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Profissionais negros e grupos sub-representados: empresas criam ações para auxiliar a diminuir o cenário de desigualdade e falta de acesso (Ada daSilva/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 8 de maio de 2023 às 06h01.
Última atualização em 8 de maio de 2023 às 16h25.
Uma pesquisa da consultoria Santo Caos em parceria com a rede social de empregabilidade LinkedIn afirma que 55% dos profissionais negros disseram ter deixado de aplicar em vagas ou posições mais altas por acharem que não seriam bem recebidos nos ambientes corporativos. O dado exemplifica a existência dos abismos sociais entre diferentes profissionais.
Pensando em diminuir essas disparidades, algumas companhias têm se organizado para disseminar iniciativas de diversidade e inclusão no mercado de trabalho. Exemplo disto são os programas #CarreirasComFuturo e Potência Tech. O primeiro deles, une empresas como Gerdau, iFood, Nubank e outras para inclusão de profissionais negros nas organizações. Enquanto o segundo, se propõe a disponibilizar formação em tecnologia para grupos sub-representados.
“Se não levarmos o domínio da tecnologia para grupos sub-representados, nunca vamos acabar com um dos maiores problemas no Brasil que é a desigualdade”, afirmou Gustavo Vitti, vice-presidente de Pessoas e Sustentabilidade do iFood em entrevista para a EXAME. O pensamento de Vitti permeia as camadas da gigante brasileira de tecnologia, que ampliou o investimento em cursos de tecnologia para pessoas negras, mulheres e LGBTI+ de baixa renda.
O curso ‘Programação do Zero’, em parceria com a Cubos Academy, vai oferecer mil bolsas gratuitas para a formação em desenvolvimento de software, com foco em back-end. A iniciativa faz parte do Potência Tech, que começou em 2021 como uma resposta ao que não existia no mercado. “Onde estão as pessoas da periferia? Na base. Enquanto quem domina a tecnologia está no topo. Minha provocação com o programa é ter ferramentas para mudar a pirâmide social brasileira”, comentou Vitt sobre a forma motriz que deu início a proposta.
O Potência Tech oferece formações em tecnologia – além de oportunidades de emprego – enquanto se propõe a trazer diversidade e transformação social para um ambiente que é majoritariamente ocupado por homens brancos. Pensando em resultados da ação, o iFood prevê auxiliar no processo de empregabilidade de 25 mil pessoas até 2025.
Segundo a companhia, o iFood conta com 70 milhões de pedidos mensais e 200 mil entregadores, e para participar do programa e ter acesso às bolsas de estudos, é necessário ter 18 anos, ensino médio completo e renda mensal de até 2,5 salários mínimos. Os selecionados, passam por uma série de entrevistas e precisam preencher um formulário para assegurar a participação.
“Com o programa, quero levar prosperidade para pessoas de baixa renda. Alguns dados afirmam, que para algumas escolas parceiras nossas, por exemplo, o aluno formado aumenta a renda familiar em 200%, em alguns casos”, observou Vitti.
Um conglomerado de empresas que conta com Gerdau, iFood, Itaú Unibanco, LinkedIn, Magalu, Nubank e Vale lançam o movimento #CarreirasComFuturo. Neste programa, as sete empresas participantes promoverão a troca de experiências visando o aprimoramento de projetos. E assim, alimentar a criação de ambientes mais inclusivos – principalmente voltado para profissionais negras.
“O IBGE diz que profissionais negros representam mais da metade da força de trabalho brasileira. Porém, um estudo do LinkedIn mostrou que 45% nunca ocuparam cargos de liderança. O que reforça não apenas as contínuas desigualdades estruturais enfrentadas pelos profissionais negros brasileiros, mas também a importância do pertencimento e a grande lacuna no mercado. O movimento #CarreirasComFuturo vai equipar empresas a acelerar a implementação de ações, aprendendo com os erros e sucessos das outras e trabalhando juntas para um ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo, diz Suelen Marcolino, gerente de diversidade, inclusão e pertencimento do LinkedIn
No programa, a Gerdau, por exemplo, dará detalhes sobre um programa de mentoria para lideranças negras, enquanto o Itaú Unibanco, que conta com o comitê Black’s at Itau, disponibilizará programas de desenvolvimento para funcionários negros. Já os diretores do Nubank falaram sobre o grupo de afinidade para pessoas negras e o uso de metodologias ágeis.Também serão apresentados dados da pesquisa do Santo Caos para a diversidade racial.
Além disso, o LinkedIn vai financiar projetos que buscam atuar com a desigualdade social e o combate ao racismo, junto com algumas ONGs – que receberão aproximadamente R$2,5 milhões ao longo de dois anos. A seleção foi feita através de consultores que atuam com especialistas em estratégias de impacto social no Brasil, levando em consideração critérios, como a fundação ou liderança de pessoas negras ou indígenas, a conexão entre trabalho e oportunidades socioeconômicas para grupos sub-representados e a interseccionalidade de identidades.