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É hora de afastar de vez os estigmas da saúde mental das corporações

Em sua coluna desta semana, Viviane Martins, CEO da Falconi, reflete sobre o Setembro Amarelo e a importância de as companhias focarem em saúde mental

o Brasil registrou por ano, entre 2014 e 2021, média de 221 mil internações por conta de saúde mental. (Klaus Vedfelt/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2022 às 17h45.

Segundo levantamento do Statista com dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou por ano, entre 2014 e 2021, média de 221 mil internações por conta de saúde mental.Além disso, distúrbios emocionais ou relacionados ao estresse estão entre as principais causas de internação por saúde mental em hospitais — e apesar de os números terem diminuído— 14% a menos entre 2019 e 2021 —, a preocupação segue crescente.

Ainda tema tabu, o suicídio é considerado um ato extremo em casos de doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Por isso, a campanha Setembro Amarelo reforça neste mês a necessidade de uma maior conscientização e prevenção ao suicídio, uma das causas mais comuns de morte entre aqueles de 15 a 29 anos: “a vida é a melhor escolha”.

A máxima que vem sendo repetida desde o tempo dos romanos, mens sana in corpore sano, continua, porém, partida ao meio — e é preciso tratar da saúde mental tal como se trata de questões de ordem física. Uma pesquisa divulgada há alguns meses pela plataforma de terapia online OrienteMe, com mais de 16 mil profissionais, indicou que 43% sofriam de depressão. Para além daquela que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como doença psiquiátrica crônica, o levantamento também revelou que 53% dos entrevistados estavam com níveis altos de estresse, e 47% com ansiedade.

Na fronteira da ansiedade, com causas mais lógicas e concretas e que afeta cerca de 9,3% da população brasileira segundo a OMS, está a Síndrome do Pânico, que se distingue da primeira pela intensidade dos sintomas e sua imprevisibilidade. Um ataque de pânico pode se traduzir em dificuldade para respirar, taquicardia, perda do foco visual, suor frio, secura da boca e medo de morte iminente.

A síndrome não raramente é confundida com outra, a Síndrome de Burnout. Mas enquanto na primeira há uma sensação súbita de pavor, na segunda os sintomas são constantes e frequentes. O Burnout é fruto de estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, trazendo sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia. Desde janeiro deste ano a síndrome é classificada como doença ocupacional e tem o Brasil como um dos líderes mundiais em casos.

Se o stress, a ansiedade e, em casos mais graves, a depressão e os ataques de pânico já vinham crescendo, com o Burnout o tema da saúde mental foi definitivamente alçado à pauta corporativa. As empresas passaram a ter um olhar mais cuidadoso sobre seus funcionários. Começaram a buscar uma maior compreensão sobre os fatores que estimulam uma boa saúde mental no ambiente de trabalho, como segurança psicológica, cultura, estilo de liderança e desafios e oportunidades dados às pessoas. Pois, tanto como em uma situação de saúde física, em termos de saúde mental a prevenção e o tratamento precoce também são fundamentais.

Em termos de prevenção, muitas empresas passaram a adotar uma semana mais curta. Sem perda de produtividade, a medida trouxe tempo essencial para que os profissionais desacelerem e se dediquem a atividades culturais, de lazer ou física, ou, simplesmente, descansem. Já o tratamento precoce depende, muitas vezes, da observação de um colega de trabalho a comportamentos que a própria pessoa não percebe e que, em geral, envolvem irritabilidade, autocobrança exagerada, confusão mental e perda de produtividade, em uma espécie de "grito de socorro" emitido silenciosamente.

Nesse momento, atos simples, mas eficazes, da empresa e de colegas estabelecem acolhimento através de ações como:

Dentro do processo de acolhimento, falar é essencial. É preciso expressar as emoções negativas que, por muitas vezes, são sinônimos de vergonha. O tema costuma ser tratado como um sentimentalismo exagerado. E ouvir também se torna fundamental. À medida que a pessoa encontra um ambiente afável e receptível para contar sobre suas sensações e não recebe críticas ou julgamentos de volta, a dificuldade passa a ser vista com um outro olhar. O mais importante é ter empatia e acolher quem precisa de apoio.

É fundamental que as empresas olhem de forma integrada para a saúde física e mental dos seus colaboradores – pois, como as corporações são parte do problema, também têm de se empenhar ativamente na solução. Não à toa a promoção da saúde mental se tornou um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). E esse será um dos temas que serão discutidos no final desta semana no evento “SGS in Brazil” (ao pé da letra, “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil”), encontro que reunirá CEOs e lideranças empresariais no dia 17, realizado pelo capítulo Brasil do Pacto Global na sede da ONU em Nova York.

