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Já entrou na Clubhouse? Enfim uma novidade interessante nas redes sociais

Há uma diferença crucial em relação ao WhatsApp: a discussão não pode ficar para depois

Clubhouse (Florian Gaertner/Photothek/Getty Images)
BG

Bibiana Guaraldi

Publicado em 8 de fevereiro de 2021 às 08h21.

Desde que Elon Musk divulgou a rede social Clubhouse na semana passada, milhares de pessoas passaram a prestar maior atenção neste aplicativo. Entre sábado e domingo, no entanto, o Brasil parece ter acordado para esta rede, criada em abril do ano passado e que funciona apenas com áudios.

A plataforma tem um parentesco próximo com o falecido Orkut – é preciso ser convidado por um membro atual ou ter seu pedido de adesão ser aceito por alguém que já utiliza a rede. Apesar dessa barreira de entrada, um volume considerável de pessoas resolveu experimentar o app nas últimas horas.

No último domingo, arrisquei entrar e explorar o que parecia ser a última demonstração da modernidade digital. Logo após fazer o download, vi que um amigo já havia me convidado a fazer parte dessa comunidade. Apanhei um pouco para entender como tudo funcionava e me encantei imediatamente. Existem grupos de discussão sobre inúmeros assuntos e há diferentes formas de configuração. Podemos criar debates organizados, nos quais um coordenador vai dar a palavra aos participantes, ou conversas entre amigos, daquelas caóticas, em que todos podem se manifestar ao mesmo tempo.

Há de tudo para se discutir, desde temas seríssimos à pura algazarra. Entrei em um grupo criado para saudar um amigo que entrara na rede. Topei virtualmente com outros dois grandes camaradas e emendamos uma rápida e divertida discussão sobre vinhos portugueses. Também me infiltrei em uma discussão sobre marketing e ouvi as opiniões de um executivo com o qual desfruto de amizade sobre a estratégia de sua empresa para 2021.

Tudo muito rápido, fácil e direto. Uma surpresa agradável, divertida e que possibilita acesso a conteúdos interessantes. Parece ser uma plataforma com certa liberdade, embora tenha visto dois grupos criados para protestar contra o cancelamento de alguém que havia sido supostamente expulso da comunidade.

Como o método de comunicação é a voz, tudo se passa instantaneamente. Os diálogos são às vezes superpostos, como em uma conversa ao vivo. Me diverti bastante, mas se tratava de um domingo. Tinha tempo sobrando e minha curiosidade (que não é pequena) como combustível para uma navegação sem fim. Resultado: fiquei ligado durante horas.

Talvez exista uma dificuldade para usar esse aplicativo nos dias de semana, quando todos precisam trabalhar. Há uma diferença crucial em relação ao WhatsApp: a discussão não pode ficar para depois. Um comentário é feito e precisa ser escutado naquela hora para que exista uma resposta. Caso contrário, é como falar com as paredes (neste caso, virtuais). Portanto, é necessário dedicar um certo tempo ao ingressar na Clubhouse. Esse pensamento estava ainda ribombando em meu cérebro quando vi o título de um grupo: “Preciso trabalhar amanhã e tenho Clubhouse.  Como fazer?”. Quando percebi a existência deste agrupamento, ele tinha 66 membros. Minutos depois, eram mais de duzentos, com direito à interação com duas celebridades.

Outro problema: o mecanismo de funcionamento pode gerar algumas indiscrições. Assim, ao entrar em um grupo, verifique se o microfone está aberto ou fechado. Um amigo, por exemplo, ingressou em uma discussão na qual havia um conjunto razoável de conhecidos. Deixou o celular de lado por alguns minutos e ficou conversando amenidades com sua esposa. Foi avisado por seus amigos que a conversa estava sendo acompanhada pelo grupo inteiro. Já imaginaram se o assunto em questão fosse indiscreto?

Um dos pontos controversos de redes como Facebook e WhatsApp é justamente a capacidade de se criar desentendimentos, uma vez que a comunicação é, em sua maioria, por texto. Quando se escreve alguma coisa, o tom de voz não acompanha as palavras impressas. Isso, muitas vezes, provoca desentendimentos. Outro ponto é que as pessoas brigam mais facilmente na linguagem escrita do que na falada. Como será o comportamento das pessoas mais agressivas nessa nova rede?

