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Um guia para validar (ou descartar) ideias de startups

Nos primeiros passos da jornada empreendedora, o foco deve ser errar rápido, aprender rápido e seguir em frente

No mundo das startups, o mais importante não 
é a experiência prévia, 
e sim a capacidade de crescer e se adaptar rápido a novas situações (Richard Drury/Getty Images)

No mundo das startups, o mais importante não é a experiência prévia, e sim a capacidade de crescer e se adaptar rápido a novas situações (Richard Drury/Getty Images)

Publicado em 1 de março de 2025 às 06h00.

Para alguns empreendedores, as boas ideias de negócios surgem como em uma cena de filme. De repente, em um momento de inspiração. Para boa parte dos fundadores, no entanto, esse processo é mais complexo. Envolve muita pesquisa, análise e doses de pragmatismo. Esses empreendedores sabem que encontrar uma boa ideia de negócio, uma que valha o investimento de tempo e recurso para ser testada, já é uma vitória por si só.

Se você está nessa fase, a fase do "o que devemos construir?", este texto pode servir como um guia de bolso, um apanhado de dicas para você não só identificar boas ideias, mas transformá-las em negócios de sucesso.

Começo pelo que eu considero a sugestão mais relevante: tenha sempre à mão uma ferramenta simples, mas poderosa, para validar (ou descartar) ideias rapidamente: o conceito de Hypothesis Sheets, que Michael R. Bock, cofundador e CTO da startup Column Tax, apresentou em artigo publicado em janeiro deste ano.

A tal "Folha de Hipóteses" foi criada para validar ideias de negócios B2B, mas sei que ela pode ser útil também para quem deseja empreender com uma empresa B2C.

Isso porque o racional por trás da "Folha" é encarar a sua próxima startup como uma série de hipóteses. Desde “qual problema vamos resolver para o cliente?” até “será que alguém pagaria por isso”. O segredo, segundo Bock, está em testar as premissas de forma metódica e eficiente. Listar suas crenças sobre o cliente e o produto/serviço e provar (ou refutar) cada uma por meio de dados concretos, como testes de mercado.

Para sobreviver ao turbilhão de incertezas que é criar uma startup, outro passo fundamental, e que se conecta com o modelo apresentado por Bock, é ter conversas verdadeiras com o público-alvo do seu produto ou serviço. É possível extrair insights profundos dessas conversas a partir do que o seu interlocutor diz e também do que ele não diz. Um bate-papo sincero tem poder para transformar radicalmente a sua ideia inicial de negócio ou liquidá-la no ato.

É preciso ir preparado para esses encontros e estar aberto a ouvir, mais do que responder ou propor soluções. Gastar o tempo do outro com perguntas genéricas como “quais são seus problemas?” é extremamente improdutivo.

Tente ter boas conversas também com investidores e especialistas no setor que você deseja atuar. Essas trocas podem trazer insights valiosos e ajudar a refinar propostas de valor. Muitos empreendedores temem compartilhar suas ideias por medo de que elas sejam copiadas, mas a verdade é que a execução é o grande diferencial. Não vale a pena pular essa experiência tão favorável a novas ideias por medo.

Antes de fundar a Loft, por exemplo, Mate (Pencz) e eu passamos meses debruçados sobre o mercado imobiliário. Não éramos especialistas no setor, mas conversamos com muitas pessoas, e nossa experiência anterior com a Printi nos preparou para digitalizar mercados tradicionais. A identificação de oportunidades, muitas vezes, vem dessa interseção entre experiências pessoais e gaps do mercado.

Ainda não tem uma ideia madura o suficiente para ser testada? Está buscando inspiração? Esteja sempre atento a tendências de mercado. Esse também é um diferencial na busca por uma ideia de negócio promissora.

Algumas indústrias como fintechs, healthtechs e insurtechs oferecem oportunidades constantes para inovação. No entanto, é interessante lembrar que mercados emergentes também podem ser altamente lucrativos. Muitas startups de sucesso nascem justamente da antecipação de mudanças no comportamento do consumidor e da adoção de novas tecnologias.

Importante: ainda que a sua ideia tenha passado por outras etapas da validação, nunca esqueça de avaliar se o negócio tem um mercado endereçável suficientemente grande. É fundamental entender se a dor identificada é compartilhada por um público amplo o bastante para justificar a criação de uma empresa sustentável.

E nunca, nunca subestime a importância da execução. Uma ideia brilhante, sem um plano bem estruturado e uma equipe comprometida, dificilmente terá sucesso.

Nos primeiros passos da jornada empreendedora, o foco deve ser errar rápido, aprender rápido e seguir em frente. Afinal, ninguém quer ficar preso em uma ideia sem futuro.

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