A síndrome do impostor pode originar-se de uma combinação de fatores familiares, educacionais e pessoais (Narisara Nami/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 11 de junho de 2024 às 11h44.
Por Milena Brentan, Psicóloga, Executiva de RH, fundadora da MB People para desenvolvimento de liderança
Outro dia, atendi duas novas clientes com a mesma queixa: ambas (que não se conhecem) se autodiagnosticaram com síndrome do impostor e se sentem reféns dela. Esta síndrome é um fenômeno psicológico em que pessoas capazes e bem-sucedidas duvidam de suas habilidades e temem ser desmascaradas como fraudes, o que pode levar a comportamentos prejudiciais como procrastinação, perfeccionismo excessivo ou a evitação de assumir novos desafios. Era exatamente este o caso das minhas clientes: enquanto uma procrastina até o último momento, a outra não consegue se movimentar para seu próximo desafio e é refém de um ambiente altamente tóxico. Não preciso dizer o que acontece com a saúde mental nestes casos, certo? Vai para o espaço.
A síndrome do impostor pode originar-se de uma combinação de fatores familiares, educacionais e pessoais. Esses fatores são agravados por traços de personalidade como o perfeccionismo e por ambientes altamente competitivos, onde as expectativas e comparações constantes podem intensificar esses sentimentos. Transições importantes, como novas responsabilidades no trabalho ou promoções, também podem desencadear esse fenômeno, principalmente se a pessoa se sentir despreparada para o novo papel. Reconhecer essas origens no seu caso pode ser um grande diferencial para entender e superar a síndrome do impostor.
Mas para mim, o grande problema da síndrome é mesmo a tal da "profecia autorrealizadora". Ou seja: "se eu acredito muito nesta crença de que não sou bom o suficiente, começo a me comportar (ou me limitar) conforme esta crença e acabo não conseguindo o que acho que deveria conseguir". A partir daí, é um círculo vicioso mesmo.
Superar quaisquer síndromes demanda autoconhecimento, esforço intencional e vontade de fazer diferente. Portanto, a jornada para superar a síndrome do impostor é, sem dúvida, desafiadora, mas também é repleta de oportunidades para o crescimento pessoal e profissional. Diante disso, questione-se: você vai se conformar com a procrastinação e com as limitações ou vai se arriscar a alcançar todas as suas possibilidades?