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É possível se proteger da inflação com ações? Sim. Entenda como

Existem companhias da bolsa que conseguem blindar seus papéis da alta generalizada de preços da economia

Investidores mais arrojados podem complementar a estratégia de proteção investindo em renda variável (Berkah/Getty Images)

Investidores mais arrojados podem complementar a estratégia de proteção investindo em renda variável (Berkah/Getty Images)

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Beatriz Quesada

Publicado em 16 de julho de 2021 às 06h00.

A inflação tem atingido não só o bolso do brasileiro, mas também sua carteira de investimentos. Parte do rendimento acaba sendo corroído pela inflação, que deve fechar 2021 em 6,11% – bem acima da meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central. O mercado espera que a alta generalizada de preços seja temporária, mas a inflação deve continuar pressionada ao menos até o final do próximo ano.

Nesse meio tempo, o investidor precisa adaptar o portfólio para se proteger. A alternativa mais segura e mais recomendada por analistas é apostar no Tesouro IPCA+ (NTN-B), título do governo indexado à inflação. Investidores mais arrojados, no entanto, podem complementar a estratégia de proteção investindo também em renda variável.

Isso porque algumas companhias têm sua receita atrelada à variação da inflação. O exemplo mais citado por analistas é o das empresas transmissoras de energia elétrica, cujos contratos são reajustados seguindo índices de inflação, como o IPCA

“É um segmento que trabalha com contratos pré-estabelecidos que são reajustados automaticamente. Existe, claro, o risco contratual com a contraparte, que é o governo. Mas vemos que os acordos têm sido cumpridos”, explica Luis Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos. Como destaques do setor, o gestor aponta os papéis da Transmissão Paulista (TRPL4) e da Taesa (TAEE11), que, a propósito, não são afetadas pela crise hídrica como as geradoras.

Companhias de saneamento e de concessão de rodovias também se beneficiam de contratos indexados à inflação. Papéis como Ecorodovias (ECOR3), Copasa (CSMG3) e Sanepar (SAPR11) são boas opções dentro deste setor, segundo o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila. “São setores naturalmente protegidos por hedge contra a inflação, pois eles cobram taxas sobre transações vinculadas”, afirma.

Outra opção seria apostar em empresas cujas receitas estão atreladas às commodities. “São companhias que estão se beneficiando do ciclo de alta global nos preços e se beneficiam disso. A Petrobras (PETR3/PETR4), por exemplo, tem poder de precificação e consegue repassar a alta do preço do petróleo para o consumidor final”, destaca Aline Tavares, analista de ações da Spiti.

Na última semana, a petroleira aumentou os preços dos combustíveis – a primeira alta da gestão Silva e Luna. Vale lembrar, no entanto, que a companhia tem um histórico de segurar os preços por ordem do governo, fator que está sempre no radar dos acionistas.

A Vale (VALE3), por outro lado, não tem esse problema é a ação preferida dos analistas quando o assunto são commodities. “Para além da proteção contra a inflação, a Vale está em ótimo momento, com forte geração de caixa e boa distribuição de dividendos”, ressalta Tavares.

Especialistas alertam, no entanto, que o investimento em ações não deve ser a única (nem a principal) estratégia para proteger a carteira da inflação. “A bolsa tem algum hedge contra a inflação, mas no curto prazo ela está muito sujeita à volatilidade. Então, o investidor está tomando um risco bem maior quando ele tenta se proteger da inflação via ações”, explica Marcos Mollica, gestor e sócio do Opportunity.

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