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Você sabe dizer não? Aprenda como e quando usar essa palavra

O “não”, que é tão mal-visto e tão condenado, também pode ser uma fonte rica de novas ideias

Falar não no trabalho (Issarawat Tattong/Getty Images)
LG

Luísa Granato

Publicado em 10 de novembro de 2021 às 10h39.

Última atualização em 11 de novembro de 2021 às 11h34.

Essa palavra tem apenas três letras, mas, nossa, como é difícil de falar. Você sente que pode decepcionar alguém, que não está sendo prestativo, que pode parecer preguiçoso, que vai deixar uma oportunidade escapar, que pode irritar o outro e, assim, a lista continua.

Uma série de sensações e sentimentos que descrevem o que se passa dentro de nós quando dizemos algo tão simples — e tão complexo ao mesmo tempo. Por que isso acontece?

Por se tratar de uma negativa, o “ não ”, talvez, seja injustamente associado a algo sempre ruim, um destruidor de sonhos e de possibilidades. Mas pare um minuto e pense no que significa uma sequência de “sim” distribuído sem nenhum critério.

Sabe aquele “sim” que sai da nossa boca sem pensar, que faz com que a nossa agenda tenha mais compromisso do que as 24 horas do dia, que é simpático, mas que promete coisas que não pode ou não consegue (pelo menos não naquele momento) cumprir? É dele que estou falando.

Dizer “sim” é firmar um compromisso e o problema de ter essa resposta na ponta da língua para absolutamente tudo é que ela pode comprometer a qualidade da entrega, os prazos estipulados, a atenção aos detalhes, a segurança do processo e, acima de tudo, pode comprometer a saúde.

Isso porque dificilmente conseguiremos atender a tudo e a todos sem perder algo no caminho e, muitas vezes, para não “manchar” nossa carreira, sacrificamos as noites de sono, uma alimentação saudável, o tempo com as pessoas que amamos, enfim, a nós mesmos.

Invertemos as prioridades e deixamos de lado as necessidades básicas do ser humano, mas, como diversos convidados nos ensinaram no Reset, evento online do Grupo Cia de Talentos e da startup Bettha.com, o "não" precisa ter um lugar nas nossas vidas.

A sua palavra é a sua garantia, por isso recusar educadamente uma proposta ou um pedido é tão importante e tão valioso quanto dizer “sim”. Avaliar o momento de um e de outro, veja bem, é um sinal de maturidade pessoal e profissional.

É também um sinal de autoconhecimento e de que, como Izabella Camargo explicou no evento, você sabe os seus limites. Quer uma dica de como identificar essa “linha invisível”? Pergunte a si mesmo: até onde posso ir sem comprometer a qualidade da minha entrega e sem comprometer o tempo necessário para cuidar de mim mesmo? Esse é um bom ponto de partida.

O “não”, que é tão mal-visto e tão condenado, coitado, também pode ser uma fonte rica de novas ideias. Pode parecer estranho, mas, na conversa com a cantora Anitta, Daniel Wakswaser, vice-presidente de marketing da Ambev, explicou que poder discordar e falar abertamente que não gostou de algo em uma conversa de trabalho é parte do processo de inovação.

No meio do debate de ideias, falar “sim” pode ser mais fácil: encurta a reunião e pronto. Porém, o “não”, às vezes, nos faz refletir mais sobre o assunto, rever pontos de vista e pensar em alternativas.

Saber quando dar uma ou outra resposta, contudo, não é fácil — principalmente quando já entramos no piloto-automático e balançamos a cabeça afirmativamente sem nem piscar. Para mudar esse hábito, além de avaliar o seu limite, aprenda a fazer mais perguntas antes de, rapidamente, entregar uma resposta.

Peça, por exemplo, detalhes da demanda. Entenda exatamente qual é o escopo do trabalho para, então, avaliar qual é o tempo necessário para realizá-lo com qualidade.

