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A volta de Gabriela Pugliesi, nossa "Maria Antonieta fitness"

Depois de servir de referência do que não ser, não fazer e não falar nas redes sociais, a digital influencer volta às redes sociais depois de três meses

Gabriela Pugliesi: pedido de desculpas após festa e escândalo durante pandemia e meses longe das redes sociais (Reprodução/Divulgação)
GD

Guilherme Dearo

Publicado em 22 de julho de 2020 às 06h00.

Depois de servir de grande referência do que não ser, não fazer, não falar nas redes sociais, a digital influencer Gabriela Pugliesi volta às redes sociais depois de três meses de ausência. Com um discurso estratégico direcionado para um pedido de perdão disfarçado em aprendizado de mudança, conseguimos perceber:

- Texto apelativo para o valor do humano que há em nós, afinal de contas, segundo ela, a ofensa “foda-se a vida” não foi direcionada a alguém específico;
- Apelo simbólico para Deus que a permitiu passar por essa “provação” que servirá de aprendizado para a vida;
- Postura de joelhos;
- Roupa neutra com mensagem de amor na camiseta;
- Maquiagem natural;
- Cenário sem grandes ostentações e intimista, o próprio quarto.

O mais curioso disso tudo é o próprio discurso da influencer repleto de vazios, trejeitos fofos que foram usados como táticas para se “redimir”.

Parece que a influencer não entendeu a grande lição do cancelamento que não foi exatamente falar um “foda-se a vida” e furar uma quarentena, mas a compreensão do ela carrega dentro de si mesma, o modo de pensar e de agir em sociedade a partir de uma perspectiva elitista.

Ou seja, o que entrou em pauta foi a ética e a moral expressas na sua atitude de menina rica que sequer consegue olhar para além da sacada da sua varanda.

“Foda-se a vida” foi tomado a risca por mais de 80 mil pessoas que morreram de Covid-19 e sequer tiveram metade dos privilégios que a nossa Maria Antonieta fitness tem acesso, o da quarentena por exemplo.

O pedido de “desculpas” demonstra mais uma vez a completa falta de consciência e relevância de uma pandemia que MATA os mais pobres e expressa a falta de um sentimento que é mais sobre o fazer do que sobre o falar: o da solidariedade.

O cancelamento está mais associado a um boicote, é uma resposta das marcas, empresas e seguidores ao fato de não consumir sua imagem, escolhas, produtos, ideologias... Segundo o jornal Extra o número de seguidores vem diminuindo, mas quem definirá se a moça precisará de uma geladeira ou de um freezer?

Será que a sociedade, empresas e marcas estão prontas para tomar partido e levar a guilhotina tantas Marias Antonietas que comem croissant enquanto o povo brasileiro luta por farinha?


Hilaine Yaccoub é doutora em Antropologia do Consumo. Atua como palestrante e consultora, realizando estudos que promovem ligação entre o mercado consumidor, o conhecimento acadêmico e as empresas. Para seguir nas redes sociais: @hilaine

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Depois de servir de grande referência do que não ser, não fazer, não falar nas redes sociais, a digital influencer Gabriela Pugliesi volta às redes sociais depois de três meses de ausência. Com um discurso estratégico direcionado para um pedido de perdão disfarçado em aprendizado de mudança, conseguimos perceber:

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- Apelo simbólico para Deus que a permitiu passar por essa “provação” que servirá de aprendizado para a vida;
- Postura de joelhos;
- Roupa neutra com mensagem de amor na camiseta;
- Maquiagem natural;
- Cenário sem grandes ostentações e intimista, o próprio quarto.

O mais curioso disso tudo é o próprio discurso da influencer repleto de vazios, trejeitos fofos que foram usados como táticas para se “redimir”.

Parece que a influencer não entendeu a grande lição do cancelamento que não foi exatamente falar um “foda-se a vida” e furar uma quarentena, mas a compreensão do ela carrega dentro de si mesma, o modo de pensar e de agir em sociedade a partir de uma perspectiva elitista.

Ou seja, o que entrou em pauta foi a ética e a moral expressas na sua atitude de menina rica que sequer consegue olhar para além da sacada da sua varanda.

“Foda-se a vida” foi tomado a risca por mais de 80 mil pessoas que morreram de Covid-19 e sequer tiveram metade dos privilégios que a nossa Maria Antonieta fitness tem acesso, o da quarentena por exemplo.

O pedido de “desculpas” demonstra mais uma vez a completa falta de consciência e relevância de uma pandemia que MATA os mais pobres e expressa a falta de um sentimento que é mais sobre o fazer do que sobre o falar: o da solidariedade.

O cancelamento está mais associado a um boicote, é uma resposta das marcas, empresas e seguidores ao fato de não consumir sua imagem, escolhas, produtos, ideologias... Segundo o jornal Extra o número de seguidores vem diminuindo, mas quem definirá se a moça precisará de uma geladeira ou de um freezer?

Será que a sociedade, empresas e marcas estão prontas para tomar partido e levar a guilhotina tantas Marias Antonietas que comem croissant enquanto o povo brasileiro luta por farinha?


Hilaine Yaccoub é doutora em Antropologia do Consumo. Atua como palestrante e consultora, realizando estudos que promovem ligação entre o mercado consumidor, o conhecimento acadêmico e as empresas. Para seguir nas redes sociais: @hilaine

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