Economia

Senado aprova PEC do orçamento de guerra; texto voltará para Câmara

PEC do orçamento de guerra separa os gastos com a crise do coronavírus e autoriza o Banco Central a atuar no mercado secundário

Senado aprovou texto mais restritivo à atuação do BC do que o aprovado pela Câmara (Ricardo Botelho/Getty Images)

Senado aprovou texto mais restritivo à atuação do BC do que o aprovado pela Câmara (Ricardo Botelho/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de abril de 2020 às 15h29.

O Senado aprovou nesta sexta-feira, em segundo turno, a chamada PEC do orçamento de guerra, que permite a contabilização à parte dos gastos com a crise do coronavírus e traz dispositivos que autorizam o Banco Central a atuar no mercado secundário.

Por 63 votos a 15 --eram necessários ao menos 49 senadores favoráveis, já que se trata de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC)-- senadores aprovaram texto mais restritivo à atuação do Banco Central do que o aprovado anteriormente pela Câmara dos Deputados.

Como foi alterada, a PEC volta à Câmara dos Deputados, mas o mais provável é que a proposta passe por uma promulgação fatiada: serão publicados os trechos com os quais deputados e senadores concordaram, principalmente os que tratam da autorização para a segregação do orçamento. Já os dispositivos modificados pelo Senado continuam em discussão no Parlamento.

Os pontos que mais suscitaram polêmica no Senado dizem respeito justamente à atuação do Banco Central. Por isso mesmo, o relator na Casa, senador Antonio Anastasia (PSD-MG), alterou o texto da PEC para restringir a liberdade da instituição financeira nos mercado secundários e aumentar o nível de transparência da compra e venda de títulos.

Na tentativa de aplacar os temores de colegas sobre a possibilidade de compra dos chamados títulos podres, o novo texto da PEC passou a exigir um rating mínimo dos ativos a serem adquiridos pelo Banco Central, que deverão ter classificação em categoria de risco de crédito no mercado local equivalente a BB- ou superior.

A proposta relatada por Anastasia também passa a determinar que o BC preste informações diárias sobre essa atuação. O texto encaminhado pela Câmara também foi alterado para exigir que o presidente da instituição financeira, Roberto Campos Neto, preste contas ao Parlamento a cada 30 dias, e não em intervalos de 45 dias, como votaram os deputados.

O texto produzido por senadores limita, ainda, a atuação do BC ao mercado secundário brasileiro, impedindo a compra e venda de ativos no mercado internacional.

Ao explicar essa mudança durante a votação do primeiro turno, na quarta-feira, Anastasia afirmou que a ideia partiu de emenda do senador Angelo Coronel (PSD-BA).

"No mercado internacional, só os títulos públicos brasileiros, do governo brasileiro", disse o relator na sessão remota. "Os títulos privados, somente no mercado local."

A exigências de autorização do Ministério da Economia e o mínimo de 25% de aporte de capital por parte do Tesouro Nacional em cada operação foram retiradas no parecer de Anastaisa, por considerá-las "medidas absolutamente desnecessárias"”.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), já havia afirmado que o Executivo "apoia o texto final do relatório de Anastasia", assim como o próprio presidente do Banco Central.

Outra inovação de Anastasia proíbe que instituições financeiras utilizem os recursos obtidos com a venda de ativos para o BC para o pagamento de juros sobre o capital próprio e dividendos acima do mínimo obrigatório. Também impede as instituições financeiras de aumentar a remuneração de diretores, administradores e membros do conselho de administração.

Havia ainda pedidos de parlamentares para que a PEC pudesse garantir a manutenção de empregos. Anastasia decidiu, então, adotar redação para determinar "o recebimento de benefícios creditícios, financeiros e tributários, no âmbito de programas da União com o objetivo de combater impactos... da pandemia, está condicionado ao compromisso das empresas de manutenção dos empregos".

Outra mudança diz respeito à alienação de ativos adquiridos pelo BC em período posterior ao estado de calamidade. O relator decidiu, então, permitir a possibilidade de "a venda se dar em data posterior à vigência da calamidade pública, nas situações em que isso for mais vantajoso sob o ponto de vista do interesse público". O texto determina ainda que títulos emitidos por micro, pequenas e médias empresas tenham preferência de aquisição, outra inovação.

Acompanhe tudo sobre:CongressoCoronavírusSenado

Mais de Economia

Haddad, Rui Costa, Tebet e Esther Dweck se reúnem hoje para discutir ajuste do corte de gastos

Pix por aproximação estará disponível em carteira digital do Google semana que vem, diz Campos Neto

Com expectativa sobre corte de gastos, Lula se reúne com Haddad e Galípolo