Cerca de 45% dos trabalhadores não conseguem economizar, segundo pesquisa Global de Atitudes sobre Benefícios 2024 (SpicyTruffel/Divulgação)
Repórter
Publicado em 2 de novembro de 2024 às 11h07.
Um terço dos empregados tem problemas de saúde física, 45% dos trabalhadores não conseguem economizar e 43% dos empregados relatam sintomas de ansiedade ou depressão. Esses são dados da Pesquisa Global de Atitudes sobre Benefícios 2024, consultoria WTW (anteriormente conhecida como Willis Towers Watson), que traz um panorama alarmante sobre o bem-estar dos trabalhadores no mundo e no Brasil considerando os três pilares da saúde (física, mental e financeiro).
O estudo foi realizado entre janeiro e março de 2024, com uma amostra de 45.000 respostas globais e um foco específico de 1.000 empregados no Brasil, todos trabalhando em empresas de médio a grande porte no setor privado. Os participantes responderam a um questionário digital sobre saúde física, mental e financeira. Cada uma das três dimensões foi estudada separadamente, com perguntas específicas para entender os impactos e desafios que afetam diretamente cada área do bem-estar dos trabalhadores.
"Ao entender estas necessidades, as empresas podem identificar os principais gaps entre a sua estratégia de benefícios e suas reais necessidades dos empregados", afirma Leticia Santos, gerente sênior da consultoria health & benefits Brasil da WTW.
No campo financeiro, uma constatação preocupante é que quase metade dos empregados ainda vive de salário em salário.
“Isso significa que quase metade dos trabalhadores não consegue poupar ou construir uma reserva financeira e depende exclusivamente do próximo pagamento para cobrir suas despesas mensais, o que desencadear um problema de saúde mental”, afirma Santos.
Essa realidade causa não apenas dificuldades econômicas, mas também interfere nas decisões de consumo, acesso à saúde e na própria saúde mental dos trabalhadores. Segundo o estudo, quase 58% dos empregados relataram que as preocupações com dinheiro afetam negativamente seu bem-estar.
O que consome também impacta o bolso e a saúde dos funcionários: segundo o estudo, 35% dos empregados relataram que a preocupação com as finanças afeta suas escolhas de consumo, como a compra de alimentos saudáveis, e outros 35% já adiaram consultas médicas devido a restrições financeiras.
Já na dimensão física, os dados indicam que 33% dos trabalhadores enfrentam problemas de saúde, como diabetes e pressão alta, o que consequentemente impactam na produtividade e presença do funcionário no trabalho.
Aqueles com saúde debilitada relatam mais ausências no trabalho e uma maior incidência de esgotamento. Segundo o relatório, empregados com condições crônicas ou debilitados são os que apresentam menor engajamento no trabalho e maiores taxas de presenteísmo e absenteísmo.
"O problema com a saúde física pode estar presente em vários âmbitos como saúde mental, problemas físicos, doenças crônicas, falta de bem-estar geral, entre outros. É fundamental que as empresas identifiquem quais os pontos de atenção e desenvolvam programas adequados para o bem-estar geral dos funcionários", afirma Santos.
A pesquisa também aponta que 17% dos empregados gostariam que o empregador oferecesse apoio em forma de acesso a tecnologias e ferramentas para monitorar a saúde, além de tempo adicional para cuidar de problemas pessoais.
A questão do bem-estar emocional também é crítica e se intensificou após a pandemia. Cerca de 43% dos empregados relatam sintomas de ansiedade ou depressão, sendo que os mais jovens e os de menor renda são os mais afetados.
O estudo também evidencia que o suporte oferecido pelo empregador faz diferença. Os empregados com acesso a programas de apoio mental são menos propensos a abandonar o tratamento ou a enfrentar a situação sozinhos.
A pesquisa reforça a necessidade de uma visão integrada de benefícios nas empresas, abrangendo suporte financeiro, físico e emocional, com o objetivo de construir um ambiente de trabalho sustentável e saudável.
"No pilar financeiro, as empresas podem apostar em programas de educação financeira, como workshops e webinars, e incentivar os funcionários aderir ao plano de previdência. Na área da saúde física, podem aparecer programas de atividade física com acesso no local ou por meio de subsídios externos, além de orientação com nutricionista", diz Santos.
Quando o assunto é saúde mental, a aposta das empresas podem ir além dos benefícios no escritório, afirma Santos. "Neste caso, programas de gerenciamento de estresse que podem ser feitos dentro ou fora do escritório e acesso a serviços de apoio psicológico, como a terapia, podem ser ótimas apostas para garantir a saúde emocional do time".