Tanure volta a ameaçar a reestruturação da Oi
O empresário conseguiu convencer um dos conselheiros do Cade que ele pode ser uma alternativa à proposta de Claro, Tim e Vivo
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 09h50.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2022 às 20h55.
Aluizio Falcão Filho
A operação de reestruturação da Oi , que foi nesta semana aprovada por unanimidade na Anatel e há alguns meses pela área técnica do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, ainda corre o risco de não chegar ao fim. O perigo atende pelo nome de Nelson Tanure (imagem) e seu poderoso lobby. O empresário, com longa história de atuação em Brasília e conhecido no mercado por adquirir ativos estressados e passá-los à frente, conseguiu convencer um dos conselheiros do Cade, órgão responsável pela avaliação final ao processo, que ele pode ser uma alternativa à proposta engendrada por Claro, Tim e Vivo.
O conselheiro em questão é o economista Luis Braido. Ele tem dito a interlocutores que vê na operação uma forma de se concentrar o mercado de operadoras móveis no Brasil. A posição de Braido, porém, contraria a orientação da superintendência-geral do órgão e a da própria Anatel, que recomendou a aprovação do negócio (em troca da assinatura do contrato, o comando do Cade exigiu procedimentos que os executivos envolvidos com a negociação chamam de “remédios comportamentais”: aluguel de espectro de radiofrequência, compartilhamento de redes, contratos de roaming, entre outras obrigações).
“No G-20, apenas três países têm quatro operadoras nacionais de telefonia móvel e o Brasil é um deles”, afirma um executivo graduado que acompanha de perto as conversas envolvendo a Oi. “Nos dezessete restantes, a regra é ter três empresas atuando nas praças”. Para esse observador privilegiado, a proposta atende as regras do mercado e oferece um bônus, ao criar uma empresa independente de comunicação através de fibra ótica e liberar as operadoras para investir no mercado que realmente importa para elas – o de 5G.
Entre as operadoras móveis, a interpretação é a de que, se a proposta for rejeitada, haverá apenas uma saída para Oi: a falência, que custará dezenas de milhares de empregos. Essa é justamente essa possibilidade que interessa Tanure. Com o caos instalado, ele poderia adquirir os ativos da companhia por um valor irrisório e fazer o seu leilão particular.
Em nota, a Copel Telecom afirma que se move por princípios dos quais não abre mão, entre os quais o compromisso de levar serviços de qualidade, a preços justos e respeitando a competição de mercado.
Eles informaram que estão acompanhando o processo de venda da área de celulares do grupo Oi, o que foi comunicado por nós com muita transparência e responsabilidade.
"Nossa participação neste processo visa defender os interesses dos consumidores brasileiros. A nosso ver, qualquer que seja o resultado desta operação, ele deve ter como princípio primeiro levar mais e melhores serviços aos usuários com um preço justo. Se defender o interesse da sociedade brasileira é um defeito, então que assim seja, pois a Copel Telecom, com seus milhares de colaboradores, não vai abrir mão deste princípio", diz o comunicado.
Aluizio Falcão Filho
A operação de reestruturação da Oi , que foi nesta semana aprovada por unanimidade na Anatel e há alguns meses pela área técnica do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, ainda corre o risco de não chegar ao fim. O perigo atende pelo nome de Nelson Tanure (imagem) e seu poderoso lobby. O empresário, com longa história de atuação em Brasília e conhecido no mercado por adquirir ativos estressados e passá-los à frente, conseguiu convencer um dos conselheiros do Cade, órgão responsável pela avaliação final ao processo, que ele pode ser uma alternativa à proposta engendrada por Claro, Tim e Vivo.
O conselheiro em questão é o economista Luis Braido. Ele tem dito a interlocutores que vê na operação uma forma de se concentrar o mercado de operadoras móveis no Brasil. A posição de Braido, porém, contraria a orientação da superintendência-geral do órgão e a da própria Anatel, que recomendou a aprovação do negócio (em troca da assinatura do contrato, o comando do Cade exigiu procedimentos que os executivos envolvidos com a negociação chamam de “remédios comportamentais”: aluguel de espectro de radiofrequência, compartilhamento de redes, contratos de roaming, entre outras obrigações).
“No G-20, apenas três países têm quatro operadoras nacionais de telefonia móvel e o Brasil é um deles”, afirma um executivo graduado que acompanha de perto as conversas envolvendo a Oi. “Nos dezessete restantes, a regra é ter três empresas atuando nas praças”. Para esse observador privilegiado, a proposta atende as regras do mercado e oferece um bônus, ao criar uma empresa independente de comunicação através de fibra ótica e liberar as operadoras para investir no mercado que realmente importa para elas – o de 5G.
Entre as operadoras móveis, a interpretação é a de que, se a proposta for rejeitada, haverá apenas uma saída para Oi: a falência, que custará dezenas de milhares de empregos. Essa é justamente essa possibilidade que interessa Tanure. Com o caos instalado, ele poderia adquirir os ativos da companhia por um valor irrisório e fazer o seu leilão particular.
Em nota, a Copel Telecom afirma que se move por princípios dos quais não abre mão, entre os quais o compromisso de levar serviços de qualidade, a preços justos e respeitando a competição de mercado.
Eles informaram que estão acompanhando o processo de venda da área de celulares do grupo Oi, o que foi comunicado por nós com muita transparência e responsabilidade.
"Nossa participação neste processo visa defender os interesses dos consumidores brasileiros. A nosso ver, qualquer que seja o resultado desta operação, ele deve ter como princípio primeiro levar mais e melhores serviços aos usuários com um preço justo. Se defender o interesse da sociedade brasileira é um defeito, então que assim seja, pois a Copel Telecom, com seus milhares de colaboradores, não vai abrir mão deste princípio", diz o comunicado.