Pague Menos faz digestão da Extrafarma e registra lucro de R$ 54 milhões no 3º tri
Varejista farmacêutica reverte prejuízo reportado um ano antes e já captura 90% do total de sinergias previstas com aquisição
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 4 de novembro de 2024 às 18:48.
Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 18:56.
A Pague Menos reverteu o prejuízo líquido de R$ 0,4 milhão registrado um ano antes e chegou a um lucro de R$ 54 milhões no terceiro trimestre, mostrando que reencontrou a rota de crescimento depois de um período de digestão difícil da Extrafarma.
De julho a setembro, as vendas aceleraram e o grupo voltou a ganhar market share (retomou o patamar de 20% de participação de mercado no Nordeste), fazendo valer o universo de mais de 1.600 lojas -- que colocou a Pague Menos como segunda maior varejista farmacêutica do país, atrás apenas da RD Saúde, dona de Raia e Drogasil. No período, a receita líquida cresceu 13,6%, para R$ 3,27 bilhões.
O Ebitda ajustado totalizou R$ 190,7 milhões, crescendo 32,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Com isso, a companhia atingiu margem Ebitda de 5,4%, recorde histórico de rentabilidade operacional para um terceiro trimestre do ano. Já o crescimento mesmas lojas (SSS) foi de 13,6%, com lojas maduras aumentando quase o triplo da inflação do período, chegando a 12,7%.
Com baixíssima liquidez, a administração da companhia considera, sim, fazer uma oferta de ações. Mas com um ambiente macroeconômico desfavorável para o mercado de capitais, isso é um plano para o futuro, explica o CFO, Luiz Novais.
Agora, o foco é continuar reduzindo sua alavancagem financeira e capturar o restante dos ganhos de sinergia esperados com Extrafarma. No terceiro trimestre a relação de dívida líquida mais antecipação de recebíveis sobre Ebitda passou de 3,8 vezes para 2,8 vezes.
Quando a companhia cearense anunciou, em maio de 2021, a aquisição da rede de farmácias que pertencia ao grupo Ultra, a notícia foi celebrada pelo mercado. Mas a rápida escalada dos juros no país fizeram a tese de investimento da companhia ser colocada em xeque.
"Depois que os juros começaram a subir, muitos investidores e analistas questionaram se tínhamos acertado em fazer a aquisição da Extrafarma, mas hoje é uma companhia super saudável", diz Novais. Ao fim do terceiro trimestre, a companhia capturou R$ 234 milhões em sinergias, cerca de 90% do nível máximo previsto de ganhos. A projeção de sinergias foi atualizada em agosto para um intervalo entre R$ 195 milhões a R$ 260 milhões a serem capturadas até o fim deste ano.
Foi um trabalho intenso para chegar à uma margem Ebitda de 6% para o que eram as lojas da Extrafarma. Havia um problema de estoque maior do que o previsto à época da compra, o que exigiu investimento extra de R$ 60 milhões (num total de R$ 180 milhões) para reduzir ruptura nas unidades, além do fechamento de lojas deficitárias. Das 391 lojas compradas, 41 foram fechadas.
Grande parte vem sendo convertida para a bandeira Pague Menos, explica Novais. Até o final do trimestre, 111 lojas da Extrafarma foram convertidas em Pague Menos. Atualmente, a marca Extrafarma segue presente apenas nos estados do Amapá, Pará, Maranhão e Ceará, onde a marca ainda tinha força.
Hoje, as lojas que pertenciam à Extrafarma já têm venda média de R$ 600 mil por unidade, bem perto dos R$ 700 mil de cada Loja Pague Menos e 50% acima do que registravam à época da aquisição. A Pague Menos concentrou esforços na reforma de lojas. Foram 500 unidades reformadas ao longo de 2024, um investimento bem inferior ao de abertura de novas lojas. "Isso com certeza está refletindo em incremento de faturamento", diz o CFO.
Enquanto dá nova cara às lojas, a companhia tirou o pé das inaugurações. No ano foram apenas 30 inaugurações. "Em 2025 vai ser um número maior do que esse. Mas ainda vai ser um número pequeno, porque a gente continua concentrado a companhia em desalavancar e ainda tem muito valor para extrair das 1.650 lojas que a gente tem."
De acordo com o CFO, os testes de conversão de lojas nesses locais estão sendo feitos de forma paulatina, com resultados positivos. "Como havia problema de ruptura nas lojas, muitos clientes deixavam de ir por ainda ser Extrafarma e já percebemos diferenças com a mudança de bandeira", diz.
Ao longo deste ano, porém, o trabalho foi de ajustar o fluxo de caixa. A empresa conseguiu chegar a 51 dias de ciclo de caixa, diminuindo em quase R$ 300 milhões os estoques sem prejudicar o abastecimento, diz Novais. "Então esses R$ 300 milhões foram destinados para diminuir o endividamento e nosso custo de dívida. Esse é o nosso foco agora."
A ação da Pague Menos fechou o pregão destaq segunda-feira, 04, negociada a R$ 3,09, uma alta de mais de 9%. No ano, porém, acumula perda de 18,90%.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado