Logo Exame.com
ESG

Orizon ganha upgrades com avanço de negócio de biometano e créditos de carbono

Com avanço na estratégia de valorização de resíduos, Itaú BBA e XP elevam preço-alvo e veem potencial de alta de 40% sobre preço de tela

Ecoparque da Orizon, em Paulínia: Pioneiro na geração de biometano, substituto do gás natural (Leandro Fonseca/Exame)
Ecoparque da Orizon, em Paulínia: Pioneiro na geração de biometano, substituto do gás natural (Leandro Fonseca/Exame)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 27 de maio de 2024 às 14:42.

Última atualização em 28 de maio de 2024 às 09:53.

Um mês após o Itaú BBA elevar suas projeções, foi a vez de a XP aumentar o preço-alvo para as ações da Orizon, de R$ 47 para R$ 56 – um potencial de alta de 40% em relação ao preço de tela.

Por trás do otimismo com a empresa, está o potencial de crescimento em aterros sanitários – um setor fragmentado e que tem um vento de cauda regulatório, com a previsão do fim dos lixões a céu aberto –, mas principalmente a sua estratégia de gerar mais valor a partir dos resíduos.

Desde o começo do ano passado, a Orizon já fechou três joint ventures para produzir biometano a partir do biogás que é subproduto da decomposição do lixo, por meio de uma subsidiária, a BioE.

O combustível é um substituto perfeito para o gás natural e emite muito menos dióxido de carbono – um apelo cada vez mais atrativo em meio aos planos de descarbonização da indústria e dos transportes.

“Converter o biogás gerado nos aterros sanitários em biometano tem se mostrado um excelente investimento para a Orizon”, afirmou a equipe da XP em relatório publicado hoje pela manhã. “As margens são mais atraentes e demanda por esse combustível é alta.”

Nas contas de preço-alvo da corretora, estão apenas as três joint ventures em biometano que já estão em desenvolvimento. A primeira delas, em Paulínia, já está em operação.

Ela abriu caminho para uma JV com a Compass, do grupo Cosan, que começa a operar no próximo ano, com capacidade de 180 mil metros cúbicos diários.

Uma outra parceria veio com a Gás Verde, no ecoparques de Nova Iguaçu e São Gonçalo, que deve começar em 2026 e também produzir 180 mil metros cúbicos diários.

A XP aposta que a companhia vai expandir a produção de biometano para seus outros aterros sanitários. Em nove deles – João Pessoa, Barra Mansa, Sergipe, Itapevi, Maceió, Tremembé, Itaboraí, Santa Luzia e Juazeiro – já há infraestrutura de gasodutos próxima para escoá-lo.

Nos três ecoparques restantes (Porto Velho, Aparecida de Goiânia e Cuiabá), uma eventual produção de biometano pode ser escoada por caminhões, na forma de gás comprimido ou liquefeito.

Os custos associados, nesse caso, são maiores – mas ainda assim a XP aposta que prêmios e os custos elevados as alternativas fósseis, possam viabilizar a produção.

“Principal avenida de crescimento, a BioE é uma oportunidade transformacional”, escrevem os analistas Vladimir Pinto e Maíra Maldonado.

Em seus cálculos, se produzir biometano em todos os aterros sanitários, a Orizon pode adicionar mais R$ 549 milhões em EBITDA adicional por ano. No ano passado, o EBITDA total da companhia, considerando todas as linhas de negócio, foi de R$ 313 milhões.

O investimento necessário seria na casa de R$ 1,3 bilhão. A empresa tem operado por parcerias em joint ventures, o que reduz a necessidade de capex.

Tanto Itaú (que tem preço-alvo de R$ 55,62 para o fim de 2024) quanto XP veem a Orizon bem posicionada para crescer em aterros sanitários, seja recebendo mais resíduos nos seus ecoparques com o fechamento de lixões adjacentes, seja com a aquisição de outros aterros – estratégia que vem implementando desde o IPO, em 2021.

Outra opcionalidade importante vista por ambas as instituições é a comercialização de créditos de carbono. Aguardada desde a abertura de capital, essa via de receita acabou demorando mais que o esperado para vingar, devido à demora das principais certificadoras, inundadas de pedidos de diversas empresas, para dar aval aos projetos.

Isso começou a mudar no começo deste ano, com o aval da Gold Standard para os créditos gerados para o ecoparque de João Pessoa. A expectativa é que pelo menos outros três projetos sejam certificados este ano.

Nas contas do BTG, que tem preço-alvo de R$ 50 por ação, se os créditos deslancharem e forem vendidos a US$ 6 por tonelada, como vem sendo sinalizado pela empresa, o preço-alvo poderia subir 20% – ou mais R$ 10.

A XP aponta ainda como potencial via de crescimento a comercialização de fertilizantes verdes, produzidos a partir do lodo resultante do tratamento de esgoto.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Continua após a publicidade
Na assinatura do acordo entre mineradoras e governos, um recado para Londres

Na assinatura do acordo entre mineradoras e governos, um recado para Londres

Com nova planta, Suzano projeta queda de 'um dígito alto' em custo em 2025

Com nova planta, Suzano projeta queda de 'um dígito alto' em custo em 2025