Mais que nunca, vale lembrar do lema escolhido para o Setembro Amarelo deste ano: "a vida é a melhor escolha!”. Temos, todos, que nos unir para fazer desta escolha uma vida cada vez melhor — fora e dentro do local de trabalho.

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Síndrome de Burnout: o que é, quais são os sintomas e como tratar?

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Ainda tema tabu, o suicídio é considerado um ato extremo em casos de doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Por isso, a campanha Setembro Amarelo reforça neste mês a necessidade de uma maior conscientização e prevenção ao suicídio, uma das causas mais comuns de morte entre aqueles de 15 a 29 anos: “a vida é a melhor escolha”.

A máxima que vem sendo repetida desde o tempo dos romanos, mens sana in corpore sano, continua, porém, partida ao meio — e é preciso tratar da saúde mental tal como se trata de questões de ordem física. Uma pesquisa divulgada há alguns meses pela plataforma de terapia online OrienteMe, com mais de 16 mil profissionais, indicou que 43% sofriam de depressão. Para além daquela que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como doença psiquiátrica crônica, o levantamento também revelou que 53% dos entrevistados estavam com níveis altos de estresse, e 47% com ansiedade.

Na fronteira da ansiedade, com causas mais lógicas e concretas e que afeta cerca de 9,3% da população brasileira segundo a OMS, está a Síndrome do Pânico, que se distingue da primeira pela intensidade dos sintomas e sua imprevisibilidade. Um ataque de pânico pode se traduzir em dificuldade para respirar, taquicardia, perda do foco visual, suor frio, secura da boca e medo de morte iminente.

A síndrome não raramente é confundida com outra, a Síndrome de Burnout. Mas enquanto na primeira há uma sensação súbita de pavor, na segunda os sintomas são constantes e frequentes. O Burnout é fruto de estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, trazendo sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia. Desde janeiro deste ano a síndrome é classificada como doença ocupacional e tem o Brasil como um dos líderes mundiais em casos.

Se o stress, a ansiedade e, em casos mais graves, a depressão e os ataques de pânico já vinham crescendo, com o Burnout o tema da saúde mental foi definitivamente alçado à pauta corporativa. As empresas passaram a ter um olhar mais cuidadoso sobre seus funcionários. Começaram a buscar uma maior compreensão sobre os fatores que estimulam uma boa saúde mental no ambiente de trabalho, como segurança psicológica, cultura, estilo de liderança e desafios e oportunidades dados às pessoas. Pois, tanto como em uma situação de saúde física, em termos de saúde mental a prevenção e o tratamento precoce também são fundamentais.

Em termos de prevenção, muitas empresas passaram a adotar uma semana mais curta. Sem perda de produtividade, a medida trouxe tempo essencial para que os profissionais desacelerem e se dediquem a atividades culturais, de lazer ou física, ou, simplesmente, descansem. Já o tratamento precoce depende, muitas vezes, da observação de um colega de trabalho a comportamentos que a própria pessoa não percebe e que, em geral, envolvem irritabilidade, autocobrança exagerada, confusão mental e perda de produtividade, em uma espécie de "grito de socorro" emitido silenciosamente.

Nesse momento, atos simples, mas eficazes, da empresa e de colegas estabelecem acolhimento através de ações como:

Dentro do processo de acolhimento, falar é essencial. É preciso expressar as emoções negativas que, por muitas vezes, são sinônimos de vergonha. O tema costuma ser tratado como um sentimentalismo exagerado. E ouvir também se torna fundamental. À medida que a pessoa encontra um ambiente afável e receptível para contar sobre suas sensações e não recebe críticas ou julgamentos de volta, a dificuldade passa a ser vista com um outro olhar. O mais importante é ter empatia e acolher quem precisa de apoio.

É fundamental que as empresas olhem de forma integrada para a saúde física e mental dos seus colaboradores – pois, como as corporações são parte do problema, também têm de se empenhar ativamente na solução. Não à toa a promoção da saúde mental se tornou um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). E esse será um dos temas que serão discutidos no final desta semana no evento “SGS in Brazil” (ao pé da letra, “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil”), encontro que reunirá CEOs e lideranças empresariais no dia 17, realizado pelo capítulo Brasil do Pacto Global na sede da ONU em Nova York.

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