Ciência

Vacinas mRNA seguem eficazes contra casos graves de covid mesmo após meses

Pesquisadores da Faculdade de Medicina Perelman acompanharam 61 pessoas durante seis meses após receberem vacinas mRNA – como a da Pfizer e Moderna

Pfizer: vacina é feita a partir da tecnologia mRNA (Eduardo Frazão/Exame)

Pfizer: vacina é feita a partir da tecnologia mRNA (Eduardo Frazão/Exame)

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Bloomberg

Publicado em 30 de agosto de 2021 às 17h37.

Última atualização em 30 de agosto de 2021 às 17h47.

Por Jason Gale, da Bloomberg

Os anticorpos contra o coronavírus diminuem com o tempo, mas o sistema imunológico tem uma carta na manga que dispensa doses de reforço da vacina, concluiu um estudo realizado por cientistas da Universidade da Pensilvânia, onde a tecnologia de imunização por mRNA foi desenvolvida.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina Perelman, ligada à universidade, acompanharam 61 pessoas durante seis meses após receberem vacinas mRNA. A equipe observou que os anticorpos diminuíram gradualmente, mas que as vacinas geraram memória imunológica durável contra a SARS-CoV-2 na forma de células B e T, que aumentaram ao longo do tempo e ajudam a impedir o agravamento da doença.

“Isso foi um pouco surpreendente”, disse John Wherry, diretor do departamento de imunologia e colega do pioneiro da tecnologia mRNA, Drew Weissman. A pesquisa foi divulgada em 23 de agosto para revisão por pares e publicação.

Nos primeiros países que inocularam a população contra a covid, temores de que as vacinas forneçam menor proteção contra a variante delta levaram autoridades de saúde a considerar aplicar a terceira dose para aumentar os níveis de anticorpos. Na sexta-feira, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que seu governo estuda oferecer dose adicional apenas cinco meses após a aplicação da segunda dose do imunizante.

Embora a terceira dose possa reforçar os anticorpos e permitir um melhor bloqueio da SARS-CoV-2 por mais tempo, o corpo tem seu próprio sistema para se defender da covid-19, mesmo quando os níveis de anticorpos circulantes diminuem, disse Wherry.

“Se os anticorpos diminuírem e você tiver uma pequena infecção, você terá células B de memória para renovar ou responder muito rapidamente com a produção de novos anticorpos neutralizantes”, explicou ele.

Anticorpos localizados nas mucosas que revestem o nariz e a garganta barram o coronavírus na porta de entrada, impedindo infecção. Mas, à medida que os anticorpos protetores desaparecem, aumenta a probabilidade de infecção – pelo menos até que novos anticorpos sejam acionados.

Combatendo variantes

A equipe de Wherry descobriu que as células B de memória geradas pelas vacinas mRNA – feitas por Moderna e Pfizer/BioNTech – são aparentemente melhores para bloquear as variantes alfa, beta e delta do que as produzidas em resposta a um caso leve de covid-19.

Além disso, foram detectados seis meses após a vacina altos níveis de células T, um glóbulo branco capaz de encontrar e matar células infectadas com o vírus, o que representa “uma armadura adicional para nos proteger”, disse Wherry.

Os resultados ajudam a explicar porque a vacina continua eficaz contra formas graves, internação e morte por covid-19 apesar do aumento de casos em pessoas imunizadas.

“Estamos vendo queda na eficácia quando se mede apenas se as pessoas são infectadas, mas observamos imunidade realmente estável quando medimos resultados para formas graves da doença”, disse Wherry. “Isso se encaixa na ideia de que os anticorpos circulantes protegem da infecção, mas as células B e T de memória – que talvez não eliminem a presença de alguns vírus no nariz – vão realmente prevenir um quadro severo.”

Os backups imunológicos também diminuem a duração dos sintomas da covid, evitam agravamento e reduzem a probabilidade de transmitir SARS-CoV-2 a outras pessoas, disse ele.

“As pessoas vacinadas realmente não estão alimentando o surto, os não vacinados estão fazendo isso”, disse Wherry. “Então, é mais uma razão para se vacinar.”

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