Manuela Blatt, fundadora da “Brazil with an S”: “Foi uma maneira de eu me reconectar com o Brasil e fazer a diferença, afinal, apenas 1% dos brasileiros falam fluente o idioma” (Manuela Blatt/Divulgação)
Repórter
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 10h25.
Última atualização em 5 de novembro de 2024 às 10h26.
Em meio à comunidade vibrante de brasileiros que vivem na Flórida, Estados Unidos, uma jovem carioca buscou inovar. Manuela Blatt, de 18 anos, foi morar no país norte-americano há dois anos com seus pais e transformou a saudade do Brasil em um projeto que já impactou centenas de vidas. Em 2022, Blatt teve a ideia de criar a “Brazil with an S”, uma rede de ensino de inglês on-line e voluntária voltada para alunos da rede pública no Brasil.
A ideia surgiu durante um jantar com seus pais sobre o privilégio de estudar fora do Brasil e as dificuldades enfrentadas por muitos jovens brasileiros que não têm as mesmas oportunidades de aprender o inglês. Movida por esse sentimento, Blatt compartilhou a ideia com amigos e conhecidos para oferecer aulas de inglês de forma acessível e gratuita.
“Foi uma maneira de eu me reconectar com o Brasil e fazer a diferença, afinal, apenas 1% dos brasileiros falam fluente o idioma”, conta.
O nome do projeto é simbólico: reflete a forma como o Brasil é escrito em português, com “S” ao invés do “Z” utilizado em inglês. “Esse projeto me ajudou a também a me conectar com a minha origem. Sentia falta do jeito caloroso dos brasileiros”.
O projeto começou com apoio da diretora de uma escola pública no Rio de Janeiro. Cerca de 50 alunos da Escola Municipal Celestino da Silva fizeram a primeira turma, que tiveram as primeiras aulas online com os amigos de Blatt nos Estados Unidos, que também foram os primeiros voluntários. A rede não demorou muito para se expandir por meio do Instagram, alcançando novos alunos e professores. “A rede atraiu voluntários não só dos Estados Unidos, mas também de locais como Bali, Doha, Londres e de várias cidades do Brasil.”
Desde sua fundação, a “Brazil with an S” já contou com 70 professores voluntários e mais de 500 inscrições. Atualmente, 165 alunos participam ativamente das aulas, enquanto outros 167 aguardam na fila de espera. “Nossa demanda cresceu rapidamente e agora temos ajuda de duas pessoas para gerenciar as atividades e as redes sociais”, afirma Blatt.
As aulas, que duram cerca de 45 minutos, são adaptadas para atender às necessidades dos alunos, com foco na conversação e na criação de um ambiente de aprendizado descontraído e envolvente. “Queremos que as aulas sejam um espaço de troca e aprendizado leve”, diz Blatt que diz que hoje há alunos acima dos 18 anos também.
Agora, Manuela planeja expandir ainda mais a iniciativa, buscando doações para criar um fundo que ajude alunos com dificuldades de acesso à internet e, eventualmente, remunerar professores universitários que iniciam suas carreiras. “As aulas continuarão gratuitas para os alunos, mas queremos garantir que todos tenham as condições de participar plenamente”, afirma.
Com planos de estudar administração de empresas em uma universidade americana, Blatt irá terminar o high school este ano e já demonstra uma habilidade natural para gestão e inovação. “Sempre me interessei por empreendedorismo e quero continuar desenvolvendo essa vocação e como foi bom ter começado com esse projeto social”.