Fiquei surfando na Clubhouse por horas e não consegui presenciar, pelo menos nessa fase inicial, nenhum desentendimento sério. Será que a comunicação por áudio torna as pessoas mais comedidas e civilizadas? Aparentemente. Se essa tendência vingar, provavelmente teremos um caminho para debates mais elegantes e consistentes. A conferir.

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Desde que Elon Musk divulgou a rede social Clubhouse na semana passada, milhares de pessoas passaram a prestar maior atenção neste aplicativo. Entre sábado e domingo, no entanto, o Brasil parece ter acordado para esta rede, criada em abril do ano passado e que funciona apenas com áudios.

A plataforma tem um parentesco próximo com o falecido Orkut – é preciso ser convidado por um membro atual ou ter seu pedido de adesão ser aceito por alguém que já utiliza a rede. Apesar dessa barreira de entrada, um volume considerável de pessoas resolveu experimentar o app nas últimas horas.

No último domingo, arrisquei entrar e explorar o que parecia ser a última demonstração da modernidade digital. Logo após fazer o download, vi que um amigo já havia me convidado a fazer parte dessa comunidade. Apanhei um pouco para entender como tudo funcionava e me encantei imediatamente. Existem grupos de discussão sobre inúmeros assuntos e há diferentes formas de configuração. Podemos criar debates organizados, nos quais um coordenador vai dar a palavra aos participantes, ou conversas entre amigos, daquelas caóticas, em que todos podem se manifestar ao mesmo tempo.

Há de tudo para se discutir, desde temas seríssimos à pura algazarra. Entrei em um grupo criado para saudar um amigo que entrara na rede. Topei virtualmente com outros dois grandes camaradas e emendamos uma rápida e divertida discussão sobre vinhos portugueses. Também me infiltrei em uma discussão sobre marketing e ouvi as opiniões de um executivo com o qual desfruto de amizade sobre a estratégia de sua empresa para 2021.

Tudo muito rápido, fácil e direto. Uma surpresa agradável, divertida e que possibilita acesso a conteúdos interessantes. Parece ser uma plataforma com certa liberdade, embora tenha visto dois grupos criados para protestar contra o cancelamento de alguém que havia sido supostamente expulso da comunidade.

Como o método de comunicação é a voz, tudo se passa instantaneamente. Os diálogos são às vezes superpostos, como em uma conversa ao vivo. Me diverti bastante, mas se tratava de um domingo. Tinha tempo sobrando e minha curiosidade (que não é pequena) como combustível para uma navegação sem fim. Resultado: fiquei ligado durante horas.

Talvez exista uma dificuldade para usar esse aplicativo nos dias de semana, quando todos precisam trabalhar. Há uma diferença crucial em relação ao WhatsApp: a discussão não pode ficar para depois. Um comentário é feito e precisa ser escutado naquela hora para que exista uma resposta. Caso contrário, é como falar com as paredes (neste caso, virtuais). Portanto, é necessário dedicar um certo tempo ao ingressar na Clubhouse. Esse pensamento estava ainda ribombando em meu cérebro quando vi o título de um grupo: “Preciso trabalhar amanhã e tenho Clubhouse.  Como fazer?”. Quando percebi a existência deste agrupamento, ele tinha 66 membros. Minutos depois, eram mais de duzentos, com direito à interação com duas celebridades.

Outro problema: o mecanismo de funcionamento pode gerar algumas indiscrições. Assim, ao entrar em um grupo, verifique se o microfone está aberto ou fechado. Um amigo, por exemplo, ingressou em uma discussão na qual havia um conjunto razoável de conhecidos. Deixou o celular de lado por alguns minutos e ficou conversando amenidades com sua esposa. Foi avisado por seus amigos que a conversa estava sendo acompanhada pelo grupo inteiro. Já imaginaram se o assunto em questão fosse indiscreto?

Um dos pontos controversos de redes como Facebook e WhatsApp é justamente a capacidade de se criar desentendimentos, uma vez que a comunicação é, em sua maioria, por texto. Quando se escreve alguma coisa, o tom de voz não acompanha as palavras impressas. Isso, muitas vezes, provoca desentendimentos. Outro ponto é que as pessoas brigam mais facilmente na linguagem escrita do que na falada. Como será o comportamento das pessoas mais agressivas nessa nova rede?

Fiquei surfando na Clubhouse por horas e não consegui presenciar, pelo menos nessa fase inicial, nenhum desentendimento sério. Será que a comunicação por áudio torna as pessoas mais comedidas e civilizadas? Aparentemente. Se essa tendência vingar, provavelmente teremos um caminho para debates mais elegantes e consistentes. A conferir.

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