(Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 20 de setembro de 2024 às 16h56.
A bolsa brasileira registrou a saída de R$ 656,5 milhões de capital externo na última quarta-feira, 18, marcada pelas decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. O montante representa quase a metade dos R$ 1,382 bilhão que os investidores estrangeiros haviam retirado no mês. No dia, o Ibovespa, principal índice da B3, caiu 0,9%.
O início do ciclo de queda de juros nos Estados Unidos vinha sendo apontado por gestores como um potencial gatilho para a entrada de investimentos em países emergentes, com maior liquidez no mundo e menor competição com a renda fixa americana. Mas a história, pelo menos no primeiro capítulo, tem sido diferente.
Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed) cortou sua taxa de referência em 50 pontos-base, para o intervalo entre 4,75% e 5%. No mesmo dia, o
A bolsa brasileira registrou a saída de R$ 656,5 milhões de capital externo na última quarta-feira, 18, marcada pelas decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. O montante representa quase a metade dos R$ 1,382 bilhão que os investidores estrangeiros haviam retirado no mês. No dia, o Ibovespa, principal índice da B3, caiu 0,9%.
O início do ciclo de queda de juros nos Estados Unidos vinha sendo apontado por gestores como um potencial gatilho para a entrada de investimentos em países emergentes, com maior liquidez no mundo e menor competição com a renda fixa americana. Mas a história, pelo menos no primeiro capítulo, tem sido diferente.
Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed) cortou sua taxa de referência em 50 pontos-base, para o intervalo entre 4,75% e 5%. No mesmo dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou um ciclo de alta de juros no Brasil, elevando a Selic em 25 pontos-base, para 10,75%.
Apesar de algum otimismo com a bolsa brasileira, o Goldman Sachs aponta em relatório que períodos em que os juros sobem no Brasil e caem nos Estados Unidos costumam ser acompanhados de um aumento dos prêmios de risco no mercado brasileiro. "Com preocupações em torno do âncora fiscal, em média, as ações brasileiras caíram 15% em um período de 6 meses nesse cenário", diz o banco em relatório.
As preocupações, no entanto, vão além do fator histórico. A magnitude da queda de juros, embora aguardada por parte do mercado, foi questionada por economistas que esperavam uma redução mais branda. A preocupação central é o risco de recessão.
Para parte do mercado, a queda mais acentuada no início do ciclo de cortes poderia ser um indicativo de que o Fed está enxergando riscos mais graves à atividade econômica do que os investidores. No entanto, o próprio presidente do Fed, Jerome Powell, tratou de afastar essas preocupações, afirmando que a economia está crescendo em um ritmo sólido.
As expectativas do mercado, no entanto, ainda são de que o Fed manterá o ritmo de corte de 50 bps na próxima reunião. Nesta sexta-feira, a aposta por um novo corte de mesma magnitude voltou a ganhar força, após Christopher Waller, um dos diretores do Fed, afirmar à CNBC que a inflação está caindo "muito mais rápido" do que ele esperava. Isso, segundo Waller, o coloca numa posição favorável a um corte de 50 pontos-base.
"Alguns interpretaram o corte de 50 pontos-base como evidência de que o Fed pode estar atrasado. O presidente Powell afirmou que esse não era o caso, e os dados parecem corroborar essa afirmação. No entanto, não se pode descartar completamente o risco de que o longo e variável atraso da política restritiva ainda não tenha se manifestado totalmente", disse Jim Cielinski, diretor global de renda da Janus Henderson.
O diretor da Janus Henderson alerta, no entanto, que em um cenário de pouso forçado, "cortar taxas deixaria de ser um luxo e se tornaria uma tábua de salvação para conter o declínio de investimentos e consumo". "Essa cascata de eventos marcaria o fim da expansão pós-pandêmica."