Mudanças verdadeiras vem de dentro
As pessoas estão acusando o impacto do modo e ritmo de trabalho que caracterizam esta desafiadora “década de 20”
Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às, 17h13.
*Por Alejandro Pinedo
Consultórios cheios, venda de remédios psiquiátricos disparando, burnouts, breakdowns e êxodo de talentos cada vez mais frequentes. Sinais claros de que há algo muito errado acontecendo no mundo corporativo.
As pessoas estão acusando o impacto do modo e ritmo de trabalho que caracterizam esta desafiadora “década de 20”: adaptação contínua a ambientes complexos e em permanente mudança; inovações tecnológicas que aceleraram processos e exigem atualização constante; excesso de informação e desinformação que geram insegurança, ansiedade e a sensação de talvez estar perdendo algo importante; objetivos e metas de curto-prazo, executadas em sprints rápidos, ágeis e em modo beta; jornadas de trabalho intensas e, em muitos casos, remotas; necessidade de lidar com situações novas que emergem diariamente, num permanente não-saber…
Talvez algum dia processadores e algoritmos inteligentes consigam lidar bem com tudo isto, mas certamente atualmente as pessoas não estão conseguindo.
Não há pufes, donuts ou mesas de pebolim que consigam atenuar este mal-estar emocional, assim como não há gurus de autoajuda, coaches ou consultorias de negócios que consigam resolver o problema de fora para dentro, como se fosse um analgésico, por meio de abordagens comportamentais.
Embora as causas sejam externas, nosso adoecimento é interno e a solução virá de dentro para fora.
Individualmente, isto exige uma reflexão profunda e um olhar corajoso para nossas ‘estrelas’ internas, nossas crenças e intenções mais verdadeiras, para aquilo que nos move e estimula, nos assusta e limita. Tomar conhecimento, ainda que parcialmente sobre isto tem um grande efeito tranquilizador e orientador. Não é fácil, leva tempo, mas como vale a pena!
Nas empresas, a solução está no alinhamento de intenções e na qualidade das relações entre as pessoas, incluindo a capacidade de acessar e expressar de maneira sincera o que sentimos em grupo, com o grupo e sobre o grupo, no entendimento do que é dito e não dito (mas sentido), no empenho em trazer estes elementos à tona para que sejam pensados e permitam criar um ambiente de confiança. Um ambiente de confiança estimula a criatividade, inovação e o surgimento de soluções orgânicas, adaptativas e mais dinâmicas.
*Alejandro Pinedo tem mais de 25 anos de experiência no Brasil e no exterior, atuando como executivo em empresas líderes como Interbrand, Red Bull, Nike e Alpargatas. Suas áreas de especialização incluem gestão estratégica de negócios e marcas, desenvolvimento organizacional, sustentabilidade, marketing, comunicações e psicanálise.