Arquitetos do Futuro: construindo parcerias para superar desafios globais
Enfrentamos desafios globais: mudanças climáticas, desigualdades sociais, tecnologias disruptivas e a polarização política, problemas que exigem colaboração
CEO da Comunitas
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 16h23.
Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 16h59.
Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas
Parcerias intersetoriais não representam uma novidade para aqueles que se dedicam à promoção do desenvolvimento. Historicamente, surgiram como resposta às crescentes complexidades dos problemas sociais, econômicos e ambientais, que ultrapassam fronteiras físicas e setoriais.
Com a aceleração da globalização, as economias tornaram-se mais interconectadas, assim como os impactos da integração econômica nas culturas, sistemas políticos e no clima global. Nenhum governo, empresa ou organização da sociedade civil pode enfrentar esses problemas isoladamente. Assim, as parcerias evoluíram, refletindo mudanças nas economias e sociedades.
Atualmente, enfrentamos diversos desafios globais, que vão desde mudanças climáticas até desigualdades sociais, emergência de tecnologias potencialmente disruptivas nos mercados de trabalho, e a polarização política que paralisa governos e desafia a convivência democrática. Esses problemas complexos exigem uma abordagem colaborativa.
Entretanto, parcerias não são uma solução universal. Seu êxito depende do investimento em construção de confiança, diálogo aberto e alinhamento de interesses. Não estão, portanto, isentas de desafios. Conflitos de interesse, barreiras burocráticas e dificuldades na mensuração de impactos tangíveis são alguns dos obstáculos frequentemente enfrentados por essas parcerias para funcionarem adequadamente.
Diante de tanta incerteza, é natural que o sentimento de impotência afete algumas pessoas ou instituições. Felizmente, o Brasil é uma sociedade aberta, na qual milhares de cidadãos, empresas, organizações da sociedade civil e governos atuam de forma distribuída, buscando desenvolver soluções para desafios comuns.
Isso dá origem a inovações e boas práticas com potencial de replicação global. Pretendo me dedicar a abordar e descrever algumas dessas práticas em uma série de artigos a serem publicados neste espaço nos próximos meses.
Onde estão os exemplos
Um caso notável é a transição energética. Por um lado, a recente decisão do governo federal de aumentar as tarifas de importação de painéis solares suscita questões sobre protecionismo e sua compatibilidade com os objetivos de descarbonização propostos pelo próprio governo.
Contudo, há sinais de esperança. O custo de produção dos painéis solares está caindo mundialmente, governos no Brasil progridem na instalação de painéis em edifícios públicos e iniciativas como a instalação de painéis solares em comunidades carentes ressaltam o potencial das parcerias para abordar questões de justiça social e ambiental simultaneamente.
Na gestão ambiental, modalidades inovadoras de colaboração público-privada têm se multiplicado pelo país. Isso inclui a adoção de parques públicos por organizações sem fins lucrativos, incluindo a assinatura de Parcerias Público-Privadas (PPPs), passando por mecanismos inovadores de pagamento por serviços ambientais, ou mesmo engenharias institucionais criativas para viabilizar o uso de recursos de compensação ambiental, como é o caso do Fundo da Mata Atlântica no Rio de Janeiro.
Outro exemplo relevante é a gestão de recursos hídricos. A aprovação do Marco do Saneamento Básico tem acelerado a participação privada na expansão da oferta de serviços de esgotamento sanitário pelo Brasil, com efeito imediato na qualidade das águas em diferentes cidades.
Outros projetos, como a usina de dessalinização em Fortaleza, exemplificam como a colaboração entre os setores público e privado pode gerar soluções inovadoras para problemas antigos, como a escassez de água.
A insegurança alimentar global, exacerbada pela crise climática, é outro campo onde parcerias intersetoriais têm mostrado inovação e contribuído para erradicar a fome. Iniciativas de transferência direta de renda, financiadas com recursos públicos e filantrópicos, têm se multiplicado.
Projetos como o CCD-AD/SemeAr, da Embrapa, demonstram como a colaboração entre instituições de pesquisa, órgãos governamentais e agricultores familiares pode aproveitar o poder da tecnologia para impulsionar a produtividade na produção de alimentos através da agricultura digital. Embora haja desafios em termos de escalabilidade e adaptação a contextos locais, as iniciativas existentes no Brasil e em outras partes do mundo são motivos de esperança.
