Economia

Equipe econômica de Bolsonaro pretende anunciar medidas a cada dois dias

Iniciativas são consideradas como um "aquecimento e aperitivo" enquanto se espera a volta do Congresso

Governo Bolsonaro: estratégia será anunciar "de dois em dois dias" alguma medida de interesse direto da população e das empresas (Sergio Moraes/Reuters)

Governo Bolsonaro: estratégia será anunciar "de dois em dois dias" alguma medida de interesse direto da população e das empresas (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de janeiro de 2019 às 11h22.

Brasília - Poucas horas antes da cerimônia de posse do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, trabalhava na análise de seis a sete medidas baixadas pelo ex-presidente Michel Temer que serão revisadas pelo novo governo. A decisão unânime da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de abrir a economia com a redução da tributação para bens de capital, informática e telecomunicações importados será um dos alvos dessa reavaliação inicial da equipe econômica.

A estratégia será anunciar "de dois em dois dias" alguma medida de interesse direto da população e das empresas, com foco na simplificação de tributos e desregulamentação da economia. As iniciativas são consideradas como um "aquecimento e aperitivo" enquanto se espera a volta do Congresso Nacional para o envio das propostas mais "fortes", entre elas a da reforma da Previdência - apontada como a "batalha maior" e prioridade número.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Guedes quer fazer uma abertura comercial começando em ritmo mais devagar nos primeiros anos. O modelo será diferente do proposto pelo seu antecessor no cargo, Eduardo Guardia, e aprovado nos últimos dias de governo pela Camex, que prevê uma redução linear do Imposto de Importação (II) de uma média de 14% para 4% em quatro anos (um pouco a cada ano), como revelado no Estado no último sábado. A inclusão de última hora da análise da medida na pauta da Camex foi bastante criticada pela indústria nos últimos dias.

A decisão de abrir a economia brasileira nos próximos anos está tomada, segundo uma fonte do governo, mas, antes, a equipe de Guedes quer adotar as medidas de simplificação. O próprio Bolsonaro reforçou a necessidade de abertura no discurso de posse.

Guedes passou a manhã de 1º de janeiro no hotel onde está hospedado com a família em Brasília. Conversou, por telefone, com auxiliares sobre a revisão das medidas de Temer. Foi tietado por apoiadores de Bolsonaro e posou para selfies durante e depois do café da manhã.

A interlocutores, afirmou que não fará uma divulgação de "pacote", mas adotará um processo contínuo de desregulamentação, simplificação, redução dos tributos e diminuição da interferência do Estado na vida dos brasileiros.

A ideia é começar implementando medidas que não dependam de aprovação do Congresso, entre elas a eliminação de exigências cartoriais e comprovações de informações, que poderão ser autodeclaradas, como já ocorre com o Imposto de Renda da Pessoa Física.

A visão que a nova equipe quer transmitir é de que o governo não é o "salvador" e que, quanto menor a interferência do Estado, melhor para os cidadãos e para as empresas.

O governo também vai focar em medidas para combater "ralos" nas contas públicas, incluindo o INSS. A estratégia é promover alguns ajustes atacando fraudes em benefícios, rebatendo o discurso de que o governo vai penalizar o mais pobre ao tentar emplacar novamente mudança nas regras de aposentadoria e pensão no País.

Discurso

A cerimônia de transmissão de cargo no ministério será realizada esta tarde. Os temas "prosperidade" da economia e reforma serão destaques no discurso de Guedes, que vai enfatizar o que espera de cada secretaria especial do novo Ministério da Economia - resultado da fusão entre Fazenda, Planejamento, Indústria, além de parte do Ministério do Trabalho.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraGoverno BolsonaroJair BolsonaroPaulo Guedes

Mais de Economia

BNDES vai financiar projetos de saneamento e mobilidade com FGTS

Reforma Tributária: Câmara conclui segundo projeto, após acordo retirar ITCMD sobre previdência

Brasil abre 248 mil postos de trabalho em setembro, mostra Caged

Sem detalhar medidas, Haddad afirma que governo enviará uma PEC ao Congresso para cortar gastos