Economia

Economista diz que superávit não se recupera no curto prazo

Para economista da campanha de Aécio Neves, mercado está mais preocupado com plano de recuperação no médio e longo prazos


	Aécio Neves: para economista, governo do tucano não manteria represados os preços administrados
 (Orlando Brito/Coligação Muda Brasil)

Aécio Neves: para economista, governo do tucano não manteria represados os preços administrados (Orlando Brito/Coligação Muda Brasil)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2014 às 14h38.

Brasília - É impossível recompor o superávit primário no próximo ano e o mercado está mais preocupado com um plano de recuperação da questão fiscal no médio e longo prazos, disse nesta quarta-feira o economista Mansueto Almeida, da equipe do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves.

Segundo ele, o próximo governo terá um grau de liberdade na área econômica muito menor do que a presidente Dilma Rousseff teve em 2011 e, por isso, o corte de investimentos públicos "seria muito ruim".

"Tem uma pressão muito grande para o próximo governo, já nos primeiros dias, mostrar não como vai recuperar o superávit primário no primeiro ano, que isso vai ser impossível, mas qual o plano do governo recuperar esse superávit ao longo de dois, três ou quatro anos", disse Mansueto durante teleconferência com analistas e jornalistas nesta quarta.

A política fiscal do governo tem sido muito questionada nos últimos anos e em 2014 a meta de superávit primário de 1,9 por cento do PIB dificilmente será atingida. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem sinalizado que o país busca "o melhor resultado primário possível", evitando se comprometer em alcançar a meta.

Mansueto acredita que qualquer presidente que vença as eleições de outubro não terá condições de fazer um forte ajuste fiscal já no primeiro ano por conta do baixo crescimento da economia. "Eu acho que dado esse cenário com economia estagnada você cortar investimento público seria muito ruim", argumentou.

"Então, um forte ajuste primário eu acho que é muito difícil qualquer que seja o próximo governo, mas é possível deixar muito claro para o mercado um plano de voo. Qual vai ser o nosso superávit nos próximos dois, três anos", acrescentou, sem dar detalhes desse plano. Questionado sobre qual seria a meta para o quarto ano de um eventual governo Aécio, ele disse que ainda não há essa meta, mas que seria "interessante" que ela ficasse entre 2 por cento, 2,5 por cento, ou até 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

"Exatamente qual o valor vai depender da trajetória dos juros e da taxa de crescimento", disse.

Segundo ele, o grande desafio do próximo governo será recuperar a taxa de investimento, para abrir espaço fiscal e continuar ativo nos programas sociais. Para Mansueto, um governo de oposição tem mais chances de recuperar a confiança do mercado porque já tem uma narrativa pronta. "A gente está recebendo um problema e vai resolver", explicou.

Os ajustes e as dificuldades serão maiores, na avaliação dele, se o atual governo for reeleito. "O ajuste da oposição seria muito menor", disse.

Mansueto disse ainda que ficou assustado com o programa econômico da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, por conta das metas muito ambiciosas e específicas.

"Tem metas muito ambiciosas e muito específicas...que ninguém se deu o trabalho de calcular", disse. "Para implementar essas metas que estão no programa seria necessário um aumento de carga tributária muito grande nos próximos quatro anos", argumentou.

Preços administrados

Questionado sobre o que o PSDB pretende fazer com os preços administrados que estão sendo represados pelo governo, Mansueto disse que no caso da energia não há mistério porque já há fórmulas claras de reajuste, que ocorrerão ao longo do próximo ano.

Em relação aos combustíveis, ele disse que a atual política de contenção dos reajustes é um erro e que não se repetiria numa eventual gestão tucana. "Essa é uma política equivocada que jamais ocorreria num governo do PSDB", disse.

"Vai haver uma regra clara e transparente para reajuste dos combustíveis", afirmou. "Como vai ser, mais concentrado ou gradual? Essa é uma definição que só ocorrerá depois das eleições."

Atualizado às 14h37

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