Inteligência Artificial

ONU adota inteligência artificial em projeto de paz para o Oriente Médio

A organização convocou uma startup eslovaca que promete equilibrar os interesses nos tratados de paz usando IA

Onu: inteligência artificial para resolver conflitos (Leandro Fonseca/Exame)

Onu: inteligência artificial para resolver conflitos (Leandro Fonseca/Exame)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 23 de outubro de 2023 às 10h11.

Última atualização em 30 de outubro de 2023 às 18h08.

Na busca por soluções inovadoras para conflitos globais, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) firmou parceria com a startup eslovaca CulturePulse com o objetivo de utilizar inteligência artificial para desvendar aspectos críticos do conflito entre Israel e Palestina. A colaboração envolve um projeto-piloto de cinco meses, focado no desenvolvimento de modelos computacionais que analisam as dinâmicas entre Israel-Palestina, visando promover estabilidade na região através dos discursos de paz.

Com pesquisas iniciadas em agosto, o projeto foi anunciado em 10 de outubro, logo após ataques do grupo Hamas ao estado judaico. Nomeado como Palestine-Israel Virtual Outlook Tool (PIVOT), o projeto pretende testar intervenções através de simulações digitais antes de aplicá-las no mundo real.

Sob a liderança do CEO da CulturePulse, Justin Lane, e do Professor LeRon Shults do Instituto de Desenvolvimento Global e Planejamento Social, a empresa alega ser a primeira iniciativa desse tipo com a Organização das Nações Unidas.

Apesar dos terríveis desdobramentos e baixas em ambos os lados do conflito, incluindo centenas de mortes de civis, a empresa defende que é possível rastrear um padrão de comportamento, principalmente nos grupos mais extremistas, e que a IA saberia equilibrar as tratativas entre os lados, principalmente no texto das discussões de paz, sem fazer com que os grupos se sintam preteridos.

Com isso, a CulturePulse acredita que, combinados com estudos de extremistas políticos e religiosos e perfis psicológicos de organizações paramilitares e militares, seja possível eliminar problemas aparentemente insolúveis, como o conflito Israel-Palestina, mapeando as mentalidades dos antagonistas.

Em uma apresentação do projeto à ONU, Lane afirmou que o sistema desenvolvido é capaz de discernir crenças individuais em comparação com seu grupo social, fornecendo insights sobre a identidade pessoal e sua partilha social. Segundo ele, a "fusão de identidade" dos extremistas com a ideologia ocorre quando alguém está tão vinculado a um grupo social que está disposto a lutar e morrer por ele.

A CulturePulse já havia colaborado com a Universidade de Cambridge para desenvolver modelos de IA que simulam e analisam condições sociais em torno do conflito e paz na Irlanda do Norte, além de buscar resoluções para conflitos nos Bálcãs e abordar a crise de refugiados sírios.

O projeto apresenta um caminho inovador ao mapear gatilhos comportamentais e oferecer rotas alternativas para abordagens de paz e negociação, incorporando economia e diferentes aspectos da negociação, contornando ideias que poderiam desencadear em mais desentendimento.

Acompanhe tudo sobre:ONUConflito árabe-israelenseInteligência artificial

Mais de Inteligência Artificial

Elon Musk busca investidores do Oriente Médio para valorizar a xAI

Microsoft prevê receita anual de IA em US$ 10 bilhões, a mais rápida da história da empresa

Investimento de US$ 13 bi da Microsoft na OpenAI teve impacto negativo de US$ 683 milhões no balanço

Meta AI ultrapassa 500 milhões de usuários e impulsiona tempo de uso no Facebook e Instagram