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Prédio do Hotel Faena será marco no skyline de São Paulo, diz arquiteto responsável pelo projeto

Parte do conceito do projeto é criar um um verdadeiro jardim suspenso em todas as varandas com quase 5 quilômetros

Da esquerda para a direita: Brandon Haw, Zohreh Ahmad, Peter Mikic. (Divulgação/Divulgação)

Da esquerda para a direita: Brandon Haw, Zohreh Ahmad, Peter Mikic. (Divulgação/Divulgação)

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Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 4 de março de 2024 às 16h30.

Última atualização em 4 de março de 2024 às 18h48.

A construção em si ainda nem começou, mas o novo hotel de luxo Faena São Paulo já criou um verdadeiro burburinho no mercado. Em uma área de 20.000 metros quadrados em um dos pontos mais cobiçados do país – a poucos metros da Avenida Faria Lima – o edifício, com duas torres, promete ser um ponto de referência para a maior cidade do país. É o que acredita Brandon Haw, arquiteto responsável pelo projeto ao lado de Zohreh Ahmad e Peter Mikic.

"O prédio vai deixar um legado regenerativo, de ser o primeiro na área com este conceito, criando um Oásis, que deve ter seguido por outros projetos daqui pra frente", diz Haw em entrevista exclusiva à EXAME Casual. Parte do conceito do projeto é criar um um verdadeiro jardim suspenso em todas as varandas que somados terão quase 5 quilômetros. 

No Brasil, o projeto é tocado pela construtora Even. Essa será a terceira unidade do Faena no mundo e se soma aos outros dois endereços, um em Buenos Aires e o segundo em Miami. Seguindo o modelo de outros empreendimentos de luxo ao redor do mundo, o espaço terá hotel e residência. Serão duas torres de 155 metros de altura, mais de 100 apartamentos que variam entre 286 até 1.024 metros quadrados e 100 quartos de hotel, que terão a gestão do grupo francês Accor.

Haverá também um complexo destinado à arte, além de um restaurante grifado assinado por ninguém mais ninguém menos que Francis Mallmann, um dos principais nomes da gastronomia mundial.

O potencial de vendas de todo o empreendimento gira em torno de R$ 3 bilhões, e o metro quadrado deve custar ao em torno de R$ 60.000 (o preço ainda não está fechado). O projeto arquitetônico está em desenvolvimento há cerca de dois anos, e ainda faltam alguns detalhes. O tempo leva em conta todo o luxo e nível de excelência que a estrutura promete ter.

Mesmo que haja algumas informações guardadas a sete chaves, Haw revelou alguns pontos do projeto que promete deixar um legado para a cidade de São Paulo. Veja os principais trechos da entrevista. 

Qual é o conceito principal do projeto arquitetônico do Faena em São Paulo?

Eu sou de Londres originalmente. Lá não tem tanto sol e, por isso, é muito importante pensar na iluminação. Meu primeiro ponto é entender o país, entender a cultura, entender o ambiente social. Outro ponto que sempre nos chamou a atenção no Brasil, que pode ser completamente normal para você todos os dias, assim como a chuva pode ser para mim em Londres, é a vegetação. Quero dizer, a vegetação é incrível nesta cidade, e é um ambiente urbano, e ainda assim a vegetação permeia por toda parte. É lindo. Quando trabalhamos internacionalmente, sempre tentamos entender algo do país, algo da cidade, algo da cultura, onde quer que estejamos trabalhando.

A arquitetura brasileira teve influência quando você estava concebendo todo o projeto?

Trabalhar com o arquiteto local, com o Gui Mattos, foi uma experiência enriquecedora, especialmente considerando a rica tradição da arquitetura brasileira. Ao longo dos anos, temos visto grandes arquitetos brasileiros como Affonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer e outros deixarem sua marca no cenário arquitetônico. Incorporamos influências da arquitetura brasileira em nosso trabalho, especialmente ao considerar a utilização do concreto, que é uma característica distintiva da arquitetura moderna brasileira.

Você mencionou o método construtivo brasileiro ser diferente do que é usado em outros países. Qual foi o principal desafio deste projeto?

O principal desafio deste projeto reside na compreensão dos diferentes tipos de construção e nas especificidades do contexto brasileiro em comparação com outros lugares. Há uma série de desafios a serem considerados, mas eu destacaria três principais. Primeiro, a necessidade de adaptar as técnicas de construção ao ambiente brasileiro, levando em conta fatores como clima, materiais disponíveis e práticas locais. Em segundo lugar, a complexidade de trabalhar com um arquiteto estrangeiro e garantir uma comunicação eficaz para alcançar os objetivos do projeto. E, por fim, o desafio de integrar elementos de sustentabilidade de forma eficaz, considerando as demandas específicas do mercado brasileiro e o orçamento de todo o projeto.

Qual a importância da sustentabilidade neste projeto e como ela foi incorporada ao design?

A sustentabilidade desempenha um papel fundamental neste projeto, refletindo nosso compromisso em criar espaços que sejam ambientalmente responsáveis e socialmente conscientes. No processo de design e construção, buscamos incorporar práticas sustentáveis em todas as etapas, desde a escolha de materiais de construção até a implementação de soluções passivas de design para minimizar o impacto ambiental do prédio. Isso inclui a integração de elementos como sombreamento eficiente, uso de materiais locais e métodos de construção sustentável sempre que possível.

Arquitetura muitas vezes é sobre legado. Há inúmeras construções que se tornaram símbolo de cidades, e de países. Qual o legado que você acredita que o Faena vai deixa para São Paulo?

É muito incrível ter uma área tão grande e muito bem localizada, e a capacidade de criar um verdadeiro jardim, que faz parte da vida e da alma da experiência do Faena, tanto em Buenos Aires quanto em Miami, é única. Regenerar áreas que ainda não tiveram intervenção faz parte do DNA do que o Faena faz, atraindo as pessoas para um local por meio da arte, dando vida ao hotel. Eu acho que é o legado regenerativo, de ser o primeiro na área com este conceito, criando um Oásis, que deve ter seguido por outros projetos daqui pra frente.

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