Ciência

Vencedora do Nobel cria teste que detecta covid-19 em 5 minutos

O teste liderado por Jennifer Doudna, se comercializado com sucesso e tiver uma produção em larga escala, pode dar às pessoas resultados quase que imediatos

Jennifer Doudna: cientista ganhou o Nobel de Química na quarta-feira (UC Berkeley/Stephen McNally/Handout/Reuters)

Jennifer Doudna: cientista ganhou o Nobel de Química na quarta-feira (UC Berkeley/Stephen McNally/Handout/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 10 de outubro de 2020 às 09h19.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 16h37.

Uma das vencedoras do Nobel de Química, que aconteceu nesta quarta-feira, 7, Jennifer Doudna, é a líder de um time de pesquisadores da Universidade da Califórnia que desenvolveu um teste capaz de detectar o novo coronavírus em até cinco minutos. Os resultados do estudo ainda não passaram por revisão de pares.

O teste desenvolvido pelos cientistas, se for comercializado com sucesso e tiver uma produção em larga escala, pode dar às pessoas resultados quase que imediatos sobre a covid-19. Isso porque ele consegue detectar o vírus usando a câmera de um smartphone e um dispositivo portátil equipado com um laser de baixo custo e coletores ópticos, o que evita o uso dos equipamentos pesados utilizados em hospitais.

O teste em cinco minutos foi desenvolvido com base na técnica que rendeu à Doudna e a sua parceira, Emmanuelle Charpentier, o prêmio Nobel. A técnica de edição do código genético humano conhecida pela sigla, em inglês, CRISPR, que significa Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas, pode quebrar pequenos pedaços de DNA e posicioná-los em outra parte do código genético. 

Baseados no CRISPR, os testes funcionam ao identificar a sequência do RNA de um vírus que é único ao SARS-CoV-2, por exemplo, ao criar um RNA "guia" que complementa a sequência original e consegue prendê-lo a uma solução. Quando a guia é preso ao alvo, a ferramenta CRISPR corta as enzimas e as separa, o que faz com que uma partícula fluorescente seja liberada no teste. Se as luzes vermelhas do teste ligarem, isso significa que o indivíduo está infectado com o vírus.

Outros pesquisadores já haviam tentado usar a tecnologia em testes da covid-19, mas Doudna e sua equipe estão tentando encontrar uma forma de fazê-lo sem aumentar o gasto com os produtos e, consequentemente, o custo.

No estudo, os pesquisadores afirmam que, com um único RNA guia, conseguem detectar até 100 mil vírus por microlitro de solução --- quando um segundo guia é adicionado, o número de vírus detectado cai para 100 por microlitro.

Para os pesquisadores, o novo teste conseguiu identificar cinco casos positivos de covid-19 em um tempo perfeito de cinco minutos por teste, enquanto uma versão comum pode demorar até um dia para ter os resultados confirmados. Melanie Ott, virologista da universidade e uma das autoras do estudo, afirma que "isso ainda não é bom o suficiente em comparação com o teste convencional", que usa máquinas para encontrar as partículas virais por até um vírus por microlitro.

Apesar disso, o teste rápido de Doudna e Ott consegue identificar, também, quanto vírus o paciente tem em seu corpo --- o que pode ajudar médicos a encontrar os melhores tratamentos para suas condições.

Se tudo der certo, o teste pode ser uma boa opção para escolas, empresas e outros ambientes que pedem um resultado mais rápido. É torcer para dar certo.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEXAME-no-InstagramNobelPesquisas científicasPrêmio NobelQuímica (ciência)

Mais de Ciência

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus

Reino Unido testa remédios para perda de peso para combater desemprego

Nova variante do vírus da covid-19 é identificada em três estados