Na última reunião, colegiado optou por subir pela primeira vez a taxa básica de juros da economia (Selic) (Leandro Fonseca/Exame)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 17h53.
Com poder de influenciar diretamente a atração de investimentos, decisões que envolvem a política monetária muitas vezes são um espelho da atmosfera que cerca o ambiente de negócios. No geral, um movimento de reduzir juros indica custos menores de acesso ao crédito. Na outra ponta, se o patamar permanece elevado, menor também é a disposição das empresas para exposição ao risco. Em relação a países emergentes, como o Brasil, variações podem ocorrer devido às suscetibilidades do cenário internacional.
A taxa cambial funciona como termômetro sobre o humor do mercado. Nesta sexta-feira, 1º, a moeda dos Estados Unidos foi a R$ 5,83, com investidores demonstrando ceticismo com o pacote de corte de gastos que a equipe econômica se propôs a implementar após as eleições municipais. Na próxima semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, embarca para uma série de compromissos na Europa, o que reforça a impressão dos agentes financeiros de que não há pressa do governo em colocar em prática o plano de redução de despesas.
Nos EUA, as eleições previstas para terça-feira, 5, vão adiar em um dia a decisão do banco central do país, o Federal Reserve (FED), sobre os juros, que será anunciada apenas na quinta-feira, 7. Diferentemente do Brasil, em que agentes econômicos já precificam uma subida na taxa de juros, os analistas que acompanham a economia dos EUA preveem redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), após o governo anunciar que o número de vagas no mercado de trabalho em outubro ficou bem abaixo do esperado. A tendência, no entanto, é que a disputa entre Donald Trump e Kamala Harris monopolize o noticiário na próxima semana.
Aqui no Brasil, na penúltima reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve optar, na quarta-feira, 6, por manter a trajetória dos juros em alta, como forma de conter a pressão inflacionária. No encontro passado, o colegiado optou por subir, pela primeira vez desde agosto de 2022, a taxa básica de juros da economia (Selic). Agora, agentes econômicos esperam um aumento de 0,5 p.p. na Selic, que atualmente está em 10,75%, como medida necessária para frear a subida dos preços, ainda que Haddad tenha encarado com naturalidade o aumento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na última semana.