Milton Maluhy, CEO do Itaú Unibanco (Flora Pimentel/Divulgação)
Beatriz Quesada
Publicado em 8 de fevereiro de 2023 às 10h59.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2023 às 15h22.
O patamar da taxa básica de juros está no centro de um debate que coloca o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de um lado e, do outro, o Banco Central e seu presidente, Roberto Campos Neto. Lula tem criticado a autarquia desde meados de janeiro, mas as farpas ganharam força desde semana passada, quando o presidente fez duras críticas à independência da autarquia, que chamou de “bobagem”.
O resultado foi um clima de incerteza no mercado e volatilidade na bolsa. As farpas, no entanto, não devem mudar as perspectivas para a trajetória da Selic ao longo de 2023, na avaliação de Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, maior banco privado do País.
A expectativa do banco é de que a Selic seja reduzida dos atuais 13,75% ao ano para 12,50% ao ano ao final de 2023, com cortes apenas a partir do segundo semestre.
O CEO admite, no entanto, que o burburinho tem causado incertezas, que, por sua vez, pressionam a curva de juros futura. “A falta de definição [sobre a meta da inflação, por exemplo] gera uma desancoragem natural das expectativas. O mercado antecipa essa inflação, o que traz mais dificuldade para que o BC tome decisões [de reduzir os juros]”, afirmou.
“O debate sobre as metas é natural, é do jogo. Em um País democrático, com os poderes bem definidos, é normal que existam visões diferentes sobre o andar da economia”, afirmou em coletiva com jornalistas nesta manhã sobre o balanço do Itaú divulgado na véspera.
A avaliação do Itaú é de que o governo tem dado boas sinalizações por meio da equipe econômica e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas ainda faltam medidas concretas para “tirar o ruído da curva de juros”.
O Itaú, segundo o CEO, tem estado em contato próximo com a equipe de Haddad e as conversas têm sido positivas. A grande expectativa é pela apresentação do novo arcabouço fiscal que deve ser apresentado pelo governo para substituir o Teto de Gastos. A nova regra para as contas públicas deve ser divulgada em abril.