Economia

Carvão perde trono com incentivo da China a energia mais limpa

O maior consumidor de energia do mundo caminha rumo ao fim de uma era depois de queimar a menor quantidade de carvão em seis anos

China: cerca de uma em cada cinco pessoas mora na China (Qilai Shen/Site Exame)

China: cerca de uma em cada cinco pessoas mora na China (Qilai Shen/Site Exame)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2017 às 17h39.

Londres - O domínio da China nos mercados de energia -- há tempos motor do aumento do consumo de combustível fóssil e da crescente poluição por carbono -- agora está levando o planeta a uma direção mais limpa.

O maior consumidor de energia do mundo caminha rumo ao fim de uma era depois de queimar a menor quantidade de carvão em seis anos, de se tornar o produtor número um de energias renováveis e até de reduzir as emissões de gases causadores do aquecimento climático, segundo dados da BP.

“A China é muito importante para o mercado de energia”, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS Group. “Há um objetivo de se afastar do consumo de carvão e optar por fontes de energia mais limpas.”

A China desenvolveu um apetite voraz por energia desde a virada do século porque sua economia em expansão queimava grandes quantidades de combustíveis fósseis para manter as fábricas funcionando e os carros rodando.

Nesse processo o país ajudou a aumentar os preços do petróleo, do gás natural e do carvão e também se tornou o maior emissor de dióxido de carbono, gás causador do efeito estufa.

Cerca de uma em cada cinco pessoas mora na China e devido à sua classe média crescente o país está usando mais energia do que nunca, mas os padrões de consumo estão mudando.

O dinheiro está sendo investido em energia mais limpa e o carvão é desencorajado na luta para melhorar a qualidade do ar em algumas das cidades mais poluídas do mundo.

A economia do gigante asiático também está avançando em direção aos serviços, que são menos intensivos em energia do que a fabricação pesada.

Os números são impressionantes. A China ainda respondia por cerca de metade do carvão queimado no mundo no ano passado, mas o consumo do combustível caiu 1,6 por cento, segundo o relatório anual Statistical Review of World Energy da BP.

O resultado contrasta com a expansão média anual de 3,7 por cento nos 11 anos anteriores. As mudanças na política governamental resultaram em uma queda de 7,9 por cento na produção do combustível, contra um ganho médio de 3,9 por cento na década anterior.

Ao mesmo tempo, o país dominou as energias renováveis, respondendo por 40 por cento do crescimento global e superando os EUA como maior produtor de energia limpa, mostram dados da BP.

A capacidade solar instalada do país cresceu 79 por cento no ano passado, para 78 gigawatts, e a eólica se expandiu em 15 por cento, para 149 gigawatts.

“A fome chinesa por energia está sendo temperada por decisões em direção a uma via de crescimento mais sustentável e a uma rápida expansão das energias renováveis”, disse Jonathan Marshall, analista da Energy and Climate Intelligence Unit, com sede em Londres, por e-mail. Essas tendências geram “mais problemas para o carvão nos próximos anos”.

Devido ao crescimento industrial mais lento, o consumo de combustíveis destilados médios pela China, categoria que inclui o diesel, caiu no ano passado pela primeira vez em pelo menos uma década, mostram dados da BP.

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