Ciência

Variante Ômicron 'infelizmente' irá chegar ao Brasil, diz Butantan

Dimas Covas afirmou ainda que estuda doar vacinas para países do continente africano

A Organização Mundial da Saúde apelidou a nova variante de Ômicron, da letra grega progressiva em relação às usadas nas variantes anteriores (Exame/Exame)

A Organização Mundial da Saúde apelidou a nova variante de Ômicron, da letra grega progressiva em relação às usadas nas variantes anteriores (Exame/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 28 de novembro de 2021 às 15h22.

Última atualização em 30 de novembro de 2021 às 20h54.

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que a nova variante da Covid-19 irá chegar ao Brasil, se ela já não estiver circulando dentro do país. Batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa B.1.1.529 foi identificada pela primeira vez na África do Sul e já se espalhou por pelo menos outros 3 continentes. Ela aparenta se espalhar relativamente mais rápido.

Resta saber se a nova variante se o Brasil irá conseguir conter a nova variante, disse Covas à 'Folha de S. Paulo'. Para o presidente do Butantan, medidas necessárias para conseguir isso são o controle de entrada nos aeroportos e quarentena dos que vieram da África do Sul. Covas disse ainda que estuda doar doses da Coronavac, vacina produzida pelo Butantan, para países da África.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse nessa sexta-feira que há possibilidades de circulação no Brasil da variante ômicron, detectada na África do Sul. Barra Torres afirmou, no entanto, que ainda não há registro oficial da nova cepa no país.

— Realmente a possibilidade existe, não temos como dizer que é zero chance de já estar no Brasil, que não é possível. A possibilidade de termos algum caso que não tenha sido identificado existe, é uma possibilidade, mas até o momento não existe — comentou o representante da Anvisa em entrevista à CNN.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, anunciou também nesta sexta-feira que o Brasil fechará as fronteiras aéreas para seis países da África, devido a nova variante do  coronavírus.

De acordo com Nogueira, a decisão foi tomada em conjunto com os ministros da Saúde, Justiça e Infraestrutura. A restrição começa na segunda-feira e vai atingir os passageiros vindos de África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

O primeiro caso confirmado da B.1.1.529 foi em um paciente testado no dia 9 de novembro, segundo informações da OMS. Desde então, o país identificou cerca de 100 casos da variante, principalmente em sua província mais populosa, Gauteng. Ainda não se sabe exatamente como ela surgiu. Uma das hipóteses, formulada por um cientista do UCL Genetics Institute em Londres, é que o novo coronavírus tenha evoluído durante uma infecção crônica de uma pessoa imunocomprometida, possivelmente em um paciente com HIV/AIDS não tratado. Acredita-se que outra variante de preocupação, a beta, identificada no ano passado também na África do Sul, pode ter vindo de uma pessoa infectada pelo HIV.

Essa variante apresenta 50 mutações no total. Isso é quase o dobro do número de mutações da Delta. Apenas na proteína spike, usada pelo vírus para invadir as células e que é alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19, são mais de 30. Evidências preliminares sugerem que ela aumenta o risco de reinfecção, é mais transmissível e menos suscetível às defesas geradas pelas vacinas.

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