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O que pode derrubar o preço de uma criptomoeda?

E o que pode elevar? Um investidor de sucesso precisa entender esses 9 fatores que influenciam altas e baixas no mercado de ativos digitais; confira

 (Reprodução/Reprodução)

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Felippe Percigo
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 11 de agosto de 2024 às 11h00.

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O tombo das ações japonesas e o aumento do risco de recessão nos Estados Unidos contaminaram o mercado cripto esta semana. Vimos o bitcoin derreter 17% na última segunda-feira, 5 e altcoins perderem até metade do seu valor em meio ao caos das bolsas.

O Índice de Medo e Ganância, que mede o humor do mercado, chegou a marcar 17 na terça-feira (6) depois de ter registrado 57 na semana anterior.

Em momentos como esse, entendemos à força como o cenário macroeconômico tem um impacto gigantesco sobre os preços dos ativos digitais.

A relevância do macro na dinâmica de preços se une a uma série de outros fatores que os investidores precisam considerar se desejam lucrar.

As criptomoedas já são intrinsecamente voláteis, por se tratarem de tecnologias muito novas, e nesta coluna vamos investigar mais a fundo outros 9 motivos que podem contribuir para um ativo subir ou descer de preço.

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9 razões que influenciam a oscilação das criptomoedas

Oferta e Demanda

Esse conceito é o básico do básico. Como em qualquer mercado, a lei da oferta e demanda é um fator primordial na determinação do preço dos ativos digitais.

Podemos ver a lei da oferta e da demanda atuando em itens comuns do nosso dia a dia, como comida, imóveis e energia, por exemplo.

Lembram na pandemia como o preço do álcool gel foi às alturas?

A demanda era gigantesca, porque todo mundo queria se proteger do vírus, mas a capacidade de produção da indústria não acompanhou. O produto chegou a dobrar de preço durante a crise sanitária.

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Trazendo o conceito para a criptoesfera, vamos usar o bitcoin como exemplo. A moeda tem um limite máximo de 21 milhões de unidades, definido no momento em que foi criada. Essa escassez programada pode criar pressão de alta nos preços à medida que a demanda aumenta.

A demanda pelo ativo, por sua vez, pode ser influenciada por questões como sua utilidade percebida, especulação e adoção institucional, entre outros aspectos.

Regulamentação e políticas governamentais

As decisões regulatórias e políticas governamentais têm um impacto crítico no vaivém dos preços, podendo tanto impulsionar quanto reprimir o mercado.

Este ano, tivemos a aprovação do ETF à vista de bitcoin. A decisão inédita da SEC, a comissão de valores mobiliários norte-americana, foi vista como um divisor de águas na história dos ativos digitais. Antes mesmo do anúncio da decisão, que aconteceu em 10 de janeiro, a simples expectativa positiva do mercado em torno do “sim” para o ETF já havia impulsionado o preço do ativo.

E por que isso é importante? Porque o ETF de bitcoin à vista traz o ativo para um terreno regulamentado e impulsiona a adoção institucional, que entra com capital pesado no mercado cripto.

Avanços tecnológicos e atualizações de rede

As melhorias tecnológicas e atualizações de protocolo podem aumentar a utilidade e a eficiência de uma criptomoeda, impactando positivamente o seu valor.

Vejam só. De acordo com levantamento da Bitwise, o ecossistema da Ethereum, por exemplo, multiplicou nove vezes seu número de usuários ativos diários nos últimos quatro anos. A demanda crescente foi impulsionada, em especial, pelas soluções de escalabilidade da rede, como Base, Arbitrum, Polygon e Optimism.

Os dados mostram que, no primeiro trimestre de 2020, o ecossistema tinha uma média diária de 250 mil usuários ativos, sendo a maior parte na camada principal, ou camada 1, da rede. Essa média diária saltou para mais de 2 milhões no primeiro trimestre de 2024, graças à operação das segundas camadas.

Em relação ao bitcoin, uma atualização marcante da rede foi a SegWit, em agosto de 2017. Ela possibilitou o surgimento de soluções também de escalabilidade, como o Lightning Network, que tornou as transações muito mais rápidas e baratas.

Ao melhorar as tecnologias e as redes, as transações são facilitadas, reduzindo as barreiras de entrada. Assim, mais usuários tendem a adotar o ativo digital aprimorado, sua rede se torna mais valiosa e útil, aumentando a demanda e elevando o preço.

Oferta circulante e não circulante

A oferta circulante é o número de moedas disponíveis no mercado para negociação. Um fornecimento circulante maior pode levar a preços mais baixos, já que coloca mais moedas em circulação.

A oferta não circulante indica ativos indisponíveis, a princípio, para negociação. Isso significa que eles podem estar reservados para o desenvolvimento do projeto, time, marketing, travados em contratos inteligentes ou em staking, por exemplo.

Quando a demanda por um ativo é baixa e a oferta circulante aumenta, o preço tende a cair. Enquanto isso, quando a demanda cresce e o fornecimento circulante é limitado, o preço tende a subir.

