Donald Trump: candidato republicano vence eleições presidenciais e voltará à Casa Branca pós quatro anos (Charly Triballeau/AFP)
Repórter
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 10h26.
Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 10h48.
As bolsas americanas devem se beneficiar de cortes de gastos e de uma regulação mais flexível com o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Essa é a avaliação de Mathieu Racheter, head de análise de ações da Julius Baer, multifamily office suíço com cerca de US$ 500 bilhões sob gestão.
A vitória do candidato republicano foi confirmada nesta quarta-feira, 6. O partido de Donald Trump também conquistou o Senado americano. Os votos para a Câmara dos Estados Unidos continuam sendo contados, mas há uma chance real de os republicanos ficarem com as duas casas, além da presidência.
"Esperamos uma reação inicial positiva do mercado [ao resultado presidencial]. Isso se baseia nas perspectivas de uma provável extensão do Tax Cuts and Jobs Act e de uma regulação mais flexível, o que impulsionaria o crescimento econômico nos EUA", afirmou Racheter em relatório.
O Tax Cuts and Jobs Act é uma lei de reforma tributária aprovada nos Estados Unidos em dezembro de 2017, durante o governo de Donald Trump. Ela trouxe mudanças significativas no sistema tributário norte-americano, com o objetivo principal de reduzir impostos para empresas e indivíduos, além de simplificar algumas partes do código tributário.
Essas medidas, acompanhadas de gastos fiscais mais altos, segundo o analista, deverão impulsionar o crescimento econômico em 2025. A previsão da casa é de que o PIB poderá crescer 2,4% no próximo ano, ante a projeção anterior de 2,1%. Esse cenário econômico mais forte deverá também se traduzir em maiores lucros para as empresas da bolsa americana.
"A melhor perspectiva de crescimento econômico em um cenário de vitória total de Trump deve dar um impulso adicional aos setores cíclicos, como industriais e empresas de médio porte de qualidade, que estão entre nossos favoritos para se posicionar na recuperação cíclica do crescimento global", afirma Racheter.
Ele ainda pontua que bancos, petróleo e gás, e ações de defesa devem se beneficiar das preferências políticas de Trump.
O que pode colocar a tese em xeque, segundo Racheter, é o aumento de tarifas que Donald Trump prometeu aplicar a produtos importados.
"Estudos recentes mostram que uma implementação total das tarifas discutidas na campanha impactaria negativamente os lucros do S&P 500 em 3,8 pontos percentuais em 2025", diz Racheter.
Nesse cenário, ele pontua que ações europeias e chinesas sofreriam um impacto ainda mais severo. "Recomendamos manter os investimentos em ações dos EUA, que receberiam um impulso adicional em um cenário de vitória total de Trump em comparação com seus pares europeus."