Pergunte também o prazo, afinal o tempo é fundamental para definir o processo, se será necessário ou não envolver mais pessoas, qual é a melhor forma de conduzir o trabalho e por aí vai. E não se esqueça de avaliar se a solicitação atende à estratégia da empresa e da sua área.

Se o tempo é escasso, esse é um fator determinante para saber diferenciar o que é urgente do que pode ser deixado para depois e do que pode ser delegado — falaremos melhor sobre isso em outro artigo.

Como falar "não"

Agora que você segurou aquele “sim” automático e avaliou melhor a situação, o próximo passo é aprender a falar “não” — claro, se for este o caso.

Como escrevi lá no começo, eu sei que é difícil, mas pense que, como já expliquei, um “não” bem justificado é tão valioso quanto um “sim” verdadeiramente comprometido. Além disso, uma resposta negativa não precisa ser para sempre. Às vezes, é só um “não” temporário, para aquele momento, diante daquelas circunstâncias.

Explicar o porquê da sua recusa é fundamental para evitar aqueles sentimentos todos que descrevi. Se você entende o porquê e consegue explicar para o outro, já tem meio caminho andado. Vale também dizer “não” e, junto, oferecer uma alternativa: outro prazo, outro colega que tem disponibilidade e poderia contribuir com o projeto, outra forma de obter aquele resultado.

Dito tudo isso, é importante apenas incluir uma ressalva: não torne o seu “não” em um capricho. O que quero dizer é que a sua resposta não deveria ser fruto de uma implicância, um viés que faz com que você torça o nariz para a pessoa e o seu pedido, uma má vontade com algo ou com alguém, um sinal de pouca flexibilidade.

A moral dessa conversa não é que só devemos dizer “sim” para aquilo que gostamos ou queremos fazer, mas para aquilo que conseguimos e devemos nos comprometer.

Afinal, uma série de “ nãos ” mal calibrados é tão danosa quanto uma sequência compulsiva de “ sims ”. O segredo é não automatizar as respostas e entender que, para cada situação, teremos uma sequência ideal de três letrinhas simples, mas que merecem um pouco mais da nossa atenção no dia a dia.

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Essa palavra tem apenas três letras, mas, nossa, como é difícil de falar. Você sente que pode decepcionar alguém, que não está sendo prestativo, que pode parecer preguiçoso, que vai deixar uma oportunidade escapar, que pode irritar o outro e, assim, a lista continua.

Uma série de sensações e sentimentos que descrevem o que se passa dentro de nós quando dizemos algo tão simples — e tão complexo ao mesmo tempo. Por que isso acontece?

Por se tratar de uma negativa, o “ não ”, talvez, seja injustamente associado a algo sempre ruim, um destruidor de sonhos e de possibilidades. Mas pare um minuto e pense no que significa uma sequência de “sim” distribuído sem nenhum critério.

Sabe aquele “sim” que sai da nossa boca sem pensar, que faz com que a nossa agenda tenha mais compromisso do que as 24 horas do dia, que é simpático, mas que promete coisas que não pode ou não consegue (pelo menos não naquele momento) cumprir? É dele que estou falando.

Dizer “sim” é firmar um compromisso e o problema de ter essa resposta na ponta da língua para absolutamente tudo é que ela pode comprometer a qualidade da entrega, os prazos estipulados, a atenção aos detalhes, a segurança do processo e, acima de tudo, pode comprometer a saúde.

Isso porque dificilmente conseguiremos atender a tudo e a todos sem perder algo no caminho e, muitas vezes, para não “manchar” nossa carreira, sacrificamos as noites de sono, uma alimentação saudável, o tempo com as pessoas que amamos, enfim, a nós mesmos.

Invertemos as prioridades e deixamos de lado as necessidades básicas do ser humano, mas, como diversos convidados nos ensinaram no Reset, evento online do Grupo Cia de Talentos e da startup Bettha.com, o "não" precisa ter um lugar nas nossas vidas.

