Semana em Brasília teve decisões do governo que não repercutiram bem (Ueslei Marcelino/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 22 de maio de 2022 às 16h37.
Por Josue Leonel, da Bloomberg
Estimativa de forte desaceleração do IPCA-15, com efeito da bandeira verde de energia, projeto de corte no ICMS na Câmara e expectativa de cronograma de privatização da Eletrobras são os destaques locais. No exterior, ata do Fed, falas de dirigentes de bancos centrais, PIB e PCE nos EUA balizam os sinais de enfraquecimento da economia dos EUA. Guedes estará em Davos.
Juros futuros devem reagir na terça-feira ao IPCA-15 de maio, que deve desacelerar no mês para 0,5% -- de 1,73% em abril --, mas com o dado ainda nos 12%, segundo economistas pesquisados pela Bloomberg. A redução das tarifas de eletricidade, que reflete o aumento das chuvas e menor uso de energia térmica cara, é uma das principais razões por trás da expectativa de inflação menor, segundo a Bloomberg Economics. A precificação de alta da Selic nos dois próximos encontros do Copom caiu para em torno de 75 pontos nesta sexta-feira, de mais de 90 pontos uma semana atrás. Refluxo nas apostas em aperto ganhou impulso após sinalização do diretor do BC Bruno Serra de que a elevação dos juros pode não ir além de junho.
Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME.
Continuam pendentes as divulgações de indicadores do Banco Central, como as projeções da pesquisa Focus e o IBC-Br. Os servidores do Tesouro também devem entrar em greve no dia 23. Diante das últimas surpresas positivas da atividade, os economistas elevaram de 0,7% na sexta-feira passada para 1% a estimativa mediana de crescimento mensal para o índice de atividade do BC de março. A estimativa para a arrecadação de abril, que deve sair a partir da próxima semana, é de aumento para R$ 190 bilhões, ante R$ 164 bilhões em março.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, anunciou para a próxima semana a votação de projeto que desonera tarifas de energia. “Colocarei em votação na terça-feira a lei que classifica combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transportes como bens e serviços essenciais. Portanto, com alíquota máxima de ICMS de 17%”, disse Lira nas redes sociais na quinta-feira. Se for aprovado, o projeto pode reduzir a inflação em até 1,2 ponto percentual ainda neste ano, de 9,8% para 8,6%, diz o Credit Suisse, em relatório. Mercado também segue com movimentos para a eleição no radar. O ex-presidente Lula e o candidato a vice, Geraldo Alckmin, comandam a primeira reunião da chapa na segunda-feira em São Paulo.
A disparada da inflação global estará entre os temas dos debates do Fórum Econômico Mundial, que realiza a primeira reunião presencial desde o início da pandemia, em Davos, na Suíça. A presidente do BCE, Christine Lagarde, e a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, estarão presentes -- assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes. Cerca de 50 chefes de Estado e de governo, incluindo o chanceler alemão Olaf Scholz, participarão do encontro. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy fará aparição virtual, enquanto o governo russo não terá nenhum representante. O Fed divulgará a ata da última reunião na quarta-feira. Na segunda-feira, dirigentes do BCE e o presidente do BoE, Andrew Bailey, falam numa conferência sobre “O retorno da inflação”. Saem dados como PIB, pedidos de bens duráveis e PCE nos EUA e a pesquisa IFO na Alemanha.
O mercado aguarda o cronograma da privatização da Eletrobras, que foi autorizada pelo TCU na quarta-feira. As ações da empresa acumulam alta de mais de 10% nas duas últimas semanas. O governo deve protocolar o registro de oferta da estatal na CVM em 26 de maio e o road show para atrair investidores estrangeiros está previsto para o período entre 27 de maio e 8 de junho, segundo o Poder360. A oferta de ações deve ocorrer em 13 de junho, diz o site. A compra dos ativos do Grupo Big Brasil pelo Carrefour será pauta da próxima sessão ordinária do Cade. O negócio, anunciado em março de 2021, envolve R$ 7,5 bilhões e já foi declarado complexo pelo órgão antitruste, que deve negociar a adoção de “remédios” com as empresas para dar seu aval.