Toda essa dinâmica deve ser observada de perto pelo investidor.

Por exemplo: suponhamos que você se interessou por uma cripto com o fornecimento circulante muito menor do que o não circulante. Precisa entender que, quando esses ativos bloqueados finalmente forem liberados ao mercado, vai existir uma pressão vendedora. Por isso, o ideal é acompanhar o calendário de liberação de tokens antes de tomar qualquer decisão. Um site indicado para isso é o Token Unlocks.

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Emissão e Tokenomics

Tokenomics é o nome dado ao modelo econômico e à estrutura de uma criptomoeda. Isso inclui fatores como utilidade, oferta, distribuição e sistemas de governança.

Por que isso é importante? Porque a oferta total de um ativo e a taxa de emissão de novas criptos impactam fortemente o preço.

Ativos como o bitcoin têm oferta limitada, neste caso em 21 milhões de unidades, como falamos há pouco. Segundo a Bitbo, agregador de dados blockchain, foram mineradas até o momento em que escrevo 19.787.750 bitcoin, o equivalente a 94.227% do total.

Outras criptomoedas têm limites próprios de ofertas e há também aquelas que não têm limite.

Uma oferta fixa ou uma taxa de emissão decrescente com o tempo pode criar escassez e impulsionar o preço, especialmente se a demanda se mantiver ou crescer.

Sentimento do mercado e psicologia do investidor

São dois fatores críticos de impacto nos preços. O mercado é extremamente emocional. Você pode até entender que a dinâmica do sucesso em cripto consiste em comprar na baixa e vender na alta.

No entanto, assim que o investidor enfrenta uma forte queda, seu psicológico fica abalado e colocar a dinâmica em prática é desafiador. “Vejo uma cripto derreter metade do seu preço e eu devo comprar? Como assim?” Soa contraintuitivo e arriscado. Por isso, na hora do pânico, muitos acabam se desfazendo de suas criptos por medo, fazendo o ativo despencar.

Na alta, a mente também prega peças. Quando um ativo começa a engatar uma crescente, surge o que chamamos de FOMO ou medo de ficar de fora. Os investidores ficam eufóricos e saem comprando para não “perder a oportunidade”, jogando os preços lá para cima.

Marketing, mídia e redes sociais

No mundo conectado, somos bombardeados de informações. Quando um hype é gerado pela mídia pode levar os investidores ao FOMO, termo que expliquei acima, elevando no curto prazo os preços.

Campanhas de marketing também têm grande força, principalmente hoje com o poder das redes sociais. Plataformas como o Twitter, por exemplo, podem ser usadas para aumentar a conscientização sobre um determinado projeto e, caso o esforço seja bem-sucedido, conseguem atrair novos investidores e usuários, resultando em uma elevação do preço do ativo.

O contrário também acontece. Problemas como ataques de hackers e fragilidades nas redes ganham ainda mais destaque, podendo manchar a reputação dos projetos envolvidos e, consequentemente, derrubar o preço da cripto.

Eventos macroeconômicos e geopolíticos

No cenário atual, os eventos macro têm contribuído com força para a volatilidade. Como falei na abertura da coluna, o caos na bolsa de Tóquio derrubou o mercado cripto, aliado ao medo crescente de uma recessão nos EUA.

Do lado geopolítico, podemos mencionar a recente estremecida da criptoesfera com a invasão da Rússia à Ucrânia. O bitcoin chegou a cair quase 10% após o anúncio da invasão, com fortes quedas também em altcoins como o ether.

Eventos desses tipos acabam impactando os preços de maneiras inesperadas.

Manipulação

Existem diversas maneiras de manipular as criptomoedas, especialmente partindo daqueles que possuem grandes quantidades de determinados ativos. A capacidade desses indivíduos ou entidades de mover grandes volumes pode ter um impacto significativo nos preços, especialmente em mercados menos líquidos.

Entre as práticas comuns está o Pump and Dump, ações coordenadas de compras em grande escala com o objetivo de inflar o preço artificialmente (pump), para atrair investidores menores, e então vender suas posições (dump), derrubando o mercado.

Outros tipos de manipulação são o Wash Trading, que consiste em fazer compras e vendas simultâneas para criar uma falsa impressão de atividade de mercado, e o Spoofing, quando são colocadas grandes ordens de compra ou venda sem a intenção de executá-las, apenas para influenciar outros traders.

Bom, na coluna de hoje abordamos nove aspectos, mas existem outros que podem e devem ser adicionados à lista. O trabalho de casa agora é fazer a sua própria pesquisa e complementar a minha seleção.

Se você chegou até aqui, entendeu que dominar o mercado cripto vai além de acompanhar preços: exige uma análise profunda dos fatores que moldam cada movimento. Na criptoesfera, quem entende a complexidade por trás das oscilações tem a chance de transformar incertezas em oportunidades reais.

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