Ciência

Hong Kong testa reforço com Coronavac e Pfizer para ver sua eficácia

O ensaio envolve 84 pessoas que receberam duas doses da Coronavac e que não geraram uma resposta adequada de anticorpos. Os participantes recebem outra dose da vacina da Sinovac ou da BioNTech, para então serem comparadas

 (Valentyn Ogirenko/Reuters)

(Valentyn Ogirenko/Reuters)

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Laura Pancini

Publicado em 17 de setembro de 2021 às 16h00.

Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 16h14.

Hong Kong busca avaliar se pessoas que receberam a Coronavac, vacina da Sinovac Biotech contra a covid-19, estarão mais protegidas com uma dose de reforço do imunizante ou com a tecnologia de RNA mensageiro da vacina da BioNTech/Pfizer.

Há dúvidas sobre a eficácia da Coronavac, que foi a primeira a ser aplicada em Hong Kong a partir de fevereiro e responde por cerca de um terço dos imunizantes administrados na cidade. Como pesquisas recentes mostram que a proteção oferecida por todas as vacinas disponíveis diminui com o tempo, autoridades de Hong Kong decidiram estudar a importância de qual reforço foi usado.

O ensaio envolve 84 pessoas que receberam duas doses da Coronavac e que não geraram uma resposta adequada de anticorpos. Os participantes recebem outra dose da vacina da Sinovac ou da BioNTech, para então serem comparadas. As imunizações foram concluídas nesta semana, e os resultados devem estar disponíveis em um mês, disse David Hui, professor da Universidade Chinesa de Hong Kong que lidera um comitê de especialistas que assessora o governo.

Troca de vacinas

“Veremos qual delas tem um melhor efeito com o reforço”, disse Hui em entrevista à Bloomberg na quinta-feira. “Vamos fornecer esses dados ao governo para que possam examinar se devem mudar a plataforma das vacinas para aqueles que tomaram a Sinovac quando receberem o reforço.”

Um número crescente de países que apoiaram suas campanhas na Coronavac agora avalia doses de reforço com a propagação da variante delta, que é mais transmissível. Mais de 1,4 bilhão de doses da Coronavac foram administradas, sendo 350 milhões em mais de 50 países e regiões fora da China.

Estudos identificaram uma lacuna significativa no nível de anticorpos produzidos após a imunização com uma vacina de RNAm, como a desenvolvida pela BioNTech e sua parceira Pfizer, e imunizantes inativados como os da Sinovac e de outras empresas. Ainda assim, as vacinas estimulam outras partes do sistema imunológico, incluindo as chamadas células T que combatem infecções e oferecem proteção mais durável.

“Os níveis de anticorpos quase não são detectados após seis a oito meses por causa da limitação da plataforma da vacina inativada”, disse Hui. “A resposta das células T permanece, o que pode proteger as pessoas de casos graves e morte. No entanto, o nível de anticorpos é muito baixo e não pode protegê-las da infecção.”

Sem urgência

Conselheiros de saúde de Hong Kong afirmam que não há urgência em administrar doses de reforço aos cidadãos, já que nenhum surto foi registrado nos últimos três meses. A decisão vai contra a política de muitas outras grandes economias, incluindo a China, que planeja começar a aplicar doses de reforço neste mês em pessoas com alto risco de contrair covid-19.

A queda de anticorpos não é exclusiva da Coronavac. Recentemente, a Pfizer enviou dados a reguladores dos Estados Unidos mostrando que a eficácia de sua vacina também diminuiu com o tempo, pois pessoas imunizadas meses antes tinham maior probabilidade de desenvolver infecções do que as que foram vacinadas mais recentemente. Doses de reforço, disse a empresa, impediram com segurança a transmissão e o desenvolvimento de variantes.

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