(Reprodução/Reprodução)
Especialista em criptoativos
Publicado em 11 de agosto de 2024 às 11h00.
O tombo das ações japonesas e o aumento do risco de recessão nos Estados Unidos contaminaram o mercado cripto esta semana. Vimos o bitcoin derreter 17% na última segunda-feira, 5 e altcoins perderem até metade do seu valor em meio ao caos das bolsas.
O Índice de Medo e Ganância, que mede o humor do mercado, chegou a marcar 17 na terça-feira (6) depois de ter registrado 57 na semana anterior.
Em momentos como esse, entendemos à força como o cenário macroeconômico tem um impacto gigantesco sobre os preços dos ativos digitais.
A relevância do macro na dinâmica de preços se une a uma série de outros fatores que os investidores precisam considerar se desejam lucrar.
As criptomoedas já são intrinsecamente voláteis, por se tratarem de tecnologias muito novas, e nesta coluna vamos investigar mais a fundo outros 9 motivos que podem contribuir para um ativo subir ou descer de preço.
Esse conceito é o básico do básico. Como em qualquer mercado, a lei da oferta e demanda é um fator primordial na determinação do preço dos ativos digitais.
Podemos ver a lei da oferta e da demanda atuando em itens comuns do nosso dia a dia, como comida, imóveis e energia, por exemplo.
Lembram na pandemia como o preço do álcool gel foi às alturas?
A demanda era gigantesca, porque todo mundo queria se proteger do vírus, mas a capacidade de produção da indústria não acompanhou. O produto chegou a dobrar de preço durante a crise sanitária.
Trazendo o conceito para a criptoesfera, vamos usar o bitcoin como exemplo. A moeda tem um limite máximo de 21 milhões de unidades, definido no momento em que foi criada. Essa escassez programada pode criar pressão de alta nos preços à medida que a demanda aumenta.
A demanda pelo ativo, por sua vez, pode ser influenciada por questões como sua utilidade percebida, especulação e adoção institucional, entre outros aspectos.
As decisões regulatórias e políticas governamentais têm um impacto crítico no vaivém dos preços, podendo tanto impulsionar quanto reprimir o mercado.
Este ano, tivemos a aprovação do ETF à vista de bitcoin. A decisão inédita da SEC, a comissão de valores mobiliários norte-americana, foi vista como um divisor de águas na história dos ativos digitais. Antes mesmo do anúncio da decisão, que aconteceu em 10 de janeiro, a simples expectativa positiva do mercado em torno do “sim” para o ETF já havia impulsionado o preço do ativo.
E por que isso é importante? Porque o ETF de bitcoin à vista traz o ativo para um terreno regulamentado e impulsiona a adoção institucional, que entra com capital pesado no mercado cripto.
As melhorias tecnológicas e atualizações de protocolo podem aumentar a utilidade e a eficiência de uma criptomoeda, impactando positivamente o seu valor.
Vejam só. De acordo com levantamento da Bitwise, o ecossistema da Ethereum, por exemplo, multiplicou nove vezes seu número de usuários ativos diários nos últimos quatro anos. A demanda crescente foi impulsionada, em especial, pelas soluções de escalabilidade da rede, como Base, Arbitrum, Polygon e Optimism.
Os dados mostram que, no primeiro trimestre de 2020, o ecossistema tinha uma média diária de 250 mil usuários ativos, sendo a maior parte na camada principal, ou camada 1, da rede. Essa média diária saltou para mais de 2 milhões no primeiro trimestre de 2024, graças à operação das segundas camadas.
Em relação ao bitcoin, uma atualização marcante da rede foi a SegWit, em agosto de 2017. Ela possibilitou o surgimento de soluções também de escalabilidade, como o Lightning Network, que tornou as transações muito mais rápidas e baratas.
Ao melhorar as tecnologias e as redes, as transações são facilitadas, reduzindo as barreiras de entrada. Assim, mais usuários tendem a adotar o ativo digital aprimorado, sua rede se torna mais valiosa e útil, aumentando a demanda e elevando o preço.
A oferta circulante é o número de moedas disponíveis no mercado para negociação. Um fornecimento circulante maior pode levar a preços mais baixos, já que coloca mais moedas em circulação.
A oferta não circulante indica ativos indisponíveis, a princípio, para negociação. Isso significa que eles podem estar reservados para o desenvolvimento do projeto, time, marketing, travados em contratos inteligentes ou em staking, por exemplo.
Quando a demanda por um ativo é baixa e a oferta circulante aumenta, o preço tende a cair. Enquanto isso, quando a demanda cresce e o fornecimento circulante é limitado, o preço tende a subir.
