Economia

Brasil é maior impactado por tarifas dos EUA, dizem especialistas

O governo anunciou, nesta quinta, que o Brasil "recorrerá a todas as ações necessárias" contra as novas tarifas americanas

Aço: "A medida de Trump vai gerar um duplo efeito negativo" (Martin Divisek/Bloomberg)

Aço: "A medida de Trump vai gerar um duplo efeito negativo" (Martin Divisek/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 9 de março de 2018 às 18h38.

O Brasil, segundo maior exportador de aço aos Estados Unidos, seria o país mais afetado pela imposição de altas tarifas alfandegárias às importações do metal, assinada nesta quinta-feira por Donald Trump, dizem especialistas e integrantes do setor consultados pelas AFP.

Para José Augusto Coelho Fernandes, diretor de Políticas e Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), "o Brasil seria o pais mais impactado" porque o presidente americano"liberou os países do Nafta (Acordo de Livre-Comércio da América do Norte) do primeiro impacto".

Canadá e México, primeiro e quarto maiores exportadores deste metal para os Estados Unidos, ficarão isentos da tarifação às importações de aço e alumínio, enquanto os três países renegociam os termos do seu acordo.

"A medida de Trump vai gerar um duplo efeito negativo. Primeiro, nas exportações brasileiras de aço ao mercado norte-americano. Depois, das próprias exportações dos Estados Unidos para o Brasil", resumiu à AFP Diego Bonomo, gerente de Assuntos Internacionais da CNI.

"Sobrou para o Brasil sofrer com a medida, levando em conta que o México (...) também não será afetado pela decisão do presidente americano", concordou a análise da consultoria Gradual Investimentos.

O governo anunciou, nesta quinta, que o Brasil "recorrerá a todas as ações necessárias, nos âmbitos bilateral e multilateral, para preservar seus direitos e interesses", segundo um comunicado conjunto, os ministros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Jorge.

O texto expressa a grande preocupação do governo com a decisão americana, que terá "significativo impacto negativo nos fluxos bilaterais de comércio, amplamente favoráveis aos Estados Unidos nos últimos 10 anos, e nas relações comerciais e de investimentos entre os dois países".

Prejuízo bilionário

Segundo dados da CNI, as novas taxas sobre os metais vão implicar em um prejuízo de 3 bilhões de dólares às exportações brasileiras de ferro e aço e de 144 milhões às de alumínio.

A Trump sancionou, nesta quinta, a adoção de tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as de alumínio.

O aço importado pelos Estados Unidos - maior consumidor mundial do metal - vem principalmente do Canadá (15,6%), seguido por Brasil (9,1%), Coreia do Sul (8,3%) e México, de acordo com dados do Departamento de Comércio americano.

Os Estados Unidos são também o principal destino das exportações brasileiras de aço, representando 32,9% das compras de 2017, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Em volume, as vendas brasileiras representam 13,72% das importações dos Estados Unidos - também em segundo lugar, atrás do Canadá, com 16,75%.

A entrada em vigor está prevista para daqui a 15 dias, mas o Canadá e o México não serão afetados "por enquanto". Seu destino dependerá do desfecho do Nafta.

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