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WhatsApp muda voto? Não sabemos

Não há evidência cientifica de que a circulação de notícias falsas por redes sociais mude o voto de alguém

WhatsApp: aplicativo de mensagens vai adotar medidas mais rigorosas contra o spam (Bloomberg/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 19 de outubro de 2018 às 09h45.

Há fortes suposições a respeito do compartilhamento de notícias falsas pelo WhatsApp e seu impacto no comportamento eleitoral dos brasileiros. Toma-se como evidente que cidadãos são facilmente persuadidos por mentiras disseminadas em grupos de amigos, familiares e outros que compartilham preferências políticas semelhantes. Mas a área de comportamento eleitoral – ou seja, quais são os fatores que nos fazem escolher o candidato X em vez de Y – é das mais espinhosas na ciência política. James Stimson, um dos grandes especialistas no tema, desistiu de estudar comportamento eleitoral ao perceber que mesmo os melhores estudiosos com as melhores condições materiais para analisar o assunto não conseguem chegar a conclusões suficientemente científicas.

Isso não nos impede de especular sobre a influência do WhatsApp nas eleições brasileiras de 2018. A Folha de S. Paulo publicou nesta quinta-feira, 18, que empresas compraram “pacotes de disparos em massa” de mensagens contra o PT no WhatsApp para favorecer Jair Bolsonaro (PSL). Isto é ilegal porque configura doação empresarial para campanha política, algo proibido há três anos. (Fernando Haddad (PT) já disse que quer disputar o segundo turno contra Ciro Gomes (PDT). Empolgou.)

O fato é que talvez esse esforço pelo WhatsApp seja inútil ou desnecessário. Não há evidência cientifica de que a circulação de notícias falsas por redes sociais mude o voto de alguém ou convença um eleitor indeciso a votar no candidato X ou Y. Há várias possibilidades. A principal é: para que eu acredite na notícia falsa, preciso já ter preferência pelo partido que a notícia beneficia. Diversos estudos mostram, nos Estados Unidos, que eleitores com preferência pelo Partido Democrata tendem a dar mais peso para notícias incriminando Donald Trump.

Ou seja, é possível que notícias falsas via WhatsApp não mudem votos e apenas reforcem preferências existentes. É possível, também, que eleitores indecisos sejam mais afetados e optem por um candidato em vez de outro.

Não sabemos. O resto é fake analysis.

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Isso não nos impede de especular sobre a influência do WhatsApp nas eleições brasileiras de 2018. A Folha de S. Paulo publicou nesta quinta-feira, 18, que empresas compraram “pacotes de disparos em massa” de mensagens contra o PT no WhatsApp para favorecer Jair Bolsonaro (PSL). Isto é ilegal porque configura doação empresarial para campanha política, algo proibido há três anos. (Fernando Haddad (PT) já disse que quer disputar o segundo turno contra Ciro Gomes (PDT). Empolgou.)

O fato é que talvez esse esforço pelo WhatsApp seja inútil ou desnecessário. Não há evidência cientifica de que a circulação de notícias falsas por redes sociais mude o voto de alguém ou convença um eleitor indeciso a votar no candidato X ou Y. Há várias possibilidades. A principal é: para que eu acredite na notícia falsa, preciso já ter preferência pelo partido que a notícia beneficia. Diversos estudos mostram, nos Estados Unidos, que eleitores com preferência pelo Partido Democrata tendem a dar mais peso para notícias incriminando Donald Trump.

Ou seja, é possível que notícias falsas via WhatsApp não mudem votos e apenas reforcem preferências existentes. É possível, também, que eleitores indecisos sejam mais afetados e optem por um candidato em vez de outro.

Não sabemos. O resto é fake analysis.

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