Toda essa dinâmica deve ser observada de perto pelo investidor.
Por exemplo: suponhamos que você se interessou por uma cripto com o fornecimento circulante muito menor do que o não circulante. Precisa entender que, quando esses ativos bloqueados finalmente forem liberados ao mercado, vai existir uma pressão vendedora. Por isso, o ideal é acompanhar o calendário de liberação de tokens antes de tomar qualquer decisão. Um site indicado para isso é o Token Unlocks.
Tokenomics é o nome dado ao modelo econômico e à estrutura de uma criptomoeda. Isso inclui fatores como utilidade, oferta, distribuição e sistemas de governança.
Por que isso é importante? Porque a oferta total de um ativo e a taxa de emissão de novas criptos impactam fortemente o preço.
Ativos como o bitcoin têm oferta limitada, neste caso em 21 milhões de unidades, como falamos há pouco. Segundo a Bitbo, agregador de dados blockchain, foram mineradas até o momento em que escrevo 19.787.750 bitcoin, o equivalente a 94.227% do total.
Outras criptomoedas têm limites próprios de ofertas e há também aquelas que não têm limite.
Uma oferta fixa ou uma taxa de emissão decrescente com o tempo pode criar escassez e impulsionar o preço, especialmente se a demanda se mantiver ou crescer.
São dois fatores críticos de impacto nos preços. O mercado é extremamente emocional. Você pode até entender que a dinâmica do sucesso em cripto consiste em comprar na baixa e vender na alta.
No entanto, assim que o investidor enfrenta uma forte queda, seu psicológico fica abalado e colocar a dinâmica em prática é desafiador. “Vejo uma cripto derreter metade do seu preço e eu devo comprar? Como assim?” Soa contraintuitivo e arriscado. Por isso, na hora do pânico, muitos acabam se desfazendo de suas criptos por medo, fazendo o ativo despencar.
Na alta, a mente também prega peças. Quando um ativo começa a engatar uma crescente, surge o que chamamos de FOMO ou medo de ficar de fora. Os investidores ficam eufóricos e saem comprando para não “perder a oportunidade”, jogando os preços lá para cima.
No mundo conectado, somos bombardeados de informações. Quando um hype é gerado pela mídia pode levar os investidores ao FOMO, termo que expliquei acima, elevando no curto prazo os preços.
Campanhas de marketing também têm grande força, principalmente hoje com o poder das redes sociais. Plataformas como o Twitter, por exemplo, podem ser usadas para aumentar a conscientização sobre um determinado projeto e, caso o esforço seja bem-sucedido, conseguem atrair novos investidores e usuários, resultando em uma elevação do preço do ativo.
O contrário também acontece. Problemas como ataques de hackers e fragilidades nas redes ganham ainda mais destaque, podendo manchar a reputação dos projetos envolvidos e, consequentemente, derrubar o preço da cripto.
No cenário atual, os eventos macro têm contribuído com força para a volatilidade. Como falei na abertura da coluna, o caos na bolsa de Tóquio derrubou o mercado cripto, aliado ao medo crescente de uma recessão nos EUA.
Do lado geopolítico, podemos mencionar a recente estremecida da criptoesfera com a invasão da Rússia à Ucrânia. O bitcoin chegou a cair quase 10% após o anúncio da invasão, com fortes quedas também em altcoins como o ether.
Eventos desses tipos acabam impactando os preços de maneiras inesperadas.
Existem diversas maneiras de manipular as criptomoedas, especialmente partindo daqueles que possuem grandes quantidades de determinados ativos. A capacidade desses indivíduos ou entidades de mover grandes volumes pode ter um impacto significativo nos preços, especialmente em mercados menos líquidos.
Entre as práticas comuns está o Pump and Dump, ações coordenadas de compras em grande escala com o objetivo de inflar o preço artificialmente (pump), para atrair investidores menores, e então vender suas posições (dump), derrubando o mercado.
Outros tipos de manipulação são o Wash Trading, que consiste em fazer compras e vendas simultâneas para criar uma falsa impressão de atividade de mercado, e o Spoofing, quando são colocadas grandes ordens de compra ou venda sem a intenção de executá-las, apenas para influenciar outros traders.
Bom, na coluna de hoje abordamos nove aspectos, mas existem outros que podem e devem ser adicionados à lista. O trabalho de casa agora é fazer a sua própria pesquisa e complementar a minha seleção.
Se você chegou até aqui, entendeu que dominar o mercado cripto vai além de acompanhar preços: exige uma análise profunda dos fatores que moldam cada movimento. Na criptoesfera, quem entende a complexidade por trás das oscilações tem a chance de transformar incertezas em oportunidades reais.
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