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O que o juro real negativo do Brasil tem a ver com seus investimentos?

O Juro Real brasileiro foi negativo em mais de 2% no ano de 2020. E o que isso significa?

(M2K7/Thinkstock)
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marianamartucci

Publicado em 15 de março de 2021 às 18h38.

No ano de 2020, provavelmente, você ouviu falar que a taxa Selic chegou a sua mínima histórica, na casa de 2% ao ano. Caso você não tenha lido sobre isso, ao olhar o extrato bancário, em algum momento, os rendimentos se tornaram cada vez menores. Talvez esse simples fato tenha gerado um incômodo, principalmente, para aqueles que vivem de renda. Mas, o importante pode ter passado despercebido ao olho do investidor: o Juro Real brasileiro foi negativo em mais de 2% no ano de 2020. E o que isso significa?

Juro real negativo significa que o rendimento nominal (aquele que é divulgado nas aplicações, como por exemplo a SELIC de 2% em 2020) descontado da inflação no mesmo período resulta em um número menor que zero. Em outras palavras, em um mundo de juros reais negativos, a cada período que passa, o seu dinheiro perde valor. Dizemos que houve uma perda no poder de compra dos investidores. É exatamente esse movimento que estamos vivemos no Brasil.

Para se proteger desse cenário, o investidor precisa tomar mais risco e isso pode, em grande parte, explicar o fluxo de novos CPFs para a Bolsa em 2020, o aumento do patrimônio de fundos agressivos e a disseminação das conversas sobre investimentos. Mas, será que esse movimento tem sido racional e positivo para o investidor? Quais pontos devem ser considerados?

Em primeiro lugar, o investidor nunca deve simplesmente tomar risco nos seus investimentos sem conhecer o seu perfil de investidor. Saber do seu ciclo financeiro de vida, dos seus limites de aversão ou aptidão ao risco, suas restrições de liquidez, seu conhecimento sobre aquilo que está querendo investir é o passo inicial para qualquer investidor. O suitability aplicado pelos bancos e corretoras é um primeiro movimento nesse sentido, mas a ajuda profissional e o interesse próprio por conhecimento são cada vez mais fundamentais.

Em segundo lugar, tomar mais risco não é sinônimo unicamente de comprar ações. O bom investidor é aquele que constrói um portfólio de investimentos diversificado. Essa é a palavra-chave do mundo dos investimentos. No bom português, não coloque todos os ovos em uma mesma cesta. Diversificar um portfólio é tarefa mais difícil do que parece. Não basta comprar um número elevado de ativos, é preciso levar em conta a correlação entre esses. Ou seja, é preciso ter ativos que se comportem de maneiras distintas perante os movimentos de mercado.

Para compor um portfólio diversificado, o investidor tem que analisar e considerar uma série de produtos: Ativos de Renda Fixa dos mais conservadores como os CDBs de grandes bancos até fundos de Crédito Privado com maior risco, Fundos Multimercado de diversas classes: (Macro, Equity Hedge, Quantitativos), Fundos Imobiliários, Fundos de Ações e ações propriamente ditas entre outros ativos. E, no atual cenário político-econômico Brasileiro, é essencial para o investidor considerar internacionalizar uma parcela do seu risco em ativos não ligados à economia brasileira.

Por fim, vale sempre lembrar da máxima dos investimentos: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Ao analisar investimentos, o olhar do investidor tem de estar sempre no futuro: na qualidade das pessoas, na qualidade dos produtos e no foco designado para aquela empresa ou gestora. Importante sempre lembrar que o mundo dos investimentos é uma maratona, portanto o foco, a disciplina e o acompanhamento dos seus recursos são essenciais para um bom resultado no longo-prazo.

*Lucas Sassi é gestor das Carteiras Locais da Quadrante Investimentos. Formado em Administração de Empresas pela FGV EAESP com Master em Financial Economics pela Escola de Economia da FGV. É gestor de investimentos CGA e certificado CFP® pela Planejar.

