Risco de saída da Grécia da zona do euro contribuiu para a mudança na análise (Yannis Behrakis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2012 às 06h12.
São Paulo – O Ibovespa voltou ao campo negativo com a queda de terça-feira e já acumula uma desvalorização de 9% apenas em maio. O desempenho chama a atenção de quem busca por barganhas em momentos como esse, mas nunca é tarde para lembrar que a situação pode sempre piorar. É nisso que acredita a equipe de estratégia de mercado do Santander.
Para os analistas, sob o ponto de vista de valor a bolsa até parece relativamente barata em termos históricos e dado os níveis do juro real. Contudo, eles ressaltam que o “prêmio de risco cobrado pelo mercado não deverá se diluir e permitir a expansão dos múltiplos no curto prazo”, explicam em um relatório publicado nesta semana.
O banco reduziu a recomendação de exposição em renda variável de alocação acima da média (overweight) para neutra. “O Ibovespa opera em uma região importante de suporte, representada pela média móvel de 200 dias, demonstrando uma vulnerabilidade técnica que se acentua em meio a tantas incertezas”, explicam.
Contexto
A equipe composta por Jayme Paulo Carvalho Junior, Rafael Nascimento Bisinha, Arthur Yukio Sinzato, Patrícia Dalarme Vicentin e Rodrigo Borges de Almeida, ressalta que o aumento das incertezas no cenário global, principalmente com a perda de apoio ao discurso da austeridade fiscal na Europa, contribuiu para a mudança nas estimativas.
“O evento de maior destaque foi o resultado das eleições gregas e o impasse nas discussões para a formação de um novo governo de coalizão. Isso reacendeu o debate sobre a saída do país da Zona do Euro e suas implicações em termos de contágio sobre as economias mais vulneráveis”, dizem.
Com isso, novas eleições serão realizadas em junho. A indefinição sobre os rumos elevou a chance de uma possível saída da zona do euro. Em reunião realizada ontem, a chanceler alemã Angela Merkel disse que deseja a permanência da Grécia no grupo da moeda única.
China e Brasil
A percepção de uma desaceleração na China também se soma aos riscos. O Banco Central da China cortou a taxa de depósito dos bancos do país em 0,5 ponto percentual no último final de semana. Agora, os bancos passam a ter que recolher 20% dos depósitos junto ao Banco Popular da China. O corte, contudo, foi visto como “tímido” pelo Santander.
“No âmbito local, algumas medidas adotadas pelas autoridades têm influenciado negativamente a percepção sobre o mix de política econômica brasileira. Além disso, ainda vemos desaceleração na margem e não devem haver eventos no curto prazo capazes de gerar revisões para cima nas projeções dos lucros das empresas”, ressaltam.