PIB: projeções do Banco Central consideram que todos os componentes do indicador devem cair neste ano, exceto agropecuária. (Thinkstock/anyaberkut)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2016 às 09h49.
Brasília - Em meio ao conturbado cenário político, o Banco Central piorou fortemente a previsão de retração do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
Para a autoridade monetária, a economia brasileira vai fechar 2016 com retração de 3,5%. A projeção foi expressa no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na manhã desta quinta-feira, 31.
A previsão anterior do BC, feita em dezembro, indicava queda bem menos intensa, de 1,9%.
A estimativa de recuo para a produção da indústria passou de 3,9% para 5,8% no encerramento deste ano. O setor de serviços deverá recuar 2,4%, ante previsão anterior de queda de 1,2%.
A produção agropecuária deverá crescer 0,2%, ante estimativa anterior de 0,5%. Os investimentos vão levar um tombo de 13,0% este ano, de acordo com as novas previsões do BC, ante 9,5% na projeção anterior.
Para o consumo do governo em 2016, a projeção do BC passou de uma alta 0,4% para uma queda de 0,7%. No caso do consumo das famílias este ano, a estimativa da autoridade monetária passou de -2% para -3,3%.
Os analistas do mercado financeiro estimam, no último Relatório de Mercado Focus, uma queda de 3,66% do PIB em 2016.
No último relatório bimestral de receitas e despesas primárias, divulgado na semana passada, o governo projetou para o encerramento do ano uma retração um pouco mais modesta, de 3,05% no PIB.
A diretoria do BC explicou que as estimativas apresentadas no RTI levaram em conta um câmbio de R$ 3,70 no cenário de referência. O documento teve como data de corte o dia 18 de março deste ano.
A cotação do câmbio é menor do que a de R$ 3,90 usada na edição anterior. Nesse dia de corte do RTI, o dólar encerrou os negócios a R$ 3,62.
A conversão do cenário de referência também é menor do que a que consta na ata do último Comitê de Política Monetária (Copom), ocorrido no dia 02 de março, de R$ 3,95.
Nesse encontro, o colegiado decidiu manter a taxa básica de juros estável em 14,25% ao ano, mas com um placar dividido por seis a dois. Para a minoria dos membros do Copom, a diretoria já poderia ter aumentado a Selic para 14,75% ao ano.
O BC repetiu no RTI as mudanças sobre as contas públicas já apresentadas na última ata. A instituição passou a considerar um superávit primário de 0,50% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2016 e de 1,30% do PIB para 2017.
Os preços administrados, que foram os grandes vilões da inflação de 2015, continuarão a apresentar altas, ainda que em proporção bem menor neste e no próximo ano, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, 31, pelo Banco Central (BC).
Pelo documento, a taxa para esse conjunto de itens prevista pela instituição para 2016 mudou de 5,9% do RTI de dezembro para 6,1%. Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, a estimativa também era de 5,9%.
Para 2017, a expectativa é de alta de 5,00%, mesma variação projetada no último RTI e na ata divulgada no início deste mês.
Para realizar as revisões para os preços administrados deste ano, o BC levou em consideração novamente o reajuste de 9,9% nas tarifas de ônibus urbanos e uma redução de 3,5% nas contas de luz, consideradas as mudanças recentes nas bandeiras tarifárias, que passaram para o patamar verde.
As duas observações já haviam sido citadas na última ata do Copom.
Pelo Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, os preços administrados terão alta de 7,30% em 2016 e de 5,50% no ano que vem.