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Ataque hacker coloca bitcoin em xeque: a moeda é de fato irrastreável?

O governo americano conseguiu recuperar parte do resgate pago pela Colonial Pipeline - empresa que administra oleodutos nos EUA - após um ataque hacker exigir pagamento de resgate em bitcoin

Mineração de bitcoin (da-kuk/Getty Images)

Mineração de bitcoin (da-kuk/Getty Images)

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AO

Agência O Globo

Publicado em 10 de junho de 2021 às 15h23.

Quando o bitcoin entrou em cena em 2009, os fãs da critptomoeda diziam que ela tinha uma forma segura, descentralizada e anônima de fazer transações financeiras sem a necessidade de uso do sistema bancário tradicional. Logo criminosos se voltaram para o bitcoin para fazer negócios ilícitos, sem revelar seus nomes ou localização. A moeda digital se tornou, então, popular entre traficantes de drogas e praticantes de evasão fiscal.

Nesta semana, porém, a revelação de que o governo americano conseguiu recuperar parte do resgate pago pela Colonial Pipeline - empresa que administra oleodutos nos EUA - após um ataque hacker expôs um mal-entendido sobre as criptomoedas: elas não são tão difíceis de serem rastreadas como os cibercriminosos pensavam.

Departamento de Justiça dos EUA rastreou 63,7 dos 75 bitcoins que a Colonial pagou aos criminosos. Isso corresponde à metade dos US$ 4,3 milhões pagos como resgate pela empresa. O FBI acessou ao menos 23 contas eletrônicas do DarkSide, uma espécie de coletivo de hackers.

Burocracia para acessar registros bancários

Da mesma forma que as criptomoedas permitem transferir dinheiro instantaneamente sem permissão de bancos, as autoridades conseguem rastrear criminosos na velocidade da internet. Isso porque, ao contrário do que se dizia, o bitcoin é rastreável.

Ao mesmo tempo em que a moeda é criada, deslocada e armazenada fora do alcance dos governos ou instituições financeiras, cada pagamento é registrado em uma espécie de livro de contabilidade, chamado blockchain. E ele pode ser visualizado por qualquer pessoa que se plugue a esse "livro".

"É como migalhas de pão. Há um rastro que as autoridades podem seguir ", diz Kathryn Haun, ex-procuradora e investidora no fundo de venture capital Andreessen Horowitz.

Segundo ela, a rapidez com que o Departamento de Justiça recuperou o resgate da Colonial é um marco justamente porque os hackers usaram criptomoedas. "Ter acesso a registros bancários levaria meses", diz, devido à burocracia, principalmente para lidar com instituições offshore, geralmente usadas por criminosos.

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