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Meta da JBS de zerar emissões é emblemática para o setor e para o mundo

Maior empresa de proteína animal do planeta anunciou compromisso de Net Zero até 2040, dez anos antes do prazo estipulado pela ONU

JBS | Foto: Ueslei Marcelino/Reuters (Ueslei Marcelino/Reuters)

JBS | Foto: Ueslei Marcelino/Reuters (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 24 de março de 2021 às 17h48.

Última atualização em 24 de março de 2021 às 18h23.

O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, dará às 6h de amanhã (horário de Brasília), na Cúpula Global da Iniciativa de Governança Climática, mais detalhes do compromisso da empresa de se tornar Net Zero em gases de efeito estufa (GEE) até 2040.

O compromisso é emblemático porque a JBS é a primeira empresa global de proteína animal a estabelecer uma meta de zerar o saldo de emissões.

Em setores distintos, outras companhias já estabeleceram objetivos semelhantes. E outras devem embarcar logo mais, graças à avalanche de ESG que tomou o mundo de um tempo para cá. Mas convenhamos que é muito menos complicado para um gigante de tecnologia ou de varejo firmar um compromisso desses do que para quem mexe com gado.

É emblemático também porque a JBS, ao mirar em 2040, antecipou em dez anos a meta definida pela ONU de cortar pela metade as emissões de carbono até 2030 e zerá-las até 2050, como forma de impedir que o planeta entre em ebulição. A maior gestora do mundo, a BlackRock, também está pressionando as empresas nas quais investe para que deem cabo dos GEE até 2050.

Já escrevi neste espaço quanto é difícil a missão de reduzir emissões. Ainda mais quando, a exemplo da JBS, a meta engloba o chamado escopo 1 (emissões das suas próprias operações), o escopo 2 (da compra de energia) e o escopo 3 (de toda a cadeia).

Para chegar lá, a segunda maior empresa de alimentos do mundo traçou um plano estratégico parrudo e abrirá o cofre. A JBS investirá 1 bilhão de dólares nos próximos dez anos em soluções inovadoras que ajudem a reduzir emissões. Outros 100 milhões de dólares irão para pesquisa e desenvolvimento de práticas agrícolas regenerativas, sequestro de carbono do solo e tecnologia para fazendas de fornecedores.

Há ainda investimentos em energia (toda a matriz da empresa será renovável até 2040) e na rastreabilidade da cadeia, incluindo os fornecedores de seus fornecedores, para atingir a meta de ter 100% da produção animal livre de desmatamento na Amazônia até 2025 e nos demais biomas brasileiros até 2030 e com zero desmatamento em toda a sua cadeia de fornecimento global até 2035.

Um time de notáveis, entre acadêmicos e outros consultores, acompanhará tudo de perto. E a remuneração variável dos executivos da empresa será atrelada a metas de mudanças climáticas. O passo a passo para alcançar o Net Zero até 2040 será detalhado nos próximos dois anos, com medidas concretas em cada local do mundo em que a empresa atua.

Cumprir esse compromisso também será emblemático, não apenas para a JBS, mas para todas as companhias que já estipularam metas ousadas e as que ainda vão estipular. E a firmeza neste propósito contará muito para a reputação de todas elas e ainda mais para a possibilidade de todos nós termos um planeta habitável nos próximos 20 ou 30 anos.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação.

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