baixa ou moderada, saudáveis reservas de caixa e limitada exposição a refinanciamento.  "A oferta de crédito no mercado doméstico segue favorável, representando boa alternativa ao mercado internacional, que continua restrito, dada a alta aversão a risco decorrente do conflito na Ucrânia e do aperto monetário dos Estados Unidos e da Europa". 

 

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