A sua palavra é a sua garantia, por isso recusar educadamente uma proposta ou um pedido é tão importante e tão valioso quanto dizer “sim”. Avaliar o momento de um e de outro, veja bem, é um sinal de maturidade pessoal e profissional.

É também um sinal de autoconhecimento e de que, como Izabella Camargo explicou no evento, você sabe os seus limites. Quer uma dica de como identificar essa “linha invisível”? Pergunte a si mesmo: até onde posso ir sem comprometer a qualidade da minha entrega e sem comprometer o tempo necessário para cuidar de mim mesmo? Esse é um bom ponto de partida.

O “não”, que é tão mal-visto e tão condenado, coitado, também pode ser uma fonte rica de novas ideias. Pode parecer estranho, mas, na conversa com a cantora Anitta, Daniel Wakswaser, vice-presidente de marketing da Ambev, explicou que poder discordar e falar abertamente que não gostou de algo em uma conversa de trabalho é parte do processo de inovação.

No meio do debate de ideias, falar “sim” pode ser mais fácil: encurta a reunião e pronto. Porém, o “não”, às vezes, nos faz refletir mais sobre o assunto, rever pontos de vista e pensar em alternativas.

Saber quando dar uma ou outra resposta, contudo, não é fácil — principalmente quando já entramos no piloto-automático e balançamos a cabeça afirmativamente sem nem piscar. Para mudar esse hábito, além de avaliar o seu limite, aprenda a fazer mais perguntas antes de, rapidamente, entregar uma resposta.

Peça, por exemplo, detalhes da demanda. Entenda exatamente qual é o escopo do trabalho para, então, avaliar qual é o tempo necessário para realizá-lo com qualidade.

Pergunte também o prazo, afinal o tempo é fundamental para definir o processo, se será necessário ou não envolver mais pessoas, qual é a melhor forma de conduzir o trabalho e por aí vai. E não se esqueça de avaliar se a solicitação atende à estratégia da empresa e da sua área.

Se o tempo é escasso, esse é um fator determinante para saber diferenciar o que é urgente do que pode ser deixado para depois e do que pode ser delegado — falaremos melhor sobre isso em outro artigo.

Como falar "não"

Agora que você segurou aquele “sim” automático e avaliou melhor a situação, o próximo passo é aprender a falar “não” — claro, se for este o caso.

Como escrevi lá no começo, eu sei que é difícil, mas pense que, como já expliquei, um “não” bem justificado é tão valioso quanto um “sim” verdadeiramente comprometido. Além disso, uma resposta negativa não precisa ser para sempre. Às vezes, é só um “não” temporário, para aquele momento, diante daquelas circunstâncias.

Explicar o porquê da sua recusa é fundamental para evitar aqueles sentimentos todos que descrevi. Se você entende o porquê e consegue explicar para o outro, já tem meio caminho andado. Vale também dizer “não” e, junto, oferecer uma alternativa: outro prazo, outro colega que tem disponibilidade e poderia contribuir com o projeto, outra forma de obter aquele resultado.

Dito tudo isso, é importante apenas incluir uma ressalva: não torne o seu “não” em um capricho. O que quero dizer é que a sua resposta não deveria ser fruto de uma implicância, um viés que faz com que você torça o nariz para a pessoa e o seu pedido, uma má vontade com algo ou com alguém, um sinal de pouca flexibilidade.

A moral dessa conversa não é que só devemos dizer “sim” para aquilo que gostamos ou queremos fazer, mas para aquilo que conseguimos e devemos nos comprometer.

Afinal, uma série de “ nãos ” mal calibrados é tão danosa quanto uma sequência compulsiva de “ sims ”. O segredo é não automatizar as respostas e entender que, para cada situação, teremos uma sequência ideal de três letrinhas simples, mas que merecem um pouco mais da nossa atenção no dia a dia.

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