Até mesmo no campo da segurança pública, uma área extremamente delicada e que se tornou uma das agendas mais urgentes para a população brasileira nos últimos anos, tem-se demonstrado que a combinação de expertise tecnológica e conhecimento local tem o potencial de transformar as abordagens para a redução da criminalidade, sem aumentar a violência policial.
Uma luz sobre os desafios globais
Olhando para o futuro, as parcerias intersetoriais serão provavelmente moldadas por tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA), e por uma crescente consciência da interdependência global, que está cada vez mais ameaçada por disputas geopolíticas. Isso é preocupante, pois a pandemia de COVID-19 demonstrou a necessidade de colaboração rápida e eficaz entre diferentes setores para enfrentar crises de saúde pública.
É essencial continuarmos a refletir sobre o papel das parcerias intersetoriais no enfrentamento de desafios globais. Devemos nos questionar sobre como podemos contribuir para o sucesso dessas parcerias e o que isso significa para o futuro da inovação e do desenvolvimento sustentável.
Essa reflexão é crucial para garantir que as parcerias intersetoriais sejam não apenas eficazes, mas também inclusivas e adaptáveis às necessidades de um mundo em constante mudança.
Neste espírito, é com entusiasmo que anuncio que os próximos artigos desta plataforma se dedicarão a explorar esses e outros desafios cruciais em uma série de textos sobre desafios globais. Esta série se propõe a ser uma jornada detalhada por diferentes esferas, incluindo segurança alimentar, segurança pública, transição energética e gestão de recursos hídricos, entre outros temas.
Cada artigo buscará revelar como esses desafios estão sendo enfrentados não só pelo governo, mas também por iniciativas da iniciativa privada e da sociedade civil, através de diversas formas de parcerias.
O objetivo não apenas reconhecer e celebrar trabalhos notáveis e inovadores, mas também gerar otimismo e inspiração sobre o que pode ser feito e escalado para transformar o Brasil em um país mais justo e um exemplo global no enfrentamento dos desafios globais do século XXI.
Regina Esteves, diretora-presidente da Comunitas
Parcerias intersetoriais não representam uma novidade para aqueles que se dedicam à promoção do desenvolvimento. Historicamente, surgiram como resposta às crescentes complexidades dos problemas sociais, econômicos e ambientais, que ultrapassam fronteiras físicas e setoriais.
Com a aceleração da globalização, as economias tornaram-se mais interconectadas, assim como os impactos da integração econômica nas culturas, sistemas políticos e no clima global. Nenhum governo, empresa ou organização da sociedade civil pode enfrentar esses problemas isoladamente. Assim, as parcerias evoluíram, refletindo mudanças nas economias e sociedades.
Atualmente, enfrentamos diversos desafios globais, que vão desde mudanças climáticas até desigualdades sociais, emergência de tecnologias potencialmente disruptivas nos mercados de trabalho, e a polarização política que paralisa governos e desafia a convivência democrática. Esses problemas complexos exigem uma abordagem colaborativa.
Entretanto, parcerias não são uma solução universal. Seu êxito depende do investimento em construção de confiança, diálogo aberto e alinhamento de interesses. Não estão, portanto, isentas de desafios. Conflitos de interesse, barreiras burocráticas e dificuldades na mensuração de impactos tangíveis são alguns dos obstáculos frequentemente enfrentados por essas parcerias para funcionarem adequadamente.
Diante de tanta incerteza, é natural que o sentimento de impotência afete algumas pessoas ou instituições. Felizmente, o Brasil é uma sociedade aberta, na qual milhares de cidadãos, empresas, organizações da sociedade civil e governos atuam de forma distribuída, buscando desenvolver soluções para desafios comuns.
Isso dá origem a inovações e boas práticas com potencial de replicação global. Pretendo me dedicar a abordar e descrever algumas dessas práticas em uma série de artigos a serem publicados neste espaço nos próximos meses.
