Ao ser interrogado sobre se os bancos espanhóis precisariam de uma injeção do fundo de resgate europeu, De Guindos respondeu que até agora "ninguém tem falado disso" (©AFP / Jaime Reina)
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2012 às 15h02.
Bruxelas - A Espanha se comprometeu a acelerar "em menos de dois meses" uma avaliação independente sobre os bancos espanhóis, para a qual "aceitou" a colaboração do Banco Central Europeu (BCE), afirmou nesta terça-feira o ministro de Finanças, Luis de Guindos.
"Decidimos nomear os avaliadores independentes para examinar a carteira dos bancos", disse o ministro durante a reunião em Bruxelas com seus sócios da União Europeia (UE).
Estes avaliadores "independentes" deverão diagnosticar e "dissipar as dúvidas" sobre a saúde dos bancos espanhóis, que são uma das principais preocupações dos investidores.
Ao ser interrogado sobre se os bancos espanhóis precisariam de uma injeção do fundo de resgate europeu, De Guindos respondeu que até agora "ninguém tem falado disso".
A entidade, liderada pelo italiano Mario Draghi, "considera que pode apoiar, cooperar neste processo de valorização e evidentemente através de seu conhecimento sobre os diferentes tipos de ativos", explicou.
"Como não há absolutamente nada para ocultar, a Espanha está absolutamente aberta à análise da qualidade das carteiras creditícias em nosso país", disse De Guindos.
Contudo, estas questões levam tempo e é preciso entender que a carteira de empréstimos espanhola é grande e supera os 300% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol.
Na segunda-feira, os ministros da Eurozona respaldaram a última reforma bancária da Espanha, que incluiu a nacionalização parcial do Bankia, o quarto banco da Espanha e o mais exposto entre os grandes aos ativos imobiliários tóxicos, mas pediram ao governo de Mariano Rajoy para que "acelere a avaliação externa" e independente do setor.
"Temos tomado todas as medidas consideradas adequadas para voltar ao crescimento e a estabilidade", disse De Guindos. A partir de agora, a Espanha precisa "da cooperação de toda a zona do euro".
De Guindos se referia ao fato de o Eurogrupo precisar tomar medidas para resolver a crise política grega, que segundo ele está tendo fortes implicações em outros países, sobretudo nas taxas de risco de Itália e Espanha, que na segunda-feira voltaram a alcançar níveis recordes.
"Há uma correlação muito elevada entre o incremento da volatilidade na Grécia e a volatilidade dos mercados", comentou.
Por isso é necessária uma "colaboração estreita entre todos os países".
Os ministros de Finanças dos da União Europeia deram nesta terça-feira sinal verde aos novos requisitos de capital para blindar os bancos europeus e torná-los mais resistentes ante uma futura crise, contemplada no acordo de solvência bancária Basileia III, que prevê entrar progressivamente em vigor a partir de 2013.
A nova normativa, aprovada após duríssimas negociações devido à rejeição da Grã-Bretanha, fixa aos bancos um capital total de 8% dos ativos ponderados por nível de risco. Destes, a cota do capital de melhor qualidade aumentou para 6%.
A norma, que o ministro espanhol considerou "fundamental", introduz um colchão de capital de 2,5% para todas as entidades da UE e outro anticíclico com o mesmo nível.