Biópsia líquida: amostra de sangue fornece ao médico informações necessárias para tratamento personalizado (Michael Melchiorre/Getty Images)
Acaba de chegar ao Brasil uma biópsia líquida capaz de identificar 324 genes relacionados a tumores sólidos com uma simples coleta de sangue, que pode ser feita em casa ou no laboratório. Recém-aprovado pela FDA (agência reguladora americana), o FoundationOne® Liquid CDx foi desenvolvido pela Roche Foundation Medicine e possibilita a análise e o mapeamento das características moleculares do tumor, auxiliando o médico na definição do melhor caminho clínico, sem que o paciente tenha de ser submetido a biópsias de tecido adicionais.
“Muitas vezes o material colhido na primeira biópsia tradicional para saber se o paciente tem ou não um tumor maligno é insuficiente para uma análise detalhada”, explica o oncologista William William, diretor médico de oncologia e hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Com a biópsia líquida, segundo ele, não é mais necessário retirar um pedaço do tumor e submetê-lo à análise em laboratório. “Basta identificar o material genético liberado pelo tumor na corrente sanguínea para ter em mãos as melhores diretrizes de tratamento.”
O avanço corresponde a uma nova ferramenta da medicina personalizada que leva em conta características moleculares do tumor, independentemente de sua localização no corpo, e do paciente para que ele seja tratado de maneira individualizada com a terapia mais adequada.
Por meio da biópsia líquida, o médico não só tem em mãos um relatório com as alterações e mutações do tumor como também tem acesso a uma lista das terapias que mostram benefício cientificamente comprovado em determinada alteração, aumentando a chance de um tratamento bem-sucedido. Isso é possível graças ao banco de dados, que conta com resultados de mais de 400.000 pacientes, juntamente com uma potente plataforma analítica.
Essa quantidade e profundidade de informações permitem que seja elaborado um relatório claro e detalhado, oferecendo à equipe médica insumos para decidir a melhor opção terapêutica em toda a jornada do paciente. “A biópsia líquida não serve para dizer se o paciente tem ou não câncer, mas, sim, para mostrar qual será a opção terapêutica mais assertiva”, explica William. “É um grande avanço.”