Projeto combina investimentos em cripto com cidadania portuguesa (Leandro Fonseca/Exame)
Redação Exame
Publicado em 29 de julho de 2024 às 14h45.
Última atualização em 29 de julho de 2024 às 14h59.
A empresa Unbound Fund foi criada em 2024 com uma proposta inusitada: conceder a cidadania portuguesa para investidores de bitcoin. Apesar da combinação parecer estranha, a companhia lançou um fundo que, na verdade, se aproveita de um programa lançado pelo governo de Portugal.
Alessandro Palombo, co-CEO e fundador da empresa, explicou em uma publicação no X, antigo Twitter, que o projeto tem como base o chamado "Golden Visa" oferecido pelo governo português para estrangeiros interessados em obter a cidadania no país e na União Europeia.
Nele, é necessário desembolsar entre € 250 mil e € 500 mil para receber em troca o passaporte português. A proposta da Unbound Fund é que interessados obtenham essa cidadania por meio do investimento em bitcoin, aplicando € 500 mil no fundo de investimento na criptomoeda criado pela Unbound.
"O Unbound Fund é o primeiro fundo elegível para Golden Visa que te dá exposição ao bitcoin", destacou Palombo. Ele comentou que o fundo realiza investimentos no ETF de bitcoin da gestora BlackRock e trabalha com uma lógica de manutenção dos ativos por longos períodos de tempo.
"Acredito que é o momento de utilizar o bitcoin como ferramenta de liberdade de circulação de forma mutuamente benéfica com Portugal. Não existe melhor programa de cidadania na União Europeia através de investimento do que o português, tanto por razões técnicas como estratégicas", defendeu.
Em 2023, Portugal anunciou algumas mudanças no programa de "golden visa". Uma delas permite que fundos invistam em empresas portuguesas, correspondendo a pelo menos 60% do total de investimentos, para, em troca, poder oferecer a cidadania para os seus cotistas.
A ideia do Unbound Fund é que os aportes dos investidores sejam enviados para empresas portuguesas que, por sua vez, compram e realizam a custódia direta de bitcoin para o fundo, convergindo com as exigências do governo português para a concessão de cidadania.
A Comissão Portuguesa do Mercado de Valores Imobiliários autorizou o funcionamento do fundo, mas no momento ele ainda consta como "inativo", ou seja, sem um lançamento oficial no mercado. Ao Decrypt, porém, o regulador confirmou que o fundo deverá operar "sob a supervisão" da agência.
Além do investimento, a concessão da cidadania portuguesa também exige que o investidor não tenha antecedentes criminais e que passe por um teste básico de português. Os investimentos devem ser mantidos por pelo menos cinco anos para garantir a cidadania.