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COP16: Mudanças climáticas forçam endividamento de países emergentes

Tríplice crise composta por dívida, perda da natureza e aumento das mudanças climáticas, seria a raiz do círculo vicioso de problemas econômicos e ambientais em países, aponta relatório

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 18h02.

Última atualização em 24 de outubro de 2024 às 18h36.

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De Cali, Colômbia*

Tem sido cada vez mais comum entre países emergentes e em desenvolvimento a tomada de empréstimos para financiamento da recuperação pós-desastres climáticos. No entanto, a estratégia que parece resolutiva no curto prazo traz efeitos colaterais, visto que essas mesmas nações enfrentam dificuldades adicionais para a retomada do crescimento econômico, comprometendo a capacidade de pagar as dívidas.

A bola de neve vai se formando ao passo que as despesas financeiras crescem em razão dos juros. E compromete também a capacidade de investimentos na prevenção para lidar com novas emergências climáticos, para a conservação da biodiversidade ou na transição para uma economia de baixo carbono, deixando os territórios mais sujeitos a tragédias ambientais.

Esse círculo vicioso da vulnerabilidade econômica e ambiental entre nações emergentes foi tema de um estudo encomendado por Quênia, França, Alemanha e Colômbia, divulgado durante a COP16. A Análise especial sobre dívidas, natureza e clima comprova que esses três fatores estão se tornando cada vez mais destrutivos para alguns países.

A apresentação trouxe conclusões preliminares, mas a publicação final deve acontecer em abril de 2025, trazendo, além de panoramas, recomendações sobre como tornar as dívida mais sustentáveis nos âmbitos fiscal e ambiental.

Crise econômica e ambiental

As primeiras descobertas do relatório já mostram que a maior alta entre as regiões globais foi registrada pela África Subsaariana, considerando que, em 2021, os pagamentos de juros sobre a dívida externa da região aumentaram 275% o valor original emprestado em 2011. Em seguida estão América Latina e Caribe, registrando alta de mais de 200% nos juros.

No Oriente Médio e norte da África, a alta foi próxima de 160% do valor original. Cerca de 56% dos países emergentes verificados estavam em sobrecarga de dívida em 2021, enquanto em 2011 a taxa era de 31%.

Dívida agravada pela pandemia

Uma das justificativas para estas constatações é ainda o reflexo da pandemia, cujo “efeito foi devastador” nas economias e dívidas de muitos países de baixa renda, com o aumento da inflação sobretudo em alimentos e combustíveis, o fortalecimento do dólar americano e a alta dos juros.

O relatório aponta que a quebra do círculo vicioso seria possível a partir de uma forte política financeira e ambiental, ancorada no apoio e financiamento internacional com foco em atacar a chamada “tríplice crise” — a dívida, perda da natureza e agravamento das mudanças climáticas.

Coautora do estudo e ex-subsecretária geral das Nações Unidas, a economista Vera Songwe reforçou que a menos que a comunidade internacional tome medidas para endereçar os tópicos, muitos países não poderão atingir metas de resiliência climática, economia de baixo carbono e crescimento aliado da natureza como é esperado — e necessário — para as próximas décadas.

*A jornalista viajou a convite.

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