A Quadrante Investimentos é uma empresa de gestão de recursos totalmente independente, sem vínculos societários ou comerciais com bancos, corretoras ou fundos de investimentos, totalmente focada nas necessidades dos clientes.

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No ano de 2020, provavelmente, você ouviu falar que a taxa Selic chegou a sua mínima histórica, na casa de 2% ao ano. Caso você não tenha lido sobre isso, ao olhar o extrato bancário, em algum momento, os rendimentos se tornaram cada vez menores. Talvez esse simples fato tenha gerado um incômodo, principalmente, para aqueles que vivem de renda. Mas, o importante pode ter passado despercebido ao olho do investidor: o Juro Real brasileiro foi negativo em mais de 2% no ano de 2020. E o que isso significa?

Juro real negativo significa que o rendimento nominal (aquele que é divulgado nas aplicações, como por exemplo a SELIC de 2% em 2020) descontado da inflação no mesmo período resulta em um número menor que zero. Em outras palavras, em um mundo de juros reais negativos, a cada período que passa, o seu dinheiro perde valor. Dizemos que houve uma perda no poder de compra dos investidores. É exatamente esse movimento que estamos vivemos no Brasil.

Para se proteger desse cenário, o investidor precisa tomar mais risco e isso pode, em grande parte, explicar o fluxo de novos CPFs para a Bolsa em 2020, o aumento do patrimônio de fundos agressivos e a disseminação das conversas sobre investimentos. Mas, será que esse movimento tem sido racional e positivo para o investidor? Quais pontos devem ser considerados?

Em primeiro lugar, o investidor nunca deve simplesmente tomar risco nos seus investimentos sem conhecer o seu perfil de investidor. Saber do seu ciclo financeiro de vida, dos seus limites de aversão ou aptidão ao risco, suas restrições de liquidez, seu conhecimento sobre aquilo que está querendo investir é o passo inicial para qualquer investidor. O suitability aplicado pelos bancos e corretoras é um primeiro movimento nesse sentido, mas a ajuda profissional e o interesse próprio por conhecimento são cada vez mais fundamentais.

Em segundo lugar, tomar mais risco não é sinônimo unicamente de comprar ações. O bom investidor é aquele que constrói um portfólio de investimentos diversificado. Essa é a palavra-chave do mundo dos investimentos. No bom português, não coloque todos os ovos em uma mesma cesta. Diversificar um portfólio é tarefa mais difícil do que parece. Não basta comprar um número elevado de ativos, é preciso levar em conta a correlação entre esses. Ou seja, é preciso ter ativos que se comportem de maneiras distintas perante os movimentos de mercado.

Para compor um portfólio diversificado, o investidor tem que analisar e considerar uma série de produtos: Ativos de Renda Fixa dos mais conservadores como os CDBs de grandes bancos até fundos de Crédito Privado com maior risco, Fundos Multimercado de diversas classes: (Macro, Equity Hedge, Quantitativos), Fundos Imobiliários, Fundos de Ações e ações propriamente ditas entre outros ativos. E, no atual cenário político-econômico Brasileiro, é essencial para o investidor considerar internacionalizar uma parcela do seu risco em ativos não ligados à economia brasileira.

Por fim, vale sempre lembrar da máxima dos investimentos: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Ao analisar investimentos, o olhar do investidor tem de estar sempre no futuro: na qualidade das pessoas, na qualidade dos produtos e no foco designado para aquela empresa ou gestora. Importante sempre lembrar que o mundo dos investimentos é uma maratona, portanto o foco, a disciplina e o acompanhamento dos seus recursos são essenciais para um bom resultado no longo-prazo.

*Lucas Sassi é gestor das Carteiras Locais da Quadrante Investimentos. Formado em Administração de Empresas pela FGV EAESP com Master em Financial Economics pela Escola de Economia da FGV. É gestor de investimentos CGA e certificado CFP® pela Planejar.

A Quadrante Investimentos é uma empresa de gestão de recursos totalmente independente, sem vínculos societários ou comerciais com bancos, corretoras ou fundos de investimentos, totalmente focada nas necessidades dos clientes.

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