Economia

Tebet: A partir de 2024 começaremos a falar de cortes de gasto

Ministra destacou a criação de grupos que vão se debruçar sobre a qualidade do gasto em políticas, como o Bolsa Família e benefícios previdenciários

Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil  (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

share
Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 12 de setembro de 2023 às 15h58.

Última atualização em 12 de setembro de 2023 às 15h59.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçou a avaliação de que a política de avaliação de políticas públicas vai garantir que o governo possa tratar também do corte de gastos a partir do próximo ano. Ela voltou a dizer que, para o atual momento, sua preocupação é com a qualidade do gasto público, e não com as tesouradas.

"Eu que sou mais fiscalista e liberal não tenho preocupação nesse ano com corte de gastos públicos. Agora é hora de pensarmos na qualidade (...) E a partir do ano que vem, com a secretária de avaliação de políticas públicas, nós começaremos a falar também de cortes", disse Tebet, para quem a equipe econômica tem "muita frente" a partir do próximo ano para garantir a meta de déficit zero, não apenas pelo lado da arrecadação.

Fique por dentro das últimas notícias no Telegram da Exame. Inscreva-se gratuitamente

Ela destacou que a criação de grupos de trabalho que vão se debruçar sobre a qualidade do gasto em políticas como o Bolsa Família, além dos benefícios previdenciários e do BPC. "Lembrando que já tomamos duas medidas que já são públicas, hoje baixei portaria criando grupo de trabalho para a terceira, onde os ministérios estão envolvidos não só na análise de fraudes e erros do Bolsa Família, como também o grupo de trabalho para enfrentar a denúncia pelo TCU em relação a possíveis erros e fraudes nos benefícios previdenciários de BPC, aposentadoria", disse Tebet.

"A esteira da receita tem que andar de forma mais acelerada nesse ano, mas a partir do ano que vem a esteira do controle, da qualidade de gastos, vai andar na mesma velocidade da esteira da receita", afirmou Tebet, que reforçou na entrevista a capacidade de trabalho conjunto entre o Planejamento e a Fazenda.

"Equipe econômica do governo Lula tem autonomia para trabalhar e sabe onde quer chegar", disse a ministra, ressaltando ainda sua relação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. "Aquilo que nos une é infinitamente maior do que o que nos separa. Haddad tem capacidade de ouvir com muita educação e equilíbrio, e isso nos une", afirmou.

Corte da Selic

Tebet destacou também que o mercado previa uma inflação "ligeiramente maior" para o IPCA de agosto, que subiu 0,23%, e que, portanto, a expectativa em torno do número acabou se tornando positiva. A ministra reforçou que o governo espera ver o Banco Central cortando a taxa Selic nas próximas três reuniões em pelo menos 5 p.p., para fechar o ano com um patamar de juros abaixo de 12%.

"A inflação é um ponto de atenção, inclusive nas votações que temos no CMN. O mercado previa até inflação ligeiramente maior esse mês, então a expectativa que era negativa acabou se tornando positiva, inclusive para efeito de queda de juro já na próxima reunião do Copom. O governo espera que nas próximas três reuniões nós tenhamos pelo menos 0,5 pp de diminuição da taxa de juro, pra fecharmos abaixo de 12%", disse Tebet em entrevista à GloboNews.

Para Simone Tebet, os números recentes também mostram que o Brasil vem registrando um crescimento econômico "sem aumento de inflação". Ela destacou o PIB do segundo trimestre, que registrou uma surpresa positiva para o mercado, com alta de 0,9%. "Quando falamos em crescimento, claro que nos preocupamos muito com a inflação, que é perversa para os mais pobres.

Mas surpreendentemente verificamos que há crescimento no Brasil sem haver inflação, porque não é de consumo, o que nos tranquiliza", afirmou a ministra, destacando que a inflação de agosto ficou dentro das expectativas, afetada pelo aumento da energia elétrica.

Acompanhe tudo sobre:Simone-TebetInflaçãoIPCAGastos

Mais de Economia

Governo diz que déficit recorde de estatais em 2024 deve-se a investimentos

'Estamos comprometidos em atingir meta de inflação', diz Campos Neto

FMI prevê que Fed fará mais dois cortes nos juros até o fim do ano e quatro em 2025

FMI mantém projeção sobre Argentina e diz a Milei que 'o trabalho ainda não terminou'