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Mais uma reflexão sobre os empresários que falaram em golpe no WhatsApp

Aluizio Falcão comenta sobre o grupo de empresários que defendia um golpe em caso de vitória de Lula sobre Bolsonaro

INDIA - 2022/07/17: In this photo illustration, a WhatsApp logo is displayed on an android mobile phone. (Photo Illustration by Avishek Das/SOPA Images/LightRocket via Getty Images) (LightRocket/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2022 às 10h28.

No dia 5 de outubro de 1988, a Constituição que está em vigor foi promulgada. Na sessão em que a Carta foi divulgada à sociedade, o deputado Ulysses Guimarães proclamou um discurso histórico, que ficou na memória de muitos. Desta fala, duas frases chamam a atenção e ganharam um caráter eterno.

A primeira: “Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.

Democratas e defensores do Estado de Direito concordam com o dr. Ulysses e se posicionam fortemente diante de qualquer manifestação que possa ferir a soberania popular. É por esta razão que houve uma reação tão enérgica sobre posts antidemocráticos que pudemos ver, nesta semana, em um grupo de WhatsApp voltado a empresários (é preciso ressaltar que a maioria dos membros do grupo não se manifestaram a favor da frase que do empresário que dizia preferir “um golpe a Lula”, referindo-se a uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva).

A reação virulenta, para muitos, veio apenas da imprensa. Mas as redes sociais também capturaram a indignação de quem não tem saudade da ditadura (evidentemente, há uma minoria da sociedade brasileira – de 6 % A 9 %, dependendo da pesquisa – que prefere um regime de exceção à democracia). O resultado foi estrondoso, especialmente pelo Twitter, e não ficou restrito à esquerda.

Isso mostra que a sociedade não tolera qualquer comentário que insinue apoio à ruptura, como foi o do empresário que disse não conseguir aguentar a volta de Lula ao poder.

Logo após proferir seu ódio à ditadura, Ulysses Guimarães disse uma outra frase importantíssima naquele discurso que inaugurava a Constituição: “Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações”.

Vamos lembrar que existe, na lei, dispositivos para punir quem atente contra o Estado Democrático de Direito. Mas, e quando a discussão é sobre pesquisas e urnas eletrônicas? É tão grave quanto achar que um golpe de estado é admissível dependendo de quem vença as eleições? Certamente, não.

Ocorre que o ministro Alexandre de Moraes colocou vários membros do grupo no mesmo balaio e, a pedido da Polícia Federal, autorizou que esses empresários sofressem ações de busca e apreensão. Quem havia falado em golpe foi atingido, assim como aqueles que duvidam das pesquisas ou quem reclamou de ministros do Tribunal Superior Eleitoral.

Promover busca e apreensão de quem nada falou contra a democracia, mas se queixou das altas cortes, é algo que remete à tirania? Provavelmente.

Como as vítimas dessa operação são homens de negócios ligados ao presidente Jair Bolsonaro, muitos integrantes da esquerda, além de vários intelectuais, aplaudiram o que ocorreu. A essas pessoas, precisamos perguntar: e se o STF começar a discordar da esquerda e ameaçar alguns representantes dessa corrente com operações ou prisões?

Não podemos deixar que nossa democracia seja colocada em xeque por ninguém. Mas, igualmente, não podemos deixar que nossas autoridades extrapolem seus poderes – não importa a ideologia de quem for atingido pelo Tsunami jurídico. Nessa hora difícil, é preciso de calma e essa matéria-prima é bastante escassa neste Brasil polarizado.

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No dia 5 de outubro de 1988, a Constituição que está em vigor foi promulgada. Na sessão em que a Carta foi divulgada à sociedade, o deputado Ulysses Guimarães proclamou um discurso histórico, que ficou na memória de muitos. Desta fala, duas frases chamam a atenção e ganharam um caráter eterno.

A primeira: “Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.

Democratas e defensores do Estado de Direito concordam com o dr. Ulysses e se posicionam fortemente diante de qualquer manifestação que possa ferir a soberania popular. É por esta razão que houve uma reação tão enérgica sobre posts antidemocráticos que pudemos ver, nesta semana, em um grupo de WhatsApp voltado a empresários (é preciso ressaltar que a maioria dos membros do grupo não se manifestaram a favor da frase que do empresário que dizia preferir “um golpe a Lula”, referindo-se a uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva).

A reação virulenta, para muitos, veio apenas da imprensa. Mas as redes sociais também capturaram a indignação de quem não tem saudade da ditadura (evidentemente, há uma minoria da sociedade brasileira – de 6 % A 9 %, dependendo da pesquisa – que prefere um regime de exceção à democracia). O resultado foi estrondoso, especialmente pelo Twitter, e não ficou restrito à esquerda.

Isso mostra que a sociedade não tolera qualquer comentário que insinue apoio à ruptura, como foi o do empresário que disse não conseguir aguentar a volta de Lula ao poder.

Logo após proferir seu ódio à ditadura, Ulysses Guimarães disse uma outra frase importantíssima naquele discurso que inaugurava a Constituição: “Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações”.

Vamos lembrar que existe, na lei, dispositivos para punir quem atente contra o Estado Democrático de Direito. Mas, e quando a discussão é sobre pesquisas e urnas eletrônicas? É tão grave quanto achar que um golpe de estado é admissível dependendo de quem vença as eleições? Certamente, não.

Ocorre que o ministro Alexandre de Moraes colocou vários membros do grupo no mesmo balaio e, a pedido da Polícia Federal, autorizou que esses empresários sofressem ações de busca e apreensão. Quem havia falado em golpe foi atingido, assim como aqueles que duvidam das pesquisas ou quem reclamou de ministros do Tribunal Superior Eleitoral.

Promover busca e apreensão de quem nada falou contra a democracia, mas se queixou das altas cortes, é algo que remete à tirania? Provavelmente.

Como as vítimas dessa operação são homens de negócios ligados ao presidente Jair Bolsonaro, muitos integrantes da esquerda, além de vários intelectuais, aplaudiram o que ocorreu. A essas pessoas, precisamos perguntar: e se o STF começar a discordar da esquerda e ameaçar alguns representantes dessa corrente com operações ou prisões?

Não podemos deixar que nossa democracia seja colocada em xeque por ninguém. Mas, igualmente, não podemos deixar que nossas autoridades extrapolem seus poderes – não importa a ideologia de quem for atingido pelo Tsunami jurídico. Nessa hora difícil, é preciso de calma e essa matéria-prima é bastante escassa neste Brasil polarizado.

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