Finanças regenativas, ou ReFi, podem ser nova tendência mundial (Andriy Onufriyenko/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2022 às 14h00.
A COP27, maior e mais importante conferência anual relacionada ao clima se aproxima e o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que as discussões devem trazer um “pagamento antecipado” em soluções climáticas que correspondam à escala do problema.
Mas, será que líderes cumprirão? Governos e consumidores exigem ação climática, e as organizações estão começando a incorporar a sustentabilidade em suas operações e decisões de investimento em resposta.
Mas infelizmente, nosso sistema financeiro atual, construído em torno de um conjunto restrito de critérios para maximizar o lucro em benefício de acionistas, não está bem alinhado para atender ao nível de demanda de financiamento necessário para mitigar os riscos e fomentar ações para honrar compromissos com o clima.
Finanças Regenerativas (Regenerative Finance), ou ReFi abreviado, surge como um novo tipo de modelo, adotando uma abordagem holística das finanças e concentrando-se em um conjunto mais amplo de critérios de investimento Ambientais, Sociais e de Governança (ESG) para determinar o valor do investimento.
Profundamente enraizado nas teorias da economia regenerativa, esse novo layout financeiro incentiva indivíduos e corporações a utilizar várias formas de capital para impulsionar mudanças sistemáticas, sustentáveis e positivas para todas as partes interessadas.
Uma das principais vantagens do ReFi é que ele pode ajudar a resolver falhas de mercado que acontecem quando o mercado livre não aloca recursos de forma eficiente devido à falta de informações ou estruturas de incentivo. Os mercados atuais, por exemplo, não levam em conta as externalidades negativas das emissões de carbono e a alocação ineficiente de recursos agora faz a humanidade tentar recuperar o atraso diante da crise ambiental iminente.
O ReFi traz luz a consciência de como os atuais sistemas financeiros operam de maneira extrativa e exploratória e trabalha para corrigir essas ineficiências, facilitando a alocação inteligente de recursos com acessibilidade e distribuição equitativas.
O principal tipo de instrumento ReFi em uso hoje são os créditos de compensação de carbono. Os créditos de carbono continuam sendo uma das ferramentas mais importantes para mobilizar capital para mitigar as mudanças climáticas, e a criação de mercados em larga escala, com liquidez e transparência é necessária para acelerar a mudança.
A tecnologia blockchain auxilia na mitigação dos desafios de transparência e liquidez do mercado. Ao conectar os créditos de carbono ao blockchain, a transação pode ser rastreada para evitar gastos duplos. Além disso, pode impulsionar uma infraestrutura de Finanças Descentralizadas (DeFi) existente para facilitar a criação de novos produtos financeiros em torno de créditos de carbono e criar incentivos sociais verificáveis que beneficiem a sociedade e o meio ambiente.
E tecnologia pode ainda ajudar a mitigar desafios em grande parte causados pela fragmentação do mercado e pela natureza dos negócios de compra de carbono.
É fato que a conversa sobre as mudanças climáticas e seus efeitos sobre o meio ambiente tem sido amplamente focada nas emissões de carbono. Isso é compreensível, pois a liberação de emissões de CO2 é o fator mais conhecido das mudanças climáticas.
No entanto, a redução das emissões de CO2 é apenas uma parte de uma mobilização muito maior necessária para evitar as mudanças climáticas. Ao focar na remoção de carbono como a principal métrica a ser alcançada, deixamos de reconhecer os efeitos que as mudanças climáticas estão causando na biodiversidade, acidificação dos recifes de corais e esgotamento da água.
Tradicionalmente, era difícil precificar esses tipos de ações. No entanto, a utilização de blockchain permite que os mesmos mecanismos de precificação de ativos tokenizados sejam aplicados a ações regenerativas. Projetos como BiodiversityEconomy.org com o modelo de Créditos de Biodiversidade e RealRainForest.online relacionando Cotas de Reserva Ambiental a Tokens Não Fungíveis (NFTs) estão entre os pioneiros no Brasil a criar ativos em torno de ações regenerativas mais amplas.
ReFi pode acelerar o fomento e multiplicar o impacto com linhas de crédito para transição e incentivo à Bioeconomia. A mudança climática é em grande parte causada pelo manejo inadequado da terra e pela degradação dos solos, da vegetação natural e das florestas.
Se queremos salvar o mundo da catástrofe climática, precisamos regenerar terras degradadas, especialmente nas regiões tropicais do planeta. Quando um número suficiente de pequenos produtores em uma região fizer a transição para a agricultura regenerativa, a região experimentará também um salto econômico, provando que é possível conciliar prosperidade com sustentabilidade.
Agricultores poderiam obter créditos de carbono pela preservação da floresta associados a descontos ou melhores taxas de crédito com base em um contrato de transição para um sistema integrado agroflorestal. O comprometimento com a biodiversidade resultaria em acesso a assistência técnica especializada, programas de extensão, compra de insumos e financiamentos facilitados.
Se pudermos acelerar esses serviços para muitos milhões de agricultores, eles aumentarão a cobertura de árvores em bilhões, sequestrando mais CO2, ajudando a reduzir as temperaturas em escala planetária.
À medida que as oportunidades financeiras em torno desses negócios aumentam, essa tendência de Regenerar as Finanças só vai se acelerar. Com novas oportunidades de financiamento inovadoras e ativos sendo desbloqueados pela tecnologia blockchain, temos as peças para algo poderoso, necessário e transformador, que facilitará governos, empresas e indivíduos a acelerar e cumprir com acordos em prol do clima, mitigando os riscos e seguindo firme rumo a uma nova economia cada vez mais sustentável.
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