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Vanderlei Cordeiro de Lima volta à maratona de Atenas 19 anos após incidente olímpico

A edição deste ano da prova acontece em novembro, no dia 12

Vanderlei Cordeiro de Lima: sempre foi uma vontade minha de voltar a correr a maratona olímpica de Atenas (Olympikus/Divulgação)

Vanderlei Cordeiro de Lima: sempre foi uma vontade minha de voltar a correr a maratona olímpica de Atenas (Olympikus/Divulgação)

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Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 12 de setembro de 2023 às 14h48.

Última atualização em 13 de setembro de 2023 às 17h45.

O brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima estará de volta à maratona de Atenas, na Grécia. Em 12 de novembro, ele correrá pelo percurso que marcou a sua trajetória no mundo dos esportes em 2004 e o projetou como um atleta símbolo do espírito olímpico.

 Os jogos de 2004 carregavam todo um peso simbólico. Era o retorno da competição ao país berço dos jogos quase 100 anos depois. Na era moderna das Olimpíadas, a Grécia tinha recebido a primeira edição em 1896 e sediada uma versão especial, alusiva aos 10 anos, em 1906.

No último dia dos jogos, o brasileiro levou o espírito olímpico ao auge. Vanderlei liderava a maratona no quilômetro 35 quando foi agarrado e empurrado para a lateral do percurso por um padre irlandês. Ajudado por pessoas que acompanhavam a prova, ele voltou para a corrida e terminou em terceiro, conquistando a medalha de bronze. 

A chegada, com sorriso aberto, “aviãozinho”, sua marca registrada nas comemorações, e a vibração, contrastava com a situação vivenciada quilômetros atrás. As imagens do episódio correram o mundo e viraram exemplo do propalado espírito olímpico. O reconhecimento também veio com a medalha Pierre de Coubertin, a honraria mais elevada concedida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) pelo espírito olímpico e atitudes exemplares dos atletas.

O retorno agora, 19 anos depois e aos 54 anos, é, ao mesmo tempo, a realização de um desejo próprio, segundo o corredor, e parte de uma estratégia de marketing. 

O ex-atleta é o mais novo embaixador da Olympikus, do portfólio da Vulcabras. Em alta no mercado de corridas no país, a marca começa a olhar para fora e iniciou recentemente uma operação na Espanha para acelerar a exportação dos seus produtos. Nada mal ter um ídolo olímpico da estatura do Vanderlei como embaixador. 

Abaixo, uma entrevista exclusiva da EXAME com Vanderlei sobre a preparação para a maratona. A publicação falou com o profissional no Bota pra Correr, evento proprietário da Olympikus realizado no último fim de semana na Costa do Conde, na Paraíba. 

Na edição, Vanderlei foi uma das atrações e correu a prova de 11km no asfasto - havia ainda a opção de corrida em trilha. Chegou em primeiro lugar, 12 minutos à frente do primeiro colocado na categoria máster. Acabou desclassificado. “Correu rápido demais”, disse o locutor. 

Você já disse que surgiram outros convites ao longo do tempo para correr em Atenas e você não conseguiu encaixar na agenda. Como recebeu este convite da Olympikus e por que decidiu aceitar?
Eu acho que não só foi o convite da Olympikus de correr apenas. Na verdade, sempre foi uma vontade minha de voltar a correr a maratona olímpica de Atenas e de poder reviver um pouco daquilo que foi a minha história dentro do esporte, com a Maratona de 2004. [ A ideia] surgiu em uma conversa informal, eu falando dessa vontade e o Márcio [Callage, CMO] da Olympikus, me colocou esse desafio de voltar a correr em Atenas. Dessa conversa, surgiu essa parceria e hoje sou embaixador da marca. Ou seja, nós alinhamos a proposta com essa vontade que eu já tinha. Estou muito feliz por poder vivenciar esse momento agora.

Como está a preparação para este retorno?
A minha preparação está sendo específica, claro, para a maratona, mas respeitando a minha realidade e o meu momento que eu vivo hoje. Então, nós estamos conciliando o volume e a intensidade de treinos com a realidade atual, nada pensando em alta performance. O meu compromisso é comigo mesmo e a meta junto à prova é de finalizar e poder curtir a prova, tentando relembrar tudo o que aconteceu em 2004. A minha preparação é um volume completamente diferente daquilo que eu treinava em alta performance. E, claro, com intensidade baixíssima. A grande preocupação agora é não me lesionar nessa programação de retorno aos treinos e ter uma qualidade que me permita correr bem, confortável e chegar bem ao final

19 anos se passaram desde o episódio. Quem é o Vanderlei que volta para a maratona de Atenas agora?
Depois de 19 anos, eu me sinto um atleta realizado em todos os sentidos. E o Vanderlei, claro, eu acredito que não mudei nada em relação a 2004. O que eu quero é poder absorver muito mais daquilo que eu vivi em Atenas, principalmente do lado positivo. Independentemente do que aconteceu, do episódio impactante e da forma como aconteceu, as maiores lembranças que eu tenho de Atenas, sem dúvida, são de alegria, felicidade, de realizações. É esse Vanderlei que vai votar lá. Quando estiver lá, vou tentar entrar dentro daquela história da qual eu fiz parte dela e trazer somente as coisas positivas. Esse momento vai ser muito importante também, já que eu sou felizardo de ter sido convocado junto com a Janeth [Arcain], do basquete, como embaixador, das Olimpíadas de Paris 2024. Eu acho que é um momento também de voltar em Atenas, poder tirar muita energia positiva e levar essa mensagem para todos os atletas.

Você foi convidado para gravar um documentário previsto para ser lançado agora, no fim de setembro. Qual é o enredo do documentário?
Eu fui convidado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e fiquei muito feliz por poder contar um pouco da minha história, agregando os valores que absorvi dentro do esporte. E não só absorvido, mas também transmitido em todos os momentos da minha vida, tanto os momentos felizes e importantes como os momentos difíceis. Eu acho que isso reflete um pouco desse espírito olímpico, do mundo das Olimpíadas. Esse documentário está bem focado no enredo de mostrar valores, resiliência e a importância da conduta Olímpica, principalmente em questão do respeito. Ele está bem relacionado à minha história, uma história de superação, mas com aquele olhar de que mesmo não estando no olhar no lugar mais alto do pódio, talvez os exemplos e as reações sentidas por cada um dos atletas que tem o verdadeiro espírito olímpico transcende de outras formas. Não é a frustração de não subir no lugar mais alto pódio que vai me fazer deixar de ser feliz. Mesmo que isso não tenha acontecido, eu me sinto um atleta feliz e realizado.

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