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Quando a pandemia faz vibrar o mercado de "sex-toys"

Na contramão de outros setores, as marcas de brinquedos eróticos estão alcançando o feito de maximizar as vendas desde meados do ano passado

Comportamento: o isolamento social está desestigmatizando esses objetos.  (DEL PERAL/AFP)

Comportamento: o isolamento social está desestigmatizando esses objetos. (DEL PERAL/AFP)

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Matheus Doliveira

Publicado em 3 de fevereiro de 2021 às 11h00.

Última atualização em 5 de abril de 2021 às 15h11.

Muitos o tinham em mente, sem ousar dar o passo. Mas o distanciamento social imposto pela pandemia mudou as coisas e fez as vendas de brinquedos sexuais dispararem, integrando-se naturalmente à vida íntima de solteiros e casais.

Paris, Sydney, Berlim, Tóquio... Milhões de pessoas compraram pelo menos um "sex-toy" desde o início da pandemia de covid-19, de acordo com as marcas consultadas pela AFP.

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Sofía *, uma solteira de 29 anos, decidiu pela primeira vez adquirir um com o confinamento de março de 2020 na França, apesar de seus "preconceitos" e "barreiras psicológicas".

"Sabia que era uma boa hora, que estávamos entrando em um período louco em que eu iria cortar todos os laços sociais e amorosos. Agora acho que comprar um vibrador é uma coisa normal", disse à AFP.

"Foi o nosso investimento do ano!", contou Ariane *, que vive em casal. Como Sofia, esta mulher de 33 anos "não teria comprado um sex-toy se a covid não tivesse existido". Mas o desejo por "novas descobertas" venceu sua relutância.

- "Bem-estar sexual" -

O grupo berlinense Wow, que comercializa sete marcas, teve um ano excepcional, especialmente graças ao seu popular "Womanizer", um estimulador do clitóris, cujas vendas triplicaram no ano passado, atingindo mais de 4 milhões de unidades desde o seu lançamento.

O mesmo acontece com a marca do mesmo grupo "We Vibe", que vende brinquedos sexuais conectados para casais. Suas vendas aumentaram 40% em um ano.

O mercado europeu da marca sueca LELO cresceu 10% apesar do fechamento de suas lojas, segundo seu chefe na França, Quentin Bentz.

Para Christophe Manceau, diretor da divisão de mídia do gabinete Kantar, autor em 2018 de uma reportagem sobre o mercado do sexo, esses números são explicados sobretudo pela "invasão da pornografia na sociedade" nos últimos anos.

De acordo com seu estudo, o mercado do sexo está avaliado em 50 bilhões de dólares, dos quais metade equivaleria apenas aos brinquedos sexuais.

"A sociedade ocidental entrou na era da banalização do bem-estar sexual. Agora, comprar um 'sex-toy' não é mais tabu, pelo contrário", analisa.

- "Lúdico e trivial"   -

"Os sex-toys se democratizaram completamente", confirma a historiadora da sexualidade Virginie Girod. "Há vários anos, não é mais percebido como algo de que se envergonhar, mas como um objeto lúdico e trivial".

Uma "democratização" que se deve sobretudo ao fato de já ser possível falar abertamente do prazer feminino, graças à mobilização do público e das celebridades.

É o caso da cantora britânica Lily Allen, imagem de uma marca de brinquedos sexuais femininos, e da atriz Emma Watson, que promove um site que enaltece a masturbação feminina.

Ao mesmo tempo, as empresas começaram a repensar esses objetos: adeus às formas fálicas e pouco ergonômicas. Agora o sex-toy pode ser colorido, conectado, quase como um objeto de decoração, como o da novíssima marca Biird, que também funciona como abajur de cabeceira.

O objetivo comercial é claro: atrair um público de "comprador de primeira viagem".

Patrick Pruvot, fundador de várias 'sex shops' na França, corrobora que nos últimos meses vendeu principalmente para novos clientes: mulheres e homens, entre 20 e 60 anos.

* Os nomes foram alterados.

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