Onde estão os exemplos
Um caso notável é a transição energética. Por um lado, a recente decisão do governo federal de aumentar as tarifas de importação de painéis solares suscita questões sobre protecionismo e sua compatibilidade com os objetivos de descarbonização propostos pelo próprio governo.
Contudo, há sinais de esperança. O custo de produção dos painéis solares está caindo mundialmente, governos no Brasil progridem na instalação de painéis em edifícios públicos e iniciativas como a instalação de painéis solares em comunidades carentes ressaltam o potencial das parcerias para abordar questões de justiça social e ambiental simultaneamente.
Na gestão ambiental, modalidades inovadoras de colaboração público-privada têm se multiplicado pelo país. Isso inclui a adoção de parques públicos por organizações sem fins lucrativos, incluindo a assinatura de Parcerias Público-Privadas (PPPs), passando por mecanismos inovadores de pagamento por serviços ambientais, ou mesmo engenharias institucionais criativas para viabilizar o uso de recursos de compensação ambiental, como é o caso do Fundo da Mata Atlântica no Rio de Janeiro.
Outro exemplo relevante é a gestão de recursos hídricos. A aprovação do Marco do Saneamento Básico tem acelerado a participação privada na expansão da oferta de serviços de esgotamento sanitário pelo Brasil, com efeito imediato na qualidade das águas em diferentes cidades.
Outros projetos, como a usina de dessalinização em Fortaleza, exemplificam como a colaboração entre os setores público e privado pode gerar soluções inovadoras para problemas antigos, como a escassez de água.
A insegurança alimentar global, exacerbada pela crise climática, é outro campo onde parcerias intersetoriais têm mostrado inovação e contribuído para erradicar a fome. Iniciativas de transferência direta de renda, financiadas com recursos públicos e filantrópicos, têm se multiplicado.
Projetos como o CCD-AD/SemeAr, da Embrapa, demonstram como a colaboração entre instituições de pesquisa, órgãos governamentais e agricultores familiares pode aproveitar o poder da tecnologia para impulsionar a produtividade na produção de alimentos através da agricultura digital. Embora haja desafios em termos de escalabilidade e adaptação a contextos locais, as iniciativas existentes no Brasil e em outras partes do mundo são motivos de esperança.
Até mesmo no campo da segurança pública, uma área extremamente delicada e que se tornou uma das agendas mais urgentes para a população brasileira nos últimos anos, tem-se demonstrado que a combinação de expertise tecnológica e conhecimento local tem o potencial de transformar as abordagens para a redução da criminalidade, sem aumentar a violência policial.
Uma luz sobre os desafios globais
Olhando para o futuro, as parcerias intersetoriais serão provavelmente moldadas por tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA), e por uma crescente consciência da interdependência global, que está cada vez mais ameaçada por disputas geopolíticas. Isso é preocupante, pois a pandemia de COVID-19 demonstrou a necessidade de colaboração rápida e eficaz entre diferentes setores para enfrentar crises de saúde pública.
É essencial continuarmos a refletir sobre o papel das parcerias intersetoriais no enfrentamento de desafios globais. Devemos nos questionar sobre como podemos contribuir para o sucesso dessas parcerias e o que isso significa para o futuro da inovação e do desenvolvimento sustentável.
Essa reflexão é crucial para garantir que as parcerias intersetoriais sejam não apenas eficazes, mas também inclusivas e adaptáveis às necessidades de um mundo em constante mudança.
Neste espírito, é com entusiasmo que anuncio que os próximos artigos desta plataforma se dedicarão a explorar esses e outros desafios cruciais em uma série de textos sobre desafios globais. Esta série se propõe a ser uma jornada detalhada por diferentes esferas, incluindo segurança alimentar, segurança pública, transição energética e gestão de recursos hídricos, entre outros temas.
Cada artigo buscará revelar como esses desafios estão sendo enfrentados não só pelo governo, mas também por iniciativas da iniciativa privada e da sociedade civil, através de diversas formas de parcerias.
O objetivo não apenas reconhecer e celebrar trabalhos notáveis e inovadores, mas também gerar otimismo e inspiração sobre o que pode ser feito e escalado para transformar o Brasil em um país mais justo e um exemplo global no enfrentamento dos desafios globais do século XXI.