Inteligência Artificial

Qualcomm e Mistral fecham parceria para impulsionar IA que roda sem nuvem

As empresas imaginam um futuro onde IAs funcionam com algoritmos compactos e privados, e que rodam diretamente nos smartphones e carros

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André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 18h27.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 18h32.

MAUI, HAVAÍ - No Snapdragon Summit, evento anual da Qualcomm que ocorre no Havaí, a grande novidade foi a aposta na inteligência artificial on-device — ou seja, a IA que roda diretamente nos dispositivos, sem depender de servidores em nuvem. Essa tecnologia promete mais privacidade, rapidez e personalização para os usuários de smartphones, carros e até câmeras de segurança. Para acelerar essa mudança que tem um impacto significativo no custo energético da IA, a Qualcomm elegeu a Mistral AI, uma startup francesa, como parceiro-chave.

Durga Malladi, vice-presidente sênior da Qualcomm, destacou o impacto dessa evolução na vida dos consumidores. Segundo ele, a IA nos dispositivos vai substituir os métodos tradicionais de interação, como toques e digitação, por interfaces guiadas por agentes inteligentes. "Essa nova geração de tecnologia tornará a experiência mais fluida e altamente personalizada".

Para Mistral, a missão é trazer modelos de linguagem que consigam rodar de forma satisfatória e sem depender de recursos mais robustos de nuvem. Fundada em 2023, a empresa já levantou 600 milhões de euros em novos financiamentos e foi avaliada em quase 6 bilhões de euros. Entre seus apoiadores estão gigantes como Microsoft, Nvidia, Salesforce e Samsung, além de investidores renomados como Andreessen Horowitz e General Catalyst.

A startup indica ter um caminho. O anúncio mais recente da Mistral AI é o lançamento do modelo Mistral 3B, que possui apenas 3 bilhões de parâmetros, mas foi projetado para rodar em dispositivos móveis, como smartphones e sistemas automotivos equipados com a plataforma Snapdragon, como explica Marjorie Janiewicz, chefe de receita global da Mistral AI.

"Esse novo modelo faz parte de uma tendência maior de desenvolvimento de modelos de IA menores e mais eficientes, que podem ser implantados em dispositivos de baixo consumo de energia sem comprometer o desempenho", disse Marjorie.

Do Vale do Silício à Europa: a ascensão da Mistral AI

A Mistral AI vem se destacando por desafiar grandes empresas de tecnologia como OpenAI e Google. Arthur Mensch, CEO da Mistral AI, afirmou que a empresa está "revolucionando o modelo de negócios da OpenAI".

Segundo ele, a Mistral provou que é possível criar modelos de IA menores e mais econômicos sem os enormes orçamentos de gigantes da tecnologia. "Nos disseram que este é um mercado que nunca passaria por rupturas. Mostramos que isso não é verdade", disse Mensch.

Com um total de 1 bilhão de euros em capital, a Mistral AI planeja expandir sua atuação globalmente, com o objetivo de se tornar uma concorrente de peso no setor. Seus fundadores, que anteriormente trabalharam em empresas como Google DeepMind e Meta, estão focados em desenvolver modelos que ofereçam soluções personalizadas e de alta qualidade para fabricantes de dispositivos e desenvolvedores de software.

Além de smartphones, a Qualcomm e a Mistral AI estão levando essa inteligência artificial compacta para outros setores, como o automotivo. A plataforma Snapdragon Ride Elite, voltada para veículos, permitirá que carros inteligentes utilizem IA para tarefas críticas, como análise de imagens e dados de sensores, sem depender de conexões à internet.

O Qualcomm AI Hub, plataforma que centraliza o acesso a modelos otimizados para chips Snapdragon, será um ponto de acesso fundamental para desenvolvedores que queiram aproveitar as inovações da Mistral AI. Com essa parceria, Qualcomm e Mistral estão criando um ecossistema que permitirá a criação de novos aplicativos de IA com performance superior e menor consumo de energia.

O repórter viajou a convite da